O 20 de novembro foi marcado pelo cruel assassinato de um dos maiores líderes negros da história do Brasil, Zumbi dos Palmares -  (crédito: Reprodução)

O 20 de novembro foi marcado pelo cruel assassinato de um dos maiores líderes negros da história do Brasil, Zumbi dos Palmares

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Essa é a pergunta que as pessoas racistas fazem quando se deparam com alguma manifestação relacionada ao dia em que celebramos a consciência negra. Até porque todo mundo sabe, ou pelo menos deveria saber, que o 20 de novembro foi marcado pelo cruel assassinato de um dos maiores líderes negros da história do Brasil, Zumbi dos Palmares.

No dia 20 de novembro de 1695, Zumbi foi executado, teve sua cabeça cortada e exposta em praça pública para intimidar todo e qualquer escravizado a não almejar a liberdade. Mas geralmente quem faz a proposta indecorosa de celebrar o dia da consciência humana para promover o epistemicídio, o apagamento da história de figuras revolucionárias negras tal qual como Zumbi finge não saber desse pequeno detalhe ou alega que Zumbi tinha escravos. Não, eles não contam que Palmares foi um dos maiores quilombos e um símbolo que demarca a não resignação e a resistência do povo preto. São as mesmas pessoas que exigem o protagonismo de Isabel, aquela descendente do povo que lucrou com a nossa escravização e que assinou um papel chamado lei áurea que não garantiu em nada a nossa liberdade.

É interessante que não se incomodam com as festas italianas, japonesas, com as manifestações indianas e de tantas outras culturas nesse país tão diverso que é o Brasil, mas falou que é festa de preto, que é alguma manifestação que afirma e reafirma o nosso lugar de forma digna nessa sociedade, os herdeiros dos escravocratas surtam. São os mesmos que enchem a boca para falar de um ascendente remoto de origem europeia com orgulho que se propõem a censurar a nossa fala quando dizemos que somos descendentes de africanos. Não se incomodam quando dizemos equivocadamente que somos descendentes de escravos, mas olham com desconfiança quando nos orgulhamos da nossa ancestralidade Bantu, Nagô ou Iorubá.

Pois é, esse texto da coluna dessa semana é para você irmão e irmã que não sabem o que responder quando tentam te convencer a aderir ao dia da consciência humana. Se dependêssemos do que chamam de consciência humana nós estaríamos na senzala até os dias de hoje. Porque é a consciência negra que nos faz lutar contra os diversos tipos de racismos, contra o perfilamento racial, contra o genocídio, epistemicídio, contra a necropolítica. É a consciência negra que faz com que continuemos firmes por uma sociedade mais igualitária que não mais normalize espaços de privilégio branco já que vivemos em um país com corpos diversos.

Às vezes acho que esse mês deveria chamar mês da paciência negra porque haja paciência para responder o incômodo dos racistas de plantão que nos abordam com essa pergunta que dá título a esse texto. Se você também está sem tempo para perder copia esse link e só envia para quem te faz essa pergunta/proposta. Outra coisa, não se esqueça que ainda estamos construindo uma revolução e que todas as ilusões devem ir pelos ares até que esse racismo se torne um passado bem, mas bem remoto.