Nordeste impõe limite à ambição nacional de Zema
O desconhecimento deixou de ser neutro quando Zema passou a associar o Nordeste a uma lógica de dependência de auxílios, como o Bolsa-Família
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO
O Nordeste se tornou o principal entrave à tentativa de Romeu Zema (Novo) de se viabilizar nacionalmente na corrida presidencial de 2026. Não apenas pelo peso eleitoral da região, mas pelo acúmulo de declarações do governador de Minas Gerais que produziram desgaste político e reação institucional justamente onde o voto é decisivo.
Leia Mais
Pesquisas recentes apontam desempenho residual para Zema no cenário nacional. Em levantamentos do Genial/Quaest, ele aparece com percentuais entre 2% e 5% das intenções de voto, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera com cerca de 32% a 35%, a depender do cenário testado. Fora do Sudeste, especialmente no Nordeste, o índice de desconhecimento do governador mineiro é elevado, o que evidencia a dificuldade de projeção nacional da pré-candidatura.
Esse desconhecimento, no entanto, deixou de ser neutro quando Zema passou a vocalizar críticas diretas ao modelo de políticas sociais e a associar o Nordeste a uma lógica de dependência de auxílios. Ao afirmar que “ficar recebendo eternamente o Bolsa-Família não melhora a vida”, o governador rompeu a barreira regional não pela apresentação de um projeto nacional, mas pelo confronto discursivo.
A reação foi imediata. Os nove governadores nordestinos divulgaram nota conjunta de repúdio e acusaram Zema de estigmatizar a região, distorcer dados fiscais e tensionar o pacto federativo.
O episódio consolidou um ambiente de resistência política em uma região central para qualquer projeto presidencial. O Nordeste foi decisivo para a vitória de Lula em 2022 e segue como um dos principais pilares eleitorais do PT.
Em disputas nacionais, não é necessário vencer na região, mas é indispensável reduzir rejeições. As falas de Zema caminharam no sentido contrário e cristalizaram um passivo político difícil de ser revertido a curto prazo.
O desgaste regional se soma a outro problema estrutural da pré-candidatura: a dificuldade de viabilização dentro do próprio campo da direita. Embora dialogue com o bolsonarismo e já tenha defendido Jair Bolsonaro (PL) como o nome mais competitivo contra a esquerda, Zema não se consolidou como alternativa prioritária.
Leia Mais
A família Bolsonaro mantém distância estratégica e evita compromissos antecipados. Pesquisas que medem quem deveria liderar a direita em 2026 mostram Zema atrás de outros nomes, com índices na casa de 3% a 4%.
Nesse contexto, ganhou força nos bastidores a hipótese de uma composição em que Zema ocuparia a vaga de vice em uma eventual chapa encabeçada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), articulação já relatada por diferentes veículos e lideranças partidárias.
Mesmo essa alternativa, porém, enfrenta um obstáculo central. Para funcionar eleitoralmente, uma chapa presidencial precisa apresentar equilíbrio regional e capacidade de diálogo com o Nordeste. Um vice com alta rejeição ou imagem negativa na região tende a fragilizar o conjunto da candidatura.
Leia Mais
Sem apoio explícito e consolidado do bolsonarismo, com baixo desempenho nas pesquisas e com uma relação desgastada com o maior bloco eleitoral do país, a ambição nacional de Zema encontra limites claros. Ao sair de trás e se apresentar como presidenciável, o governador ampliou sua visibilidade, mas também expôs fragilidades que, até então, estavam diluídas pela atuação estadual.
Em eleições presidenciais, são justamente esses fatores — números, alianças e relação com o eleitorado decisivo — que definem a distância entre projeto político e viabilidade real.
Com dor
O vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, teve uma madrugada “de muita preocupação” no hospital DF Star, onde está internado desde a última quarta-feira (24) para tratar uma hérnia inguinal. Pelas redes sociais, o legislador relatou que o pai apresentou elevação da pressão arterial, o que exigiu intervenção médica para controle do quadro, além do início de tratamento para apneia do sono. Procurados pela coluna, parlamentares do círculo mais próximo de Bolsonaro disseram estar preocupados com a saúde dele e atribuíram a situação ao que classificam como “tratamento insalubre” imposto pelo ministro Alexandre de Moraes.
Férias com treinão
De férias, o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Juliano Lopes (Podemos), tem compartilhado nas redes sociais registros do descanso em Caraíva, no Sul da Bahia. Ex-personal trainer e ex-árbitro, aproveita a pausa para dividir dicas de treino e motivação com seguidores, sob o mote de “passar o verão no shape”.
Palácio Tiradentes
Sem apoio para Kalil, Pacheco ou Marília, o tabuleiro eleitoral para o governo de Minas pode ganhar uma nova peça nas primeiras semanas de 2026. Um grupo de articuladores liderado pelo ex-deputado federal Romeu Queiroz tenta viabilizar o nome de Walfrido Mares Guia, vice-governador entre 1995 e 1998, como pré-candidato ao Palácio Tiradentes, com apoio de interlocutores em Brasília que buscam um sinal verde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Portas fechadas
As audiências de custódia de Filipe Martins e de outros oito réus condenados à prisão domiciliar pela tentativa de golpe ocorreram na tarde deste sábado (27), desde as 14h, conforme despacho do ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos no Supremo Tribunal Federal (STF). Ao todo, foram expedidos 10 mandados de prisão, nove deles cumpridos pela Polícia Federal (PF) nas primeiras horas do dia. Ao converter as medidas cautelares em prisão domiciliar, Moraes apontou o risco de fuga para o exterior como modus operandi, citando a saída de Alexandre Ramagem para os Estados Unidos e a tentativa de fuga de Silvinei Vasques pelo Paraguai, com destino a El Salvador.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
