Anna Marina
Anna Marina
COMPORTAMENTO

A dificuldade do prazer com a ginástica

Acho que minha negação para o exercício físico é herança genética, não vejo ninguém da família ligado nessa ocupação, que ocupa a cabeça de muitas pessoas

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Tenho a maior inveja das pessoas que frequentam aulas de ginástica ou qualquer tipo de exercício fora de casa. Às vezes, penso que minha negação para o exercício físico é herança genética, não vejo ninguém de minha família ligado nessa ocupação, que toma a cabeça de muitas pessoas.

Conheço gente que não sai de casa antes de movimentar o corpo, só ou com professores. Qualquer tipo de exercício físico me dá uma canseira sem fim.

Tenho piscina em casa. No começo, era só a suposição de natação, de exercitar pernas e braços em movimentos necessários à saúde e ao bem-estar físico. Comecei bem entusiasmada, mas o interesse por exercícios dentro da água fria foram ficando mais distantes a cada dia. Meu corpo não se acostumava à água fria.

Meu marido – que já se foi há muito tempo – notou e resolveu esquentar a água. Naquela época, ainda não se usava energia solar para isso. A piscina era aquecida com gás. Já imaginaram o que custava no fim do mês? Achei o gasto inútil e tratei logo de convencê-lo de que a água quente não estava resolvendo nada.

A piscina ficava cheia, pois tenho muitos sobrinhos e eles gostavam de nadar na água cuja frieza era quebrada pelo gás. Saímos fora daquela novidade, cortamos o gás.

O pior de tudo é que eu preciso de exercício físico. Depois de duas quedas e duas vértebras quebradas, “consertadas” com cimento, a dor que sinto está longe de me dar felicidade. As pernas doem, os quadris doem. Movimentos novos sempre representam a chegada da dor.

Para dar uma folga, todos preconizam o exercício metódico. Namorados de minhas sobrinhas costumam me visitar com frequência e alguns chegam a trazer peças próprias para exercício sem muito esforço, só pedalando com os pés. Acho tudo isso uma ótima invenção, mas usar é outra coisa.

O pior é que as pernas vivem doendo, atualmente o problema cresceu tanto que me tornei cadeirante. A cabeça, claro, condena o uso de cadeira de rodas, mas o corpo agradece. Sempre que preciso comprar alguns itens básicos para minha casa, penso logo no dia em que fui ao supermercado de cadeira de rodas e não consegui fazer nada, ao contrário de quando usava as pernas, passo após passo.

Quando isso acontece, brota a vontade de me esforçar para poder voltar a andar, mas a dor me desanima. De noite, quando vou para a cama, percebo logo que não posso repousar como antigamente, as pernas só não doem na horizontal.

Não aceito de bom grado a dor, de noite só penso que no dia seguinte vou me esforçar. Tenho duas aulas de ginástica por semana. O que a professora mais escuta entre um exercício e outro é: “Já acabou?”. É claro que ainda está no começo, vou até o fim, procurando me esforçar e fazendo tudo da melhor forma possível. Ou melhor, o que meu corpo aguenta.

Só não entendo é esse lado da modernidade ditando que as pessoas devem manter o corpo sempre em bom estado, saudável e servindo ao dono da melhor forma que poder.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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