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Estado de Minas

Espetacular, O gambito da rainha revela custo da genialidade

Série da Netflix revela a história de Beth Harmon, que tem obsessão pelo xadrez e passa cada vez mais a depender de vitórias, de bebida e de remédios


01/11/2020 04:00

Beth Harmon, protagonista criada por Anya Taylor-Joy, exprime força e fragilidade em igual medida (foto: Netflix/Divulgação)
Beth Harmon, protagonista criada por Anya Taylor-Joy, exprime força e fragilidade em igual medida (foto: Netflix/Divulgação)
A Netflix está longe de acertar sempre, mas quando acerta é sempre com uma bola dentro. Chegada há pouco à plataforma, a minissérie O gambito da rainha é uma narrativa fora dos padrões. A fonte é de primeira, diga-se de passagem.

A produção é uma adaptação do romance homônimo (inédito no Brasil) do escritor norte-americano Walter Tevis (1928-1984), também o autor dos livros que geraram os filmes Desafio à corrupção (1961), vencedor de dois Oscars; O homem que caiu na Terra (1976), estrelado por David Bowie; e A cor do dinheiro (1986), de Martin Scorsese.

Lançado como romance em 1983, O gambito da rainha mostra quão caro custa a genialidade. A personagem central é Beth Harmon (na série, vivida por Anya Taylor-Joy, que também está no filme Os novos mutantes, recém-chegado aos cinemas), uma jovem sozinha que cresce em um orfanato do Kentucky no final dos anos 1950.

Aparentemente comum, ela descobre, através da amizade com um faxineiro, seu talento para xadrez. Abrindo um parêntesis aqui: para não iniciados, gambito é uma artimanha utilizada para derrotar um adversário no xadrez, um lance inicial em que o jogador sacrifica uma peça para adquirir vantagem de posição ou causar a perda de uma peça de seu oponente.

Pois Beth começa a jogar aos 9 anos, sem nunca ter tido a menor aproximação com o xadrez. Seu companheiro logo descobre sua inteligência para o jogo, que ela desenvolve nas noites, quando, depois de tomar “pílulas mágicas” (o orfanato dava tranquilizantes para as internas), começa a imaginar jogadas no teto do prédio. O xadrez, na cabeça dela, tem vida.

DEPENDÊNCIA 
Uma vez adotada por uma família, ela já adolescente começa a desenvolver suas habilidades. O xadrez é sua única paixão e acaba se tornando uma obsessão ser a melhor jogadora do mundo. Não podemos esquecer que nos anos 1960 a presença feminina era mais do que desacreditada no mundo do enxadrismo.

Só que o lado negativo não demora a se manifestar. Com uma tendência para a autossabotagem, Beth se mantém quase isolada do mundo e passa a depender cada vez mais das vitórias, da bebida e dos remédios. A reconstituição de época é primorosa e a protagonista criada por Anya Taylor-Joy exprime força e fragilidade em igual medida.

E você não precisa entender nada de peões, cavalos e torres para acompanhar a série. Aliás, a tensão criada a cada partida é digna de um bom thriller.

O GAMBITO DA RAINHA
. 7 episódios
. Netflix



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