Se em 2026 a eleição em Minas for, pela estrutura da competição, reduzida a um turno único como ocorreu em 2022, o presidente Lula (PT) – que com grande probabilidade de acerto estará concorrendo em segundo turno na sucessão presidencial – enfrentará uma disputa ainda mais difícil no estado. Basta olhar retrospectivamente para se prospectar tal cenário. Quando Romeu Zema (Novo) concorreu à reeleição em 2022, ao enfrentar no primeiro turno o ex-prefeito Alexandre Kalil, atualmente no PDT, evitava o embate frontal com Lula. Fechava as críticas ao PT – seu maior cabo eleitoral – no ex-governador Fernando Pimentel (PT). A Lula, poupava.


O governador sabia que parte do eleitorado mineiro faria a opção Lulema. E apesar de sua “ojeriza” declarada ao PT e à esquerda, o mineiro aceitou de bom grado, e com imperturbável sorriso, o voto do eleitor que, para o Palácio do Planalto, optara por Lula e não pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).


Uma vez reeleito, no segundo turno, Romeu Zema deixou aflorar todo o ímpeto antipetista até ali reprimido por conveniência. Com revigorada energia – pois não mais precisava fingir moderação – mobilizou toda a infraestrutura do estado para cooptar prefeitos, empresários, industriais, todos unidos numa monumental cruzada antilulista no estado.


Não à toa, Minas foi um dos estados que mais registrou assédio eleitoral em 2022. Apesar de todo o esforço, Zema não conseguiu entregar a vitória no estado a Bolsonaro. Nem se sagrar o herói nacional do bolsonarismo, já que o então presidente não foi reeleito. Mas é inegável que entre o primeiro e o segundo turno, a distância entre Lula, à ocasião, desafiante, e o incumbente Bolsonaro, caiu de 4,69 pontos percentuais para 0,49 ponto percentual. No Brasil, Bolsonaro registrou um crescimento de 13,9% entre o primeiro e o segundo turno. Em Minas, alcançou 3 pontos percentuais acima da média nacional.


Tal memória histórica deve servir de conselheira a Lula, que ainda não tem um palanque estruturado em Minas Gerais, estado pêndulo e o segundo maior colégio eleitoral. O presidente aqui chega nesta quinta-feira para a sua 13ª visita desde que iniciou o terceiro mandato em 2023. Enquanto em 2024, esteve cinco vezes em Minas; em 2025, já são sete vezes.


O PT, assim como outros partidos políticos faz a opção de pôr mais ênfase em sua chapa proporcional à Câmara dos Deputados do que na disputa majoritária. Até aqui ainda não conseguiu encontrar o nome para convergir as forças políticas que apoiaram a candidatura ao governo de Minas e à reeleição de Lula. O senador Rodrigo Pacheco (PSD), nome dos sonhos de Lula para a tarefa, está sem legenda e sem motivação. Foi convidado por Lula para acompanhá-lo nesta visita, como vinha fazendo até aqui, mas, desta vez, declinou.


As conversas com o ex-prefeito Alexandre Kalil (PDT) ainda não avançaram. Agora o partido volta os olhos para Tadeu Leite (MDB), presidente da Assembleia, avaliando a possibilidade de que, em dueto com Alexandre Silveira (PSD), ministro das Minas e Energia, migrem para o PSB. O primeiro concorreria ao governo; o segundo, ao Senado Federal. O interesse por Tadeu Leite, compreende-se. Teve convites de todos os candidatos. Mas, antes de traçar a estratégia, é preciso combinar com os jogadores.


Lula precisa de Minas e, se realmente quer ser reeleito, passa da hora de assumir pessoalmente o desafio no estado. Não se trata apenas de ter um palanque. Trata-se, sobretudo, de construir cenários em que a eleição ao governo de Minas não se encerre no primeiro turno. Como dizem por aí: quem quer faz; quem não quer, manda.


Momento histórico

Pela primeira vez na história de Itabira, um presidente da República visita a cidade para encontro marcado com a população. A avaliação é do prefeito Marco Antônio Lage (PSB), que lembra: quando, em 1991, Fernando Collor de Mello esteve na terra natal de Carlos Drummond de Andrade, atendia a compromisso com a Vale. “É um momento histórico para a cidade”, afirma o prefeito. Lula vai inaugurar o Centro de Radioterapia do Hospital Nossa Senhora das Dores, que agora oferece o tratamento oncológico não só para Itabira, mas também para outras 27 cidades do entorno.


Sonegação

Marco Antônio Lage vai entregar ao presidente uma carta da Associação Brasileira dos Municípios Mineradores (Amig), da qual é presidente. As cidades reivindicam a estruturação da Agência Nacional de Mineração, para ampliar a fiscalização e combater a mineração clandestina, que apresenta um crescimento de 30% no país. Além disso, com dados do Tribunal de Contas da União (TCU), Marco Antônio Lage vai lembrar que, entre 2017 e 2023, empresas mineradoras brasileiras deixaram de pagar às cidades mineradoras cerca de R$ 16 bilhões em Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). O prejuízo chegará a R$ 20 bilhões referentes a 12.243 processos de cobrança pendentes.


Medo ou esperança

“Os municípios brasileiros que vão começar a nova fronteira mineral com a exploração de terras raras no país vão ter medo ou esperança?”, indaga Marco Antônio Lage, lembrando que o ciclo de mineração em Itabira se encerrará em 16 anos e que 82% da economia da cidade segue, direta ou indiretamente, atrelada à atividade. “É importante desenhar um novo modelo para a exploração mineral que dê esperança”, afirma.


PCB

Túlio Lopes, presidente estadual do PCB, lançou a sua pré-candidatura ao governo de Minas. Presidente da Associação dos Docentes da Universidade do Estado de Minas Gerais (Aduemg), Túlio Lopes milita desde os anos 2000 em lutas da juventude e movimentos populares. Arutana Cobério,
ex-presidente da Câmara Municipal; Carol Souza, presidente do Psol; Eduardo Pereira, presidente do Sind’Água; e Áurea Carolina (Psol), ex-deputada federal, participaram da cerimônia que formalizou a pré-candidatura de Túlio Lopes.

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No PSD

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Na Mesa

Em candidatura única, o deputado Vitório Junior (PP) foi eleito, nesta quarta-feira para a Segunda Secretaria da Mesa da Assembleia. Substitui Alencar da Silveira, agora conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

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