Mulher assiste a tv com controle remoto nas mãos -  (crédito: freepik)

Mulher assiste a tv com controle remoto nas mãos

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Os reality shows estão cada vez mais populares no Brasil e em diversos outros países. A tv aberta apresenta notícias e anúncios sobre esses programas, como o Big Brother Brasil, por exemplo, frequentemente e, a variedade é tão grande, que mesmo nas plataformas de streaming, como a Netflix, é possível encontrar diferentes opções em realities sobre os mais diversificados temas.


Os realities são programas de televisão baseados na vida real, apresentando a vida como ela é e as pessoas como são. Dessa forma, os participantes são confinados em um ambiente específico, de acordo com a temática e interesse dos produtores, podendo ser em uma casa e, até mesmo, em uma floresta ou uma ilha, sendo submetidos a provas que colocam a permanência em risco e a conquista do prêmio.


A questão é quais são os motivos por trás de tanto sucesso? Possivelmente, o primeiro está relacionado à identificação que o espectador possui com os participantes. Ao ser anunciado, cada pessoa faz uma breve apresentação sobre sua vida, carreira e expectativas, criando um primeiro passo para conexão. A existência das redes sociais contribui para aumentar esses laços e o interesse do telespectador com os internautas, compartilhando mais detalhes, inclusive sobre a personalidade dos participantes. A partir daí, um vínculo acaba se formando.

 


O interesse também aumenta, se o participante for uma pessoa já conhecida. Afinal, os fãs se mobilizam para assistir e conhecer um pouco mais sobre a celebridade que já acompanham há mais tempo. Contudo, o efeito pode ser negativo, com a exposição acabando com a imagem, anteriormente já construída, tornando-se uma infeliz experiência frustrante.


Além disso, ainda é preciso pensar no fator alienação. O cotidiano não é fácil e sempre existe um problema, que muitas vezes seria melhor se fosse ignorado, e acompanhar o cotidiano de outras pessoas parece uma solução eficaz para se desligar da própria realidade, afinal, ao assistir a vida do outro, torcer, criticar e rotular suas ações, deixamos de prestar atenção em nossa própria vida. Dessa forma, evita-se tomar uma atitude, preferindo procrastinar.


A válvula de escape é ainda maior, quando brigas, racionamento de alimento ou água e provas acontecem, porque o que o público realmente quer, é ver o circo pegar fogo, aumentando ainda mais o interesse sobre o entretenimento.


O problema é que esse envolvimento gera vício, com potencial de afetar a saúde mental dos espectadores, negativamente, por isso, é preciso se policiar sobre a quantidade de tempo dedicado à acompanhar esse tipo de programa.


Os acontecimentos têm capacidade para provocar uma grande carga de informações e sentimentos, muitas vezes inadequados, devido às variadas situações mostradas pelos participantes, em momentos críticos de permanência, batendo de frente com interesses variados e que ferem quem são. Infelizmente, essa condição também influencia, mesmo que os espectadores não percebam, nem todos os comportamentos ou falas são adequados para reprodução.


A comparação com a vida real também se torna comum, porém é errado esperar o mesmo na vida e acreditar que, apenas espelhar aquilo que se vê, será suficiente, de forma que encontrar um ponto de equilíbrio, entre o real e mostrado em uma tela, evita que o cotidiano em sociedade, família e trabalho seja influenciado.


Por isso, ao pensar nos aspectos emocionais, é importante analisar, será que os realitys são realmente de todo, apropriados? As pessoas passam a viver de maneira paralela às suas realidades, e quando acaba, os participantes recebem rios de dinheiro, muitos, saem adorados, cheios de propostas e serão reconhecidos na rua, enquanto isso, o espectador fica sem nada, apenas à espera da próxima edição do programa.