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WASHINGTON – O Kennedy Center ficará pequeno para o sorteio dos grupos para a Copa do Mundo 2026, hoje, às 14h (de Brasília), por causa do grande número de jornalistas e das 48 seleções, número aumentado justamente a partir deste Mundial, já que antes tínhamos 32 seleções. Com isso, teremos 104 jogos contando com a grande decisão, no Met Life Stadium, em Nova Iorque, dia 19 de julho. O problema é que com 16 seleções a mais, o número de jornalistas credenciados aumentou e o espaço no anfiteatro do Keneddy Center não me parece comportar todos. A opção, para alguns, imagino eu, será assistir na sala de imprensa, que fica ao lado, o que seria muito desconfortável. Já que a Fifa cresceu o número de participantes, que tivesse planejado o sorteio num lugar mais amplo, em condições de abrigar todos nós. Eu não concordo com quantificação de seleções em detrimento da qualidade técnica da competição. Quando tínhamos apenas 16 equipes nas Copas, tínhamos também grandes jogos. Com 24 equipes, foi aceitável. Com 32, um exagero e, agora, com 48, um absurdo. Teremos jogos sofríveis. Porém, a Fifa não está preocupada com a qualidade técnica e sim em aumentar o número de países, patrocinadores e entupir seus cofres com francos suíços.
A capital norte-americana não respira o clima do sorteio. Morador dos Estados Unidos e cidadão americano, confirmo isso todos os dias por onde ando nesse país. Por mais que Messi tenha sido um diferencial para a MLS, o americano não se liga muito no futebol (soccer). Ele gosta é do basquete, do futebol americano, da NFL, do beisebol. Claro que haverá algum interesse, pois a Seleção dos Estados Unidos, por ser uma das sedes, estará na disputa, mas confesso que esperava um pouco mais de calor humano das pessoas aqui. Entre nós, jornalistas, há um clima bastante amistoso e, volta e meia, alguns que já conheço de outros sorteios e Mundiais vêm me perguntar o que está acontecendo com o time brasileiro, que anda sem credibilidade. Sincero que sou, digo: o problema é a safra, que é ruim, e o fato de não termos um jogador referência na equipe. Neymar é uma incógnita e Vini Júnior não vive um bom momento no Real Madrid, embora seja muito conceituado com o técnico, Carlo Ancelotti.
Mesmo sendo cabeça de chave, o Brasil, que sempre chega como um dos favoritos à conquista, dessa vez não tem mais o apelo de outrora. Espanha, Argentina, Portugal, Inglaterra, França e Holanda são as seleções mais faladas por aqui, pois vivem um momento ímpar. A Inglaterra, por exemplo, se classificou vencendo todos os jogos, e talvez tenha a melhor safra dos últimos tempos. A Argentina, atual campeã do mundo, tem uma base de 2022 e um time ainda mais renovado, que terá em Messi, mais uma vez, seu maior protagonista. O Brasil vive um momento conturbado, com uma CBF desmoralizada, tentando juntar os cacos de gestões passadas. O atual presidente foi imposto no cargo, mas, segundo apuração, não apita muito. Está mais para “Pachecão”, tirando fotos com jogadores e torcedores, do que para presidente da entidade que comanda o futebol brasileiro. Salva-se o competente e qualificado Rodrigo Caetano, um craque no que faz, mas sem ter no seu entorno, gente competente.
Eu sempre vou querer ganhar com o Brasil, mas sou muito realista e vejo as seleções citadas mais bem preparadas e fortes para levantar o caneco. Se não ganharmos, superaremos nosso maior jejum, que é de 24 anos, de 1970 à 1994. Quando a bola rolar no torneio, em 11 de junho, completaremos o mesmo tempo sem por a mão na Copa Fifa. O futebol brasileiro agoniza com times quebrados, arbitragem vergonhosa e poucos jogadores de nível, haja vista o número de estrangeiros que atua no nosso futebol. Se no passado importávamos um goleiro ou zagueiro, uruguaio e argentino, hoje temos até venezuelanos fazendo sucesso pelas nossas bandas. Além disso tudo, os técnicos europeus estão dando aula no nosso futebol, exceto Filipe Luís, que ganhou tudo com o Flamengo, é brasileiro, mas jogou 16 anos na Europa e tem a mentalidade de lá.
Vamos cruzar os dedos e esperar que o sorteio ponha em nosso grupo uma ou duas seleções que debutam na Copa do Mundo. Enfrentar Cabo Verde ou Curaçao seria ótimo. E que nas oitavas não enfrentemos nenhuma seleção poderosa, que por ventura fique em segundo lugar no seu grupo. O sorteio dos grupos será hoje, mas o chaveamento será decidido neste sábado, e aí sim saberemos se o Brasil vai ficar na Costa Leste, como preferem dirigentes e jogadores, ou na Costa Oeste, mais precisamente em Seattle, como deseja o técnico Carlo Ancelotti. Apostem suas fichas, pois somente num grupo fraco, teremos condições de avançar, pelo menos até as quartas de final. Daí para a frente, seja o que Deus quiser.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
