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Angela Mathylde
COMPORTAMENTO E SAÚDE MENTAL

Reality shows como Big Brother Brasil requerem consumo responsável

Acompanhar cotidiano de outras pessoas parece uma solução eficaz para se desligar da própria realidade na tv, optando por não agir e procrastinar

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Os reality shows estão cada vez mais populares no Brasil e em diversos outros países. A tv aberta apresenta notícias e anúncios sobre esses programas, como o Big Brother Brasil, por exemplo, frequentemente e, a variedade é tão grande, que mesmo nas plataformas de streaming, como a Netflix, é possível encontrar diferentes opções em realities sobre os mais diversificados temas.


Os realities são programas de televisão baseados na vida real, apresentando a vida como ela é e as pessoas como são. Dessa forma, os participantes são confinados em um ambiente específico, de acordo com a temática e interesse dos produtores, podendo ser em uma casa e, até mesmo, em uma floresta ou uma ilha, sendo submetidos a provas que colocam a permanência em risco e a conquista do prêmio.


A questão é quais são os motivos por trás de tanto sucesso? Possivelmente, o primeiro está relacionado à identificação que o espectador possui com os participantes. Ao ser anunciado, cada pessoa faz uma breve apresentação sobre sua vida, carreira e expectativas, criando um primeiro passo para conexão. A existência das redes sociais contribui para aumentar esses laços e o interesse do telespectador com os internautas, compartilhando mais detalhes, inclusive sobre a personalidade dos participantes. A partir daí, um vínculo acaba se formando.

 


O interesse também aumenta, se o participante for uma pessoa já conhecida. Afinal, os fãs se mobilizam para assistir e conhecer um pouco mais sobre a celebridade que já acompanham há mais tempo. Contudo, o efeito pode ser negativo, com a exposição acabando com a imagem, anteriormente já construída, tornando-se uma infeliz experiência frustrante.


Além disso, ainda é preciso pensar no fator alienação. O cotidiano não é fácil e sempre existe um problema, que muitas vezes seria melhor se fosse ignorado, e acompanhar o cotidiano de outras pessoas parece uma solução eficaz para se desligar da própria realidade, afinal, ao assistir a vida do outro, torcer, criticar e rotular suas ações, deixamos de prestar atenção em nossa própria vida. Dessa forma, evita-se tomar uma atitude, preferindo procrastinar.


A válvula de escape é ainda maior, quando brigas, racionamento de alimento ou água e provas acontecem, porque o que o público realmente quer, é ver o circo pegar fogo, aumentando ainda mais o interesse sobre o entretenimento.


O problema é que esse envolvimento gera vício, com potencial de afetar a saúde mental dos espectadores, negativamente, por isso, é preciso se policiar sobre a quantidade de tempo dedicado à acompanhar esse tipo de programa.


Os acontecimentos têm capacidade para provocar uma grande carga de informações e sentimentos, muitas vezes inadequados, devido às variadas situações mostradas pelos participantes, em momentos críticos de permanência, batendo de frente com interesses variados e que ferem quem são. Infelizmente, essa condição também influencia, mesmo que os espectadores não percebam, nem todos os comportamentos ou falas são adequados para reprodução.


A comparação com a vida real também se torna comum, porém é errado esperar o mesmo na vida e acreditar que, apenas espelhar aquilo que se vê, será suficiente, de forma que encontrar um ponto de equilíbrio, entre o real e mostrado em uma tela, evita que o cotidiano em sociedade, família e trabalho seja influenciado.


Por isso, ao pensar nos aspectos emocionais, é importante analisar, será que os realitys são realmente de todo, apropriados? As pessoas passam a viver de maneira paralela às suas realidades, e quando acaba, os participantes recebem rios de dinheiro, muitos, saem adorados, cheios de propostas e serão reconhecidos na rua, enquanto isso, o espectador fica sem nada, apenas à espera da próxima edição do programa.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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