Quando a misoginia se expressa na voz de promotores, ela personifica o estado -  (crédito: Ilustração: Soraia Piva)

Quando a misoginia se expressa na voz de promotores, ela personifica o estado

crédito: Ilustração: Soraia Piva

Belo Horizonte, 26 de março, de 2024. O promotor de Justiça Francisco Santiago se dirige à advogada Sarah Quinetti Piron chamando-a de “galinha garnisé” durante uma sessão do júri. Nem foi a primeira vez. Em 2019, a advogada Camila Felix foi igualmente caluniada, com os mesmos termos, pelo mesmo promotor. “Ele mandou eu tomar gardenal, me chamou de ‘galinha garnisé’ várias vezes, foi horrível. Depois deste fato eu fiquei afastada de júri, não fazia plenário, fiquei sem coragem. Ver o caso da Sarah foi reviver o que eu vivi”, conta Camila Felix.

 


Alto Paraíso de Goiás (GO), 22 de março, de 2024. O promotor Douglas Chegury volta-se para a advogada de defesa, Marília Brambilla, durante a sessão: “Não quero beijo da senhora. Se eu quisesse beijar alguém aqui, eu gostaria de beijar essas moças bonitas, não a senhora, que é feia”, disse o promotor. E prosseguiu, após protestos do tribunal: “Só porque eu reconheci aqui que esteticamente... Eu menti? Tecnicamente ela não é uma mulher bonita”.

 


Manaus, 13 de setembro de 2023. O promotor de Justiça Walber Luís Silva do Nascimento sentiu-se à vontade para comparar a advogada criminalista Catharina de Souza Cruz Estrela a uma cadela. “Se tem uma característica que o cachorro tem, Dra. Catharina, é lealdade. Eles são leais, são puros, são sinceros, são verdadeiros. E, no quesito lealdade e me referindo especificamente a vossa excelência, comparar a vossa excelência com uma cadela, de fato, é muito ofensivo. Mas não a vossa excelência, à cadela”, disse.

 


Vinte de outubro de 2022. Em Taubaté (SP), o promotor de Justiça Alexandre Mourão Mafetano, em um julgamento, disse que advogada criminalista Cinthia Souza tem o “hábito de rebolar” para convencer o júri e que ela estaria dando um show.

 


A misoginia, em si, causa repúdio. Mas quando se expressa na voz de promotores em sessão processual pública, personificam o estado. E na medida em que não há resposta à altura – leia-se, órgãos de controle internos e externos – o que esperar de uma instituição que se autodenomina defensora da cidadania?

 

Burocracia

 

Prefeito Fuad Noman (PSD), em Brasília, solicitou ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, apoio para desembaraçar o impasse entre o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em relação à jurisdição do Anel Rodoviário, que está emperrando a obra de duplicação de viadutos. O governo federal já liberou os recursos – da ordem de R$ 62 milhões –, o projeto e licenciamento da obra estão prontos, e a PBH ainda não conseguiu abrir o processo licitatório porque depende da assinatura do órgão responsável.

 


PAC

 

A Alexandre Padilha, Fuad Noman reiterou o pleito da PBH, no âmbito dos investimentos do PAC, da ordem de R$ 300 milhões destinados à aquisição de ônibus elétricos.


Com Pacheco

 

A pauta entre Fuad Noman (PSD) e o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD), foi política. Reeleição, o embarque do PSD no governo municipal e políticas de aliança foram temas discutidos. Fuad gostaria de ter Pacheco atuando na costura do leque de apoios partidários, entre eles o União, legenda com a qual o presidente do Congresso tem, em Minas, trânsito livre.


Apologia ao torturador

 

O Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG) confirmou, na terça-feira, a demissão por justa causa do funcionário de um hospital em Belo Horizonte por usar camisa com a imagem do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra durante o expediente. Considerou a camisa que estampava “Ustra vive” apologia à tortura e à figura do torturador.

 


Candidatura do Novo

 

O presidente municipal do Novo, Frederico Papatella é enfático em desmentir a boataria de que o governador Romeu Zema (Novo) estaria inclinado a apoiar o senador Carlos Viana (Podemos) na disputa à PBH. “Nossa candidata é a Luísa Barreto, secretaria de estado de Planejamento e Gestão. Ela tem total apoio de Romeu Zema, que vai estar na campanha”, afirma Papatella. “Seguimos tentando unir o centro e a direita, em busca de uma candidatura única. Luísa transita bem com todas as ideologias políticas, tem experiência de gestão e tem pulso firme. É a melhor candidata”, afirma.


Notícia de fato

 

Protocolada denúncia contra o promotor Francisco Santiago, junto ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) pelos conselheiros Rodrigo Badaró e Rogério Varela, que representam a categoria da advocacia na composição. Ambos solicitam à Corregedoria do órgão que afaste Santiago do posto de promotor durante as apurações sobre sua conduta. Também a Corregedoria-Geral do Ministério Público de Minas Gerais registrou notícia de fato para esclarecimento o caso.