Fachada do Ministério de Minas e Energia, em Brasília -  (crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

Fachada do Ministério de Minas e Energia, em Brasília

crédito: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Uma disputa interna no comando do Ministério de Minas e Energia chegou ao fim. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exonerou ontem o secretário-executivo Efraim Cruz após desavenças com o titular da pasta, o mineiro Alexandre Silveira. Número 2 do MME, Efraim teve uma passagem conturbada, incluindo polêmicas como a autorização de importação de energia da Venezuela para a Ambar, do grupo J&F, e a inserção de “jabutis' beneficiando o setor de gás natural no Projeto de Lei 11.247/2018.

O problema já começou com a nomeação de Efraim para a pasta. O ex-secretário tinha dois padrinhos fortes: Davi Alcolumbre (União-AP) e o empresário baiano Carlos Suarez, o rei do gás. Na época, Silveira queria nomear Bruno Eustáquio, mas ele foi vetado por ter ocupado cargos no governo de Jair Bolsonaro (PL). Desde então, a queda de braço era tão intensa que alguns servidores consideravam o ministério dividido: “O MME de Silveira” e o “MME de Efraim”, com agendas diferentes, inclusive do ponto de vista ideológico. Sem opção, Silveira precisou lidar com Efraim, que teve atitudes criticadas no ministério por suas alianças políticas, incluindo alguns momentos em que pareceu beneficiar Carlos Suarez.

Além disso, a Comissão de Ética Pública da Presidência instaurou procedimento para investigar denúncias de “suposto desvio, falta de transparência e imprecisões na agenda pública” de Efraim durante julho de 2022, quando era diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em sua conta no Linkedin, no início de 2024, Efraim afirmou que teve “seus planos postergados” no final de 2022, pois, antes de ser nomeado secretário-executivo do ministério, planejava iniciar nova vida como advogado privado após concluir seu mandato de quatro anos como diretor da Aneel.

Essa é a primeira vez que o governo Lula troca um integrante do alto secretariado por rixas internas. Com a demissão, Arthur Valerio ocupará o cargo. Ele tem longa carreira como consultor jurídico em diversas pastas, atuando no Ministério dos Transportes durante as gestões petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, entre 2006 e 2015. Desde março de 2023, atuava como consultor jurídico do Ministério de Minas e Energia.

Vereador ganha cargo na ALMG

Mesmo após perder o mandato em dezembro, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou a chapa do PSL nas eleições de 2020, a vida do ex-vereador Diego Espino, de Divinópolis, aliado político da família Azevedo, não está difícil. Agora, ele ocupa o cargo de assessor da deputada Lud Falcão (Podemos) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A troca de favores já é vista como uma possível aliança para as eleições de outubro deste ano.

Barragens em Minas

Muitos ambientalistas consideram que um dos principais problemas de Minas Gerais é a falta de fiscalização de barragens no estado. A Agência Nacional de Mineração (ANM), com apenas 18 fiscais no estado, tem tido pouca atuação na região. No entanto, uma nova parceria com a Defesa Civil pode alterar essa situação. Um acordo de cooperação técnica foi assinado pelo diretor-geral da ANM, Mauro Sousa, e o coronel Carlos Frederico Garcia, chefe do Gabinete Militar do Governador e coordenador estadual da Defesa Civil.

O que dizem os mineiros sobre Lewandowski

A coluna quis saber de parlamentares de Minas o que eles acharam da escolha do novo ministro da Justiça. 

Carlos Viana (Podemos), senador
“Não é surpresa a indicação dele. Dar a ele a responsabilidade de manter os direitos eleitorais é algo totalmente fora do que está previsto na Constituição. Portanto, Lewandowski se torna um homem de confiança de Lula no Ministério da Justiça, e, ao meu ver, é a República que perde.” 

Ana Pimentel (PT), deputada federal
"É mais uma decisão sensata do presidente. Ricardo Lewandowski é um jurista com larga experiência e como ministro do STF pautou sua atuação na garantia de direitos sociais, pautas progressistas e compromisso com a democracia" 

Cabo Junio (PL), deputado federal
“É um escárnio e, para mim, não é surpresa. Escárnio pela relação de intimidade que este governo tem com o STF, agora nomeando o ex-ministro para uma atividade política. Isso sem levar em conta a incompetência deste senhor para tomar conta de qualquer assunto relacionado à segurança pública, muito menos gestão. É uma brincadeira que se faz com o povo brasileiro no uso da máquina pública.”

Pedro Aihara (PRD), deputado federal
“O ministro Lewandowski detém características importantes para conduzir a pasta. Espero que ele possa trabalhar mais pela segurança pública do que o anterior. A maior falha do ministro [Flávio Dino] foi ficar muito preocupado com polêmicas, lacração na internet e deixar de entregar um trabalho considerável. Espero que o novo ministro se preocupe em valorizar o servidor da segurança pública, que atualmente é quem mais vem sofrendo.”