o homem deve criar um modo de regular as relações entre eles se aproximando de uma justiça possível e impedindo abusos perversos
 -  (crédito: PIXABAY/REPRODUÇÃO)

o homem deve criar um modo de regular as relações entre eles se aproximando de uma justiça possível e impedindo abusos perversos

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De acordo com Freud em 1930, o alto nível cultural pode ser avaliado quando se cultiva adequadamente e se providencia da exploração da Terra o necessário para a sobrevivência e proteção do homem.


Sigo com Freud, quando rios que inundam as terras têm seus cursos regulados, e suas águas conduzidas por canais até os lugares que delas necessitam. O solo é cuidadosamente trabalhado e plantado com a vegetação que lhe for apropriada, os tesouros minerais das profundezas são extraídos com diligência (sem esgotar recursos) e usados na fabricação dos instrumentos e aparelhos necessários.

 

Os meios de transporte abundantes, rápidos e confiáveis, os animais selvagens e perigosos exterminados, (eu diria no seu habitat), prosperando a criação daqueles domesticados.

 

 


Mais algumas coisas são requeridas da civilização que não são apenas úteis e podem ser consideradas inúteis. Por exemplo: as flores, os adornos das ruas, das sacadas, que nos acrescentam a beleza. Também amamos arte. A limpeza e a ordem ocupam lugares especiais entre as exigências culturais, pois a sujeira é inconciliável com a civilidade.


E ainda o homem deve criar um modo de regular as relações entre eles se aproximando de uma justiça possível, impedindo exploração do mais forte sobre o mais fraco ou outros abusos perversos que fazem parte do nosso cotidiano, como a violência, os furtos, roubos, feminicídios, corrupção e danos a outrem de forma ampla.

 


Em seus textos sociais, Freud dá diretrizes para um mundo melhor em que ideais comuns sejam defendidos por todos pelo nosso próprio bem. A questão é que estamos ainda em 2024, bem distantes de cumprir estas metas civilizadas.


O real sempre impõe sua face incontornável. Tropeçamos em dificuldades de diversas naturezas e por vários motivos. Uma cultura ideal é um anseio, uma bela ilusão, assim como a visão de um paraíso. Os homens em sua hostilidade contra as restrições à liberdade total nem sempre acatam limites ou entendem que sua participação é imprescindível para pelo menos flertar de longe com um ideal coletivo.


Os ideais são boas ideias, mas estão na cabeça e não na realidade. No caminho, tropeçamos mesmo é em pedras, como no poema de Drummond. A agressividade é a reação primeira da criança ao perceber que existe outro: o “eu” é bom; o outro, não. Hostilidade infantil a ser superada, mas como disse Freud todo neurótico reage de maneira infantilizada.


Alguns me perguntariam: quem são os neuróticos? E eu responderia: todos nós considerados normais! A neurose é o modo sintomático de cada um se virar com o real.


A agressividade humana foi descrita em textos maravilhosos por Freud, um pacifista. Judeu, obrigado a fugir de Viena por causa do nazismo, depois de a filha ser presa pela Gestapo. Até hoje sofremos com as inaceitáveis guerras, de Gaza, da Ucrânia, um espetáculo do horror injusto e indesejável.


Aqui, pertinho de nós, sofremos também com a miséria aumentando, roubos e assaltos no cotidiano. E por muito menos! Pela incivilidade do corte de árvores e iniciativas para querer mudar a gestão da Sala Minas Gerais, nossa maravilhosa sala de concertos da Filarmônica. Atos praticados de falta total de valor e respeito à cultura que vêm justo de autoridades, governador e prefeito, que deveriam proteger e preservar nosso patrimônio. Daí vem o ataque! Quem nos protegerá senão nós próprios? Parabéns Beagá! Por se unir e vencer esta parada.