Jhonata Emerick, CEO da Datarisk
 -  (crédito: Paulo Liebert)

Jhonata Emerick, CEO da Datarisk

crédito: Paulo Liebert

A Inteligência Artificial (IA) foi um dos temas de maior destaque em 2023 e deve seguir em evidência, afinal a tecnologia avança a passos largos e traz uma série de mudanças em nossa sociedade. Ao mesmo tempo, também surgem questionamentos como: Seremos substituídos por robôs? Quais os limites éticos e avanços tecnológicos que estamos presenciando? As máquinas podem se tornar uma ameaça para a humanidade?



Em entrevista EXCLUSIVA para o Estado de Minas, Jhonata Emerick, CEO da Datarisk, uma das empresas brasileiras mais conceituadas em modelos preditivos para análises de dados, falou comigo sobre o mercado de inovação e perspectivas para os próximos anos. Ele é autor do “Joio do Trigo”, uma newsletter semanal gratuita que traz os conceitos do universo da IA de maneira didática e atualizada.

 

 

Confira a minha entrevista com Jhonata, que também é doutor em inteligência artificial pela USP e autor do livro “Econometrics with Eviews - Um guia essencial para conceitos e aplicações”.

 

Qual o real impacto da IA para o futuro do trabalho? Como as pessoas podem se reinventar neste sentido?

 

Jhonata Emerick: Ferramentas e tecnologias devem impactar o aumento da produtividade das pessoas. No entanto, com seu amadurecimento, é inevitável que algumas profissões que conhecemos hoje deixem de existir, ao mesmo tempo em que várias outras, ainda inimagináveis, surjam. Um dos grandes desafios nos próximos anos será a requalificação de profissionais neste novo cenário, no qual o governo desempenha um papel importante e precisa liderar essas discussões.

 

Como isso deve acontecer na prática?

 

Jhonata Emerick: A inteligência colaborativa entre humanos e IA maximiza a sinergia de habilidades complementares como liderança, o trabalho em equipe, a criatividade e as competências sociais aliadas à rapidez, escalabilidade e capacidades analíticas. O que seres humanos fazem com naturalidade pode ser complexo ou impossível para as máquinas, e o que é simples para as máquinas (analisar gigabytes de dados) pode parecer impossível para os seres humanos. Tanto a filantropia quanto os negócios e a sociedade se beneficiam desta “inteligência colaborativa”.

 

Quais os limites éticos e de privacidade dos dados com o avanço da tecnologia?

 

Jhonata Emerick: Ferramentas como o ChatGPT permitem que os usuários, por meio de uma interface simples e intuitiva, se conectem a modernas ferramentas de IA. Esse movimento tem permitido que a sociedade perceba, de forma fácil, o poder da inteligência artificial, aumentando a pressão em relação aos dilemas e desafios éticos envolvidos e que afetam a sociedade.

 

Quais cuidados a sociedade, empresas e governo devem ter?

 

Jhonata Emerick: Existem dados públicos que, com o devido consentimento para estar em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), podem ser correlacionados e gerar muitos insights para a tomada de decisões. Uma empresa muitas vezes pode ser criada para fins fraudulentos, como as chamadas "noteiras". Estas são constituídas e registradas de forma ilegítima e não exercem nenhuma atividade; elas só existem no papel e são usadas de maneira criminosa para emitir documentos fiscais e documentar as saídas de mercadorias de outras empresas.

 

De que maneira a Datarisk apoia as empresas com uso de dados para análises preditivas? Qual foi o crescimento da empresa em 2023? Podemos mencionar empresas da região sudeste ou especificamente mineiras que já foram clientes?

 

Jhonata Emerick: Apoiamos empresas de diferentes portes e setores a tomarem melhores decisões no mercado. Somos uma empresa “decision as a service” e possuímos produtos e serviços para clientes que querem resolver problemas complexos através de inteligência artificial e modelos de Machine Learning. Nos últimos quatro anos crescemos 1068%.

 

Quais as perspectivas de avanços tecnológicos para 2024?

 

Jhonata Emerick: Para 2024, acreditamos que as teses de inteligência artificial continuarão a ganhar atenção dos fundos de venture capital e ser um ponto de priorização de tecnologia nas grandes organizações. Um dos principais pontos para isso é que a própria Open AI vai ser uma das principais infraestruturas para que outras empresas possam solucionar problemas específicos de algumas verticais. Então devemos ver grandes avanços em outras teses que usam a Open AI como uma ferramenta importante nos seus modelos de negócios.

 

Como a Datarisk vem se preparando para atender às novas demandas do mercado?

 

Jhonata Emerick: Segundo a Grande View Research e Fortune Business Insights, em 2028 o mercado de inteligência artificial será maior que o mercado de cloud é hoje, atingindo o valor de $350 Milhões (usd). Pensando nisso, neste ano faremos o lançamento de um produto de MLOps, software que automatiza processos e otimiza a governança na gestão de modelos preditivos, e também lançaremos scores de mercado proprietários, todos unificados em uma API. Em 2024 a Datarisk planeja dar um grande passo rumo a nossa missão de habilitar que empresas escalem os resultados positivos de IA.