Presidente Lula sorrindo

A consulta pública também sugere parcerias com emissoras comerciais de rádio e TV para campanhas e até mesmo transmissão obrigatória de programas educacionais

EVARISTO SA
O governo Lula tem planos de estabelecer parcerias com influenciadores digitais em ações voltadas para a educação no uso das redes sociais e o enfrentamento das fake news. O projeto inclui a nomeação de influencers como 'embaixadores da educação midiática', parte das estratégias de educação midiática no Brasil propostas pela Secretaria de Comunicação (Secom) em uma consulta pública recentemente lançada. A educação midiática tem como foco promover um uso mais consciente e saudável da tecnologia. Entre seus objetivos estão o combate às fake news, aos discursos de ódio, ao cyberbullying e aos danos causados pelo uso excessivo de telas, especialmente entre crianças e adolescentes. A consulta pública, aberta para comentários da sociedade até 15 de junho, foi elaborada pela recém-criada Secretaria de Políticas Digitais, subordinada à Secom e liderada por João Brant, doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo. Em um evento de educação midiática na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) em São Paulo, Brant citou um estudo do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) que mostra que as fake news circulam 70% mais no Twitter do que notícias verdadeiras. Ele também mencionou a presença de conteúdo incentivando o suicídio de crianças e jovens no TikTok. Segundo Brant, o governo planeja lançar um guia de orientação sobre a relação de crianças e adolescentes com as telas no segundo semestre, abordando os danos causados à saúde mental, ao desenvolvimento cognitivo e à capacidade de concentração. Esse material será produzido em conjunto com o Ministério da Educação. O governo também pretende criar um programa de TV em parceria com a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), a ser exibido na TV Brasil. A consulta pública sugere parcerias com emissoras comerciais de rádio e TV para campanhas e até mesmo transmissão obrigatória de programas educacionais, uma proposta que pode gerar polêmica. A consulta pública defende a inclusão da educação midiática nas escolas e a formação específica de professores na área. Além disso, propõe a produção e disseminação de conteúdos pedagógicos para a educação nas mídias nas plataformas digitais do MEC e o incentivo ao desenvolvimento de materiais didáticos sobre o tema através de programas governamentais. O documento da Secom aborda fenômenos digitais que afetam a saúde mental na infância, como o cyberbullying, transtornos de imagem corporal, autoestima e riscos relacionados à sexualidade, nudez, sexting, abuso sexual e estupro virtual. A proposta prevê a articulação com os Ministérios da Saúde, Direitos Humanos e Cidadania, além do MEC. A consulta pública também prevê oficinas para adultos, visando públicos mais vulneráveis economicamente e socialmente, como idosos, comunidades indígenas, quilombolas e catadores. O resultado da consulta será debatido em uma audiência pública no dia 22 de junho.