LC
Luiz Carlos Azedo
ENTRE LINHAS

Datena embola a disputa eleitoral em São Paulo

O PSDB renasce das cinzas, como fênix, na capital paulista. O apresentador comemorou o resultado da pesquisa Quaest sobre a disputa eleitoral

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Pesquisa Genial Quaest divulgada ontem sobre as eleições para a Prefeitura de São Paulo roubou as atenções políticas em Brasília, porque mostra um surpreendente empate técnico entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 22% de intenções de votos, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com 21%, e o apresentador Datena (PSDB), com 17%. Os três estão embolados na margem de erro da pesquisa, que é de 3% para mais ou para menos.



Com Datena, o PSDB renasce das cinzas, como fênix, no seu berço histórico, a capital paulista. O apresentador comemorou o resultado da pesquisa: "Ficou claro que a cidade procura uma alternativa. Eu quero ser prefeito para tirar o crime organizado da prefeitura e dos serviços públicos. PCC não vai mais mandar os ônibus de São Paulo", afirmou. Segundo o diretor da Quaest, Felipe Nunes, Datena (PSDB) é o mais rejeitado entre os pré-candidatos, mas também é o mais conhecido.

 



Segundo ele, a rejeição pode desestimular Datena, embora sua arrancada tenha sido muito e forte e lhe garanta uma posição muito competitiva quando começar a propaganda de rádio e tevê, ainda mais sendo um experiente comunicador. Datena (PSDB) aparece como o mais rejeitado, com 51%; Guilherme Boulos (PSOL), com 41%; e Ricardo Nunes (MDB), 38%. “Nunes e Boulos aparecem com potencial de voto (conhece e votaria) e rejeição (conhece e não votaria) muito parecidos, com uma pequena vantagem para o atual prefeito. Os outros candidatos ainda têm pelos menos 50% de desconhecimento, mas vale notar que todos tem rejeição maior que potencial de voto”, avalia Felipe Nunes.



Nunes vai melhor entre homens, idosos e pessoas que estudaram até o ensino fundamental. Boulos, entre mulheres, pessoas entre 35 e 59 anos e com ensino superior. Entre as pessoas que ganham até dois salários-mínimos, Datena já aparece em primeiro lugar, com 26% das intenções de voto. Neste segmento, Nunes tem 18% e Boulos, 13%. Sem Datena e Marçal na corrida, o prefeito Nunes salta para 30% das intenções de voto. Nesse caso, Boulos aparece com 25%.



Datena rebate os comentários de que pode desistir, como em outras vezes. Embalado pelo resultado das pesquisas, diz que desta vez irá até o fim. O presidente do PSDB de São Paulo, o ex-senador José Aníbal, artífice da candidatura, registrou sua satisfação com o resultado, que segundo ele, “surpreendeu os aliados”. A decisão de romper a aliança com o prefeito Ricardo Nunes, que foi vice de Bruno Covas e assumiu a Prefeitura de São Paulo quando ele faleceu, logo após ser reeleito, rachou o PSDB paulistano. Os oito vereadores tucanos deixaram a legenda para permanecer na base do prefeito.

 



Datena subtrai votos de todos os candidatos, mas os mais prejudicados pela sua candidatura foram Pablo Marçal (PRTB), que está com 10%, e Tabata Amaral (PSB), com 6%. Segundo a pesquisa, Marina Helena (Novo) tem 4%; Kim Kataguiri (União), 3%; João Pimenta (PCO) e Ricardo Senese (UP, 1%; Altino (PSTU) e Fernando Fantauzzi (DC), 0%. Indecisos são 7%. Nenhum/branco/nulo representam 8% dos eleitores. Foram ouvidos 1.002 eleitores, presencialmente, entre os dias 22 e 25 de junho. O nível de confiança é de 95%, e o número de registro na Justiça Eleitoral é SP-08653/2024.



Terceira via


As eleições municipais costumam ser polarizadas por adversários locais, num esquema situação versus oposição que independe dos partidos, exceto nas maiores cidades. Por essa razão, a disputa pela Prefeitura de São Paulo é o epicentro da polarização entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que apoia Boulos, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Nunes, coadjuvado pelo governador Tarcísio de Freitas (PR). Nem o PT nem o PL tem candidatos na capital. Lula indicou a ex-prefeita Marta Suplicy, que voltou ao PT, para vice de Boulos; Bolsonaro, para vice de Nunes, o coronel ferrabrás da Polícia Militar Ricardo Mello Araujo, ex-comandante da Rota.



Entretanto, a pesquisa mostra que a disputa não está tão polarizada ainda, porque pesquisa deixou Datena como uma opção de “terceira via”. Nesse cenário, o influenciador Pablo Marçal, bolsonarista raiz, que até então era a grande surpresa eleitoral, atrapalha o projeto de Ricardo Nunes. O empresário goiano promove cursos de desenvolvimento pessoal pela internet e subtrai os votos de extrema direita que Nunes pretende atrair. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, faz o que pode e oferece o que não pode para que o coach desista da candidatura a prefeito e apoie Nunes, em troca de garantia de legenda e apoio para disputar o Senado em 2026.

 



Situação que mais ou menos se repete, com sinal trocado, no campo da centro-esquerda. A candidatura de Tábata Amaral, que já havia sido ultrapassada por Marçal, foi enfraquecida pela chegada de Datena. Seu projeto era uma candidatura de centro-esquerda, capaz de chegar ao segundo turno e derrotar quem vier pela frente, fosse Nunes ou Boulos. Esse projeto acabou fragilizado, antes mesmo de a campanha começar. A possibilidade de que venha a ser candidata a vice de Datena é remota.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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