Hoje saí pedalando pelas ruas da cidade.
Ruas vazias, praças e parques cheios.
Gente caminhando, correndo, pedalando, vivendo o ar que respiram.
Finitude a passear.
O segundo de felicidade abraça o eterno.
Árvore centenárias nos veem passar,
Observam os moribundos.
Seres necessários a eliminar gás carbônico, fobias e adubo de baixa qualidade.
Fragmentos finados, sem fim.
A alegoria é a vida finita,
Insubstituível de cada um.
Nossa, só nossa!
Compartilhada ou solitária,
Vida só, finada infinita.
Nosso rastro é gene e esterco,
Adubo, gente, árvores e sonhos.
Amanhã ao acordamos as praças estarão vazias,
Guardarão apenas o eco de alegria do grito das crianças que por ali passaram.
Enquanto isso,
O mundo continua a produzir munição para tristeza e flores em 02 de Novembro.
Escravos de nossas ilusões,
Continuaremos a correr puxados por cães em coleira recíproca,
Até que a morte nos separe.
Balas que atravessam corpos são bálsamo.
Nada a fazer aqui além de respirar e sorrir.
Palestina nossa de cada dia,
Sofrimento gratuito a nos visitar em finados dias,
Sem fim.
Hoje começo a coluna com a poesia acima.
Homenagem pessoal às mais de 706.808 vítimas da COVID-19 no Brasil nos últimos três anos. Estatística subestimada dada a amplitude de consequências graves dessa doença e a fragilidade do nosso sistema de vigilância epidemiológica nacional.
O momento merece muita atenção. A baixa cobertura vacinal, associada à variante viral mais transmissível, banalização total das medidas de barreira e ignorância em relação à disponibilidade de medicamentos efetivos (gratuitos pelo SUS!!) destinados a fase aguda e tardia da doença, justificam a elevação progressiva dos números e a preocupação com os mais vulneráveis.
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o município de Santa Luzia, certamente iluminado pela padroeira da visão epidemiológica, alertou para o crescimento explosivo do número de casos das últimas semanas e tomou medidas para tentar conter a transmissão viral.
Medida lúcida e responsável dos dirigentes locais, porém, pouco efetiva na prática. A região metropolitana de BH não tem muros, ou barreiras entre os municípios que se interpenetram. Não sabemos no dia-dia onde começa um e termina o outro.
A população, por sua vez, vem de lá pra cá e daqui pra lá sem nem saber exatamente se estão numa cidade ou na outra.
Como o vírus mora onde o povo está, ele também não respeita limites territoriais dentro do planeta, muito menos numa região metropolitana com mais de 5 milhões de habitantes.
Ou seja, precisamos de medidas coerentes e muito bem orquestradas entre os municípios para que tenhamos sucesso no controle dessa nova onda epidêmica.
Incentivar a vacinação é a medida mais simples, barata, eficaz e disponível em todos os municípios. Portanto, não precisa muito malabarismo para que essa estratégia seja adotada de imediato em toda RMBH.
As demais medidas de distanciamento social, uso de máscaras e higiene de mãos devem ser, da mesma forma, reforçadas. Afinal, quando não tínhamos vacina, ou tratamentos efetivos, foi o que evitou uma catástrofe ainda maior.
Cabe nesse momento um recado para os prefeitos em exercício e os futuros candidatos. As últimas eleições mostraram claramente que a população reconhece quem cuida dela com atenção e responsabilidade social.
De prefeito a presidente, quem negligenciou a pandemia, na grande maioria dos municípios, se deu muito mal.
Ou seja, a população sabe muito bem separar o joio do trigo. Graças a Deus e Santa Luzia, que rima com democracia.