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Desprezados, isolados e traídos. Este é o sentimento predominante entre alguns membros do Progressistas (PP) em Minas Gerais, que enfrentam dois problemas: a distância da orientação nacional do partido, devido a divergências ideológicas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o descontentamento em relação a um membro proeminente da hierarquia do partido mineiro: o secretário da Casa Civil, Marcelo Aro.

Em conversas com esta coluna, dois deputados afirmaram que Aro tem minado alianças e usado o partido como moeda de troca. Para eles, Aro é um "assediador de prefeitos" que busca articular candidaturas de políticos externos ao partido, traindo seus próprios correligionários e minando as chances de reeleição de alguns deputados.

A divergência chegou a interferir em uma reunião com Zema na terça-feira, quando os deputados federais Pinheirinho (PP-MG), Dimas Fabiano (PP-MG) e Ana Paula Junqueira (PP-MG) deixaram o local ao saberem que Aro estaria presente.

O outro lado da moeda

Mas nem todos torcem o nariz para Aro. Outros membros da legenda elogiam o secretário e argumentam que a disputa está relacionada ao protagonismo estadual. Para pessoas próximas, Aro argumenta que os deputados que o criticam não possuem grande relevância política e, portanto, buscam desgastar sua imagem perante Zema para obterem maior influência nas articulações políticas.

Cabeça das articulações em Brasília, o secretário vem desempenhando suas funções junto ao governador Zema, o que pode ter gerado “ciúmes” em alguns parlamentares, que antes da posse do secretário tinham livre acesso ao governador. Reconhecido como líder de um dos maiores grupos políticos de Minas Gerais, Marcelo Aro é considerado por algumas lideranças como uma peça crucial no governo mineiro.

Isolamento Político

Enquanto os deputados do PP enfrentam dificuldades com Marcelo Aro, em Brasília, outro líder político vem causando atrito na relação com a base do PP no estado. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já deixou claro que será base do governo Lula.

No entanto, essa decisão está em desacordo com a ideologia do partido em solo mineiro. O problema se estende ao ponto de as votações nunca coincidirem e as divergências serem extremas. Enquanto os membros do PP em Brasília aprovam projetos do petista, os mineiros seguem contra as decisões, isolando assim a bancada mineira da legenda nacional.

Contando nos dedos

Diante do embate partidário dentro do PP em Minas, a coluna buscou entender como outros parlamentares enxergam a relação do secretário Marcelo Aro em Brasília. E a constatação foi de que o descontentamento se estende além das fronteiras da legenda.

Um deputado enumerou os aliados e opositores de Aro dentro da Câmara dos Deputados. Do lado dele estão: Nely Aquino (Podemos-MG), Fred Costa (Patriota-MG), Eros Biondini (PL-MG), Pedro Aihara (Patriota-MG), Newton Cardoso Jr (MDB-MG) e Zé Silva (Solidariedade-MG). Já entre os opositores, foram identificados: Igor Timo (Podemos-MG), Pinheirinho (PP-MG), Greyce Elias (Avante-MG) e Samuel Viana (PL-MG). De acordo com o parlamentar, o restante dos deputados não tem interesse em conversar, nem com o governador, nem com o secretário. "É como se não estivessem nem aí."

Homenagem

Apesar dos desentendimentos com uma parcela dos deputados, Marcelo Aro ganhou uma homenagem na Câmara dos Deputados. Em meio às confusões, uma deputada colocou na porta do seu gabinete uma placa: 'Casa da Família Aro'.

Eleições

Em meio à disputa pelo protagonismo na resolução da dívida de Minas com a União, acordos vêm sendo estabelecidos. É possível que no próximo ano o PSD, o PT e o União Brasil se unam em um acordo para minar ainda mais a imagem do governador Romeu Zema.