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Qualquer morador da Região Metropolitana de BH saboreia uma pequena porção do inferno, no quesito trânsito, quando se trata de fins de semana prolongados ou horários de pico nas cidades conurbadas a BH.

Instala-se o caos nas vias de acesso das cidades do entorno da capital, situação dramática para aqueles que possuem carros e para aqueles que necessitam utilizar transporte coletivo. Pelas estradas de Minas Gerais o cenário, com raras exceções, não é diferente. Mal sinalizadas, esburacadas, postos de atendimento de má qualidade, sem falar nos frequentes acidentes. São estradas mortais. Vários são os motivos. O primeiro, histórico e irreversível, diz respeito à opção preferencial pelo transporte automotivo.

Quem já teve a oportunidade de viajar pelo mundo sabe bem como as opções pelos outros modais de transportes são a regra e quase nunca a exceção, como no caso brasileiro. O transporte ferroviário está tocando nos modais pós-ferroviários como o Hyperloop e os chamados trens-bala orientais. O Brasil, nem linhas férreas, apresentáveis, possui.

Outro aspecto a considerar é que a chamada privatização das estradas apresenta resultados tímidos no tocante à conservação e quase nenhum, para a ampliação e duplicação. Um fracasso, sobretudo se considerados os valores dos pedágios.

Em Minas Gerais o cenário é mais desalentador, dados os estragos que as cargas e a mineração provocam nas rodovias. Enquanto o governo do estado finge não ser com ele, alguns prefeitos se veem forçados a assumir a duplicação de vias com recursos dos já combalidos caixas municipais.

Se a tragédia está estruturada na intermunicipalidade, o cenário ainda mais desolador quando tratamos da mobilidade urbana nos municípios mineiros. Dentro da lógica liberal do “estado mínimo” para a população, sequer há uma política de estímulo às administrações locais, para que desenvolvam a municipalização do trânsito.

Apesar de ser uma atribuição constitucional, também definida, no Código de Trânsito Brasileiro, dos 853 municípios mineiros, apenas 90 administram o trânsito interno; no Brasil, em média, 33% das cidades já fazem isso. Em São Paulo, 53% das cidades fazem a gestão do trânsito e, no Rio Grande do Sul, 97%, referência nacional em educação e segurança no trânsito.

O inferno na terra cresce, pois o diabo gosta de encomendas. Em 2021 morreram 33.813 pessoas no trânsito brasileiro, taxa 3,4% superior em relação a 2020. Divulgados os números preliminares de mortes em 2022 pelo Ministério da Saúde: 32.174 pessoa, aproximadamente 3,5% inferior ao registrado em 2021. Brasileiros e mineiros, especialmente, já purgam seus pecados em vida. Deus escreve sempre certo, mas as linhas podiam ser retas.

DIREITA

Escravismo digital

Em prefácio escrito para a obra “Direitos fundamentais e inteligência artificial: reflexões sobre os impactos das decisões automatizadas” (Editora D´Plácido), de Edilene Lôbo e Núbia Franco de Oliveira, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia chama atenção para o fato de que o uso indevido das tecnologias, o abuso de dados pessoais levam ao temor de um novo escravismo: o digital.

A obra foi lançada ontem, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda sem data definida, Edilene Lôbo, ministra substituta do TSE, programa lançar a obra em Belo Horizonte, possivelmente na Academia Mineira de Letras (AML).

Restrição aos direitos

“As tecnologias podem e não poucas vezes contrariam os objetivos que conduziram a conquista de novos conhecimentos e de novos meios de ação em benefício da humanidade”, diz Cármen Lúcia. Por isso, o uso e o abuso de dados, leva à inédita necessidade de regulação das produtoras e veiculadoras de conteúdos.

“Estas podem ampliar conhecimentos tanto quanto podem restringir direitos fundamentais, que desconhecem as liberdades humanas”, registra Cármen Lúcia, que considera ser central a reflexão sobre os meios de limitar o abuso das máquinas, a exacerbação dos usos de dados pessoais em detrimento do que é assegurado como conquista dos direitos humanos.

Machismo algoritmo

Edilene Lôbo faz reflexão sobre como, a exemplo do que ocorre na sociedade civil, o machismo está cristalizado no ambiente digital.

“A discriminação algorítmica é facilmente verificada, quando analisamos, por exemplo, o programa Word2Vec, que é capaz de identificar palavras e frases e relacioná-las com termos adequados para cada caso”, afirma. Uma das analogias feitas, em inglês, gerou resultados segundo os quais “homem” está para “programador” assim como “mulher” está para “dona de casa”.

Não apenas o machismo algoritmo, mas também estudos revelam que no sistema de IA está presente o enviesamento aporofóbico – rechaço e desprezo pelo pobre. Mas a tecnologia não é apenas uma metáfora racial, mas, antes, um dos meios para que as formas de desigualdades sejam atualizadas, escreve Edilene Lôbo.

ESQUERDA

Novos polos

Fruticultura, Cachaça e Moda. Três projetos de lei em tramitação na Assembleia Legislativa, criam polos, nessa ordem, em Visconde do Rio Branco, na Zona da Mata; no Vale do Piranga; e em Juruaia, no Sul do estado. Coronel Henrique (PL), Grego da Fundação (PMN) e Antonio Carlos Arantes (PL) são os autores.

Porta de saída

O PSD estadual já sinalizou aos vereadores Cláudio do Mundo Novo, Fernando Luiz e Ramon Bibiano que deverão deixar a legenda. O primeiro é ligado ao deputado federal Eros Biondini (PL), além de integrante da família Aro. Já Fernando Luiz – vinculado à Igreja Universal – e Ramon Bibiano são do grupo de Gabriel Azevedo (sem partido), presidente da Câmara Municipal. A tendência de Fernando Luiz é de se filiar ao Republicanos. Já Ramon Bibiano estuda as suas opções.

Brutus

O presidente estadual do PSD, Cássio Soares, explica por que motivo irá “pedir licença” para Fernando Luiz e Ramon Bibiano: “Não foram leais ao partido e ao prefeito Fuad Noman”. Segundo Cássio Soares, saem três e, com a nova chapa que está estruturando, serão eleitos entre cinco e seis.

Deixa disso

Apesar do recente vídeo do ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), em apoio ao lançamento da campanha de Rogério Correia (PT) à Prefeitura de Belo Horizonte, Cássio Soares afirma que o partido estará unido em torno de Fuad Noman. “Ele é ministro, foi um gesto. Mas o engajamento será com Fuad”, diz Cássio. Será?