Katiuscia Silva
Katiuscia Silva
Mestra em Sexologia pela Universidade ISEP - Madrid. Especialista em Comportamento. Analista Corporal. Mentora. Palestrante. Treinamentos para Empresas
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O que faz uma mestra em sexologia clínica?

O mestrado em sexologia clínica vai muito além de ensinar sobre sexo. Ele trata de saúde, vínculos, dignidade e bem-estar

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Falamos de sexo o tempo todo, mas entendemos muito pouco sobre ele. Talvez por isso tantas pessoas sofram em silêncio. É justamente nesse ponto que entra a atuação de uma mestra em sexologia clínica. Mas, afinal, o que essa profissional faz?

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Antes de tudo, vale começar pelo básico. Mestra é alguém que se especializou um campo do conhecimento, não apenas para aprender, mas para compreender, pesquisar e ensinar. No caso da sexologia clínica, esse campo é a sexualidade humana. Um tema que atravessa a vida de todos nós, mas que ainda é cercado por tabu, desinformação e constrangimento.


A sexologia é a ciência que estuda a sexualidade em todas as suas dimensões: biológica, psicológica, relacional, social e cultural. Ela busca entender como pensamos, sentimos, vivemos e expressamos nossa sexualidade. Isso envolve o desejo, o prazer, a identidade, os comportamentos, os vínculos afetivos e também as dificuldades sexuais.


Já o termo clínica indica onde esse conhecimento se transforma em cuidado: o consultório. É ali que a mestra em sexologia clínica atua, auxiliando pessoas e casais a compreenderem melhor a própria sexualidade e a lidarem com questões que, muitas vezes, são vividas em silêncio, culpa ou confusão.


Aqui surge uma virada de chave essencial: o problema não está no sexo. Na maioria das vezes, levamos os problemas para o sexo.


Quando aparecem dificuldades sexuais, a reação mais comum é buscar técnicas, truques ou novas posições. No entanto, a prática clínica mostra outra realidade. O sexo costuma refletir a qualidade da comunicação, da conexão emocional, do respeito e da admiração existentes em uma relação. Quando essas bases estão fragilizadas, não há técnica que sustente o vínculo. Por isso, o trabalho da sexologia clínica vai muito além do que acontece na cama.


Durante um mestrado em sexologia clínica, como ocorre em centros de formação internacionais, a exemplo de Madrid, o estudo não se limita ao ato sexual. O cronograma inclui disciplinas como psicologia, neurociência e psicanálise, além do aprofundamento no funcionamento do corpo humano. Aprende-se como o cérebro participa do desejo, como o sistema cardiovascular influencia a ereção e, como hormônios e sistema nervoso atuam na lubrificação vaginal e no prazer. Tudo está interligado. Com isso, fica claro que a sexualidade é apenas uma peça de um quebra-cabeça maior, que envolve emoções, história de vida, crenças, experiências passadas, autoestima e a qualidade das relações.


Há ainda um aspecto pouco discutido: sexo e dinheiro estão entre os maiores tabus da nossa sociedade. E não por acaso, são duas áreas onde muitas pessoas sofrem. Assim como falar sobre dinheiro costuma ser evitado, a sexualidade também é empurrada para o campo do segredo e da vergonha. O resultado são pessoas que se sentem inadequadas sem saber por quê, casais que se afastam emocionalmente, homens e mulheres carregando culpas que não conseguem nomear.


As disfunções sexuais raramente surgem do nada. Elas podem ter causas físicas, emocionais, relacionais, ou uma combinação de todas elas. Por isso, compreender o que está por trás do sintoma é fundamental. Não se trata apenas do que acontece na cama, mas também do que acontece fora dela: no trabalho, na relação, na forma como cada pessoa lida com emoções, frustrações e expectativas.


Vale lembrar que os estudos sobre sexualidade não são recentes.


O pesquisador Alfred Kinsey, considerado o pai da sexologia moderna, fundou em 1947 o Instituto Kinsey, nos Estados Unidos, dedicado exclusivamente à pesquisa científica da sexualidade humana. Décadas depois, o casal Masters e Johnson passou mais de dez anos estudando as respostas sexuais humanas, ajudando a retirar o tema do campo do achismo e levá-lo para a ciência.


Mesmo assim, ainda hoje, muita gente trata a sexualidade como algo errado ou secundário e isso tem um custo alto para a saúde emocional, relacional e social.


É justamente por isso que o trabalho de uma mestra em sexologia clínica é tão relevante. Não porque ela “fala de sexo”, mas porque ajuda pessoas a compreenderem o próprio corpo, a própria mente e as próprias relações. O mestrado em sexologia clínica vai muito além de ensinar sobre sexo. Ele trata de saúde, vínculos, dignidade e bem-estar.


Da próxima vez que você ouvir alguém dizer que é mestra em sexologia clínica, já saberá: essa profissional não está ali para ensinar truques, mas para ajudar a lidar com problemas mais profundos.


E vale lembrar: o problema não está no sexo. Muitas vezes, levamos nossos problemas para o sexo. Entender isso pode mudar profundamente a vida de uma família inteira.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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