-  (crédito: Sergio Lima/AFP)

crédito: Sergio Lima/AFP

Para que a tragédia de Brumadinho nunca mais aconteça, a Esplanada dos Ministérios em Brasília amanheceu ontem, com 273 cruzes fincadas e estampadas com os nomes das vítimas do distrito do Córrego do Feijão. Cinco anos após o rompimento da barragem, a cidade mineira ainda vive em silêncio. A dor ainda reflete em três “joias” como são chamadas as vítimas – que seguem desaparecidas.

Com isso, a luta dos familiares das vítimas por justiça é protagonizada no Congresso Nacional por dois parlamentares mineiros: os deputados federais Rogério Correia (PT) e Pedro Aihara (PRD).
Rogério Correia foi o relator da CPI de Brumadinho e é presidente da Comissão Externa de Fiscalização de Barragens. Também é o autor e relator da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (Pnab), sancionada pelo presidente Lula (PT). À coluna, o deputado, que estava voltando dos atos em Brumadinho, comentou. “A cada frase dita, eles gritavam: ‘Não iremos esquecer’. É muita tristeza, muito choro, muita comoção, mas é principalmente um clamor para que o que estamos fazendo e lutando seja ouvido.”

Aihara é ex-bombeiro militar e trabalhou como porta-voz da corporação durante as tragédias de Mariana e Brumadinho. Ele também estava nos atos que marcaram os cinco anos do crime e foi o deputado responsável pelas mais de 200 cruzes fincadas em Brasília. “É simbólico, são cinco anos do desastre, temos problemas até hoje na reparação. Precisamos mostrar que esta é uma tragédia não apenas mineira, mas do Brasil. Mostrar para nossa população a importância disso”, disse.

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Ambos os deputados estiveram na semana passada na sede do Tribunal Regional Federal da 6ª Região e participaram de uma reunião com presidente da corte, Mônica Sifuentes, para discutir o fato de que, cinco anos após o rompimento, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que a competência para julgar o caso é da Justiça Federal.

Rogério Correia criticou a impunidade, mostrou-se indignado por ninguém ter sido punido até agora pela tragédia-crime. Outro ponto destacado foi o das indenizações individuais, que, segundo Correia, em 75% dos casos, foram resolvidas de forma injusta, muito abaixo do valor.

Já Aihara colocou na mesa uma dúvida: a verdadeira importância de uma mudança no modelo de governança dos setores de certificação e fiscalização de barragens, para que não sejam corrompidos. Além disso, o deputado destacou seus projetos para que familiares tenham justiça. Meses atrás, o parlamentar ficou mais de oito horas ouvindo cada vítima durante audiência pública realizada na Câmara Municipal.

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Em conjunto, os dois parlamentares também alertam para o risco de contaminação do Rio Paraopeba. Estudos mostram que a água e alimentos de Brumadinho estão contaminados pelos minérios deixados no local após o rompimento da barragem.

 

“Dia triste para Minas”


Quem também comentou a passagem dos cinco anos da tragédia de Brumadinho foi o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que, como mineiro, apontou a data como “um dia triste para Minas Gerais e toda a sociedade brasileira”. Ele destacou que a fazer justiça no caso dos rompimentos das barregens de Brumadinho e Mariana é uma prioridade do governo Lula. Lembrou que, ao iniciar seu trabalho à frente da pasta, orientou os servidores a priorizar uma mineração séria e segura, que reduza os impactos nas comunidades. “Nossos recursos naturais devem servir ao povo, não o contrário. Eles precisam ser utilizados de forma responsável, garantindo o crescimento da atividade de maneira segura, com retorno social, gerando emprego e renda para a população”, afirmou.


Vitória no Congresso

Em conversa com parlamentares sobre a tragédia de Brumadinho, a coluna concluiu que a aprovação da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (Pnab) foi, até agora, a maior vitória de quem luta pelo fim dos desastres. A lei foi aprovada na Câmara em 2019, no calor das discussões do rompimento da barragem. No entanto, ao chegar ao Senado, sofreu inúmeras alterações, enfrentando obstruções de lobistas e grandes empresários. Apesar disso, conforme prometido durante a campanha, Lula fez questão de apoiar o texto original, que foi aprovado no ano passado.


Heróis na primeira página

Foi lançado o documentário "Heróis na Primeira Página", produzido pela jornalista Deborah Lima. O filme aborda a relação entre os jornalistas e os bombeiros militares durante a tragédia de Brumadinho, revelando os bastidores da cobertura realizada no Estado de Minas. Essa cobertura resultou na criação da premiada capa "Heróis". Para assistir ao documentário, basta acessar o site: http://deborahlima.blog/

 

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