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Estado de Minas

Vinte anos depois da Dolly, clones humanos ainda são ficção científica

Passadas duas décadas, muitas das expectativas geradas com a criação da ovelha clonada - como a criação de órgãos para transplantes - não se realizaram. A façanha, contudo, impulsionou estudos com células-tronco e inspira projetos para evitar a extinção de espécies


postado em 05/07/2016 10:30 / atualizado em 05/07/2016 10:51

Ian Wilmut, o
Ian Wilmut, o "pai" de Dolly, com o corpo preservado do animal: ovelha clonada morreu em 2003, devido a uma doença no sistema respiratório (foto: AP Photo/PA, Maurice McDonald)

Uma revolução científica se iniciava há 20 anos, com o nascimento da ovelha Dolly, o primeiro clone de um animal adulto em laboratório. Embora muitas das expectativas (positivas e negativas) surgidas com a façanha tenham sido frustradas — os ganhos para a medicina não aconteceram de forma tão rápida quanto se esperava nem exércitos de clones humanos se tornaram realidade, como alguns temiam —, o conhecimento adquirido permitiu o avanço de estudos com células-tronco e inspiram hoje programas para evitar a extinção de espécies ameaçadas.

A técnica usada pela equipe de Ian Wilmut, pesquisador do Instituto Roslin, em Edimburgo (Escócia), chama-se transferência nuclear de células somáticas (TNCS). Ela consiste em retirar o núcleo de um óvulo não fecundado e substituir esse conteúdo pelo interior extraído de uma célula adulta. Assim, esse óvulo esvaziado recebe o DNA dessa célula adulta e, depois de implantado em uma fêmea, se desenvolve normalmente, como um filhote originado de um único animal.

A cria nascida desse processo é um clone porque ele herdou a carga genética apenas do doador da célula adulta, o que significa que os dois animais têm o DNA idêntico. A fêmea na qual o óvulo é inserido funciona apenas como uma barriga de aluguel, não transmitindo nenhum gene à cria. Dolly, por exemplo, era a cópia de uma ovelha da qual Wilmut, hoje professor emérito da Universidade de Edimburgo, havia retirado células mamárias, mas a gestação aconteceu em outra fêmea.

Ao relembrar seu trabalho para o site da revista especializada Nature, o cientista ressaltou o tamanho do feito: “Há algo entendido de maneira errada até hoje. Dolly costuma ser descrita como o primeiro mamífero clonado de uma célula adulta. Na verdade, ela é o primeiro clone de um adulto, ponto final. Ela é frequentemente desvalorizada”, desabafou.

Desde 1996, grupos de pesquisa de vários países repetiram o feito, gerando outros animais clonados a partir da mesma técnica ou de procedimentos parecidos. O Brasil faz parte desse time desde 2001, quando a equipe de Rodolfo Rumpf, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), produziu Vitória, uma bezerra nascida na Fazenda Experimental Sucupira, em Brasília. O domínio da técnica fez com que o órgão brasileiro criasse programas de melhoramento genético de rebanhos e inspirou uma inciativa cujo objetivo é evitar a extinção de espécies como o lobo-guará e o cachorro-do-mato.


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