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Estado de Minas

Pequeno destruidor, verme-da-nova-guiné é encontrado nos Estados Unidos

Pela primeira vez, a espécie invasora capaz de causar grande desequilíbrio ambiental, é encontrado nos Estados Unidos. Especialistas temem que ele se espalhe pelo continente


postado em 05/07/2015 00:12 / atualizado em 05/07/2015 10:39
https://www.em.com.br/app/noticia/tecnologia/2015/07/05/interna_tecnologia,665089/pequeno-destruidor.shtml

 

Ele tem apenas 5cm de comprimento e não mais que 5mm de largura, mas causa enorme estrago por onde passa, sempre em bando. Depois de causar desequilíbrio ambiental em territórios do Pacífico e da Europa, onde ameaça a criação de escargôs na França, o verme-da-nova-guiné foi encontrado pela primeira vez no continente americano, em áreas de Porto Rico e da Flórida, segundo artigo publicado na Peer J. Agora, especialistas temem que o Platydemus manokwari, única espécie de planária na lista das 100 espécies invasoras mais perigosas da União Internacional da Conservação da Natureza (veja quadro), se espalhe pelo continente, podendo chegar até a América do Sul.

As principais vítimas desse verme de cabeça alongada e proeminentes olhos pretos são caracóis terrestres. Para leigos, a fonte de alimentação da planária pode ser insignificante, mas a voracidade com que ela ataca as espécies que vivem na região que invade, chegando a subir em árvores para continuar a caçada, gera um grande desequilíbrio. “Sabemos que, em todos os lugares onde a espécie se instalou, ela destruiu toda a fauna de caracóis à sua volta. Mas as perspectivas são ainda piores porque, primeiro, ela come os caracóis e, em seguida, tudo o que se mexe no solo e tem um corpo mole, como as minhocas”, explicou em entrevista à radio francesa Jean-Lou Justine, pesquisador do Instituto de Sistemática, Evolução e Biodiversidade, em Paris, e coordenador de um esforço internacional para mapear a propagação do verme, do qual participam 14 especialistas de oito países.

As amostras do verme foram identificadas por sua aparência característica e por meio de uma análise histológica frequentemente usada para caracterizar animais. A espécie já havia sido relatada na França, Austrália e territórios do Pacífico, incluindo Nova Caledônia, Taiti, Cingapura e Ilhas Salomão. O registro na Flórida, mais especificamente em jardins de Miami, é de especial preocupação por se tratar de uma região da América continental. Como a grande parte do territórios infestados são ilhas, a propagação da espécie acaba limitada. Agora, sem a água como barreira, esses platelmintos podem mais facilmente avançar pelo solo e se espalhar a partir da Flórida para todo o continente americano. Nos Estados Unidos, encontrou-se o tipo mundo, o mais comum. A outra variedade é o tipo australiano, que só foi encontrado até agora na Austrália e nas Ilhas Salomão.

Como uma brincadeira do destino, o primeiro país europeu a identificar a presença do verme devorador de caracóis foi a França, terra dos escargôs. Em novembro passado, o platelminto foi descoberto em uma estufa em Caen, na Normandia, acendendo a preocupação de cientistas e produtores da iguaria culinária. Após confirmar a identidade do invasor, Jean-Lou Justine fez um alerta sombrio. “Todos os caracóis na Europa podem ser dizimados”, disse à Discovery News. E completou: “Pode parecer irônico, mas vale a pena salientar o efeito que isso terá sobre a culinária francesa”. A notícia é mais um obstáculo para os criadores franceses, que enfrentam a concorrência forte dos escargôs produzidos na Polônia e na Romênia. A saída, contudo, pode estar no frio. Como o verme não se desenvolve bem em temperaturas abaixo de 10 graus, há esperança de que o inverno ajude a combater a praga.

Para Leigh Winsor, pesquisador da Universidade James Cook (Austrália) e coautor do trabalho que identificou a planária nos Estados Unidos, o verme-da-nova-guiné deve ter chegado à América a partir da França, provavelmente a bordo de alguma planta enviada da região do Pacífico.”Temos quarentena de jardins botânicos em Caen. Por isso, é importante a proibição de importação e exportação de vasos de plantas para outros jardins”, alerta Winsor.

Ameaças reais

A lista das 100 piores espécies exóticas invasoras usa como critérios o impacto sobre a biodiversidade e as atividades humanas. Conheça as cinco que encabeçam a relação:

1 Acacia mearnsii (acácia-negra ou acácia-australiana). Arbusto de crescimento rápido, ameaça hábitats competindo com vegetação nativa, reduzindo a biodiversidade e aumentando a perda de água a partir de zonas ribeirinhas

2 Achatina fulica (caramujo-africano). O molusco se alimenta de uma grande variedade de plantas de cultivo e pode representar uma ameaça para a flora local

3 Acridotheres tristis (myna-comum ou myna-indiano). Pássaro que vive em estreita associação com os humanos, compete com pequenos mamíferos e outras aves. Em ilhas como Havaí e Fiji, ele ataca ovos e filhotes de outros pássaros

4 Aedes albopictus (mosquito-tigre). Esse inseto se espalha principalmente pelo comércio de pneus transportados com  água da chuva acumulada. É associado a muitas doenças, incluindo a dengue, a febre do Nilo Ocidental e a encefalite japonesa

5 Anopheles quadrimaculatus (mosquito da malária). É o principal vetor da malária na América do Norte. As larvas são normalmente encontradas em locais com abundante vegetação aquática enraizada

Fonte:  União Internacional da Conservação da Natureza

Controle

Conforme o nome indica, o intruso voraz vem do sul do Pacífico. Sua eficácia como predador é tanta que o P. manokwari chega a ser criado em países do Pacífico para combater outra espécie exótica, o caracol-gigante-africano ou caramujo-africano, sob controle. A estratégia, no entanto, é considerada muito arriscada pelos cientistas, pois pode acabar prejudicando outras espécies de caracóis, minhocas e insetos.


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