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Estado de Minas

Robô Philae desacopla da sonda Rosetta e segue para cometa


postado em 12/11/2014 09:34 / atualizado em 12/11/2014 09:44

Philae vai medir o magnetismo, a temperatura e outras características da superfície do cometa, além de escavar a massa de gelo e coletar amostras para análise(foto: AFP PHOTO / ESA/ATG MEDIALAB)
Philae vai medir o magnetismo, a temperatura e outras características da superfície do cometa, além de escavar a massa de gelo e coletar amostras para análise (foto: AFP PHOTO / ESA/ATG MEDIALAB)

O pequeno robô Philae se separou nesta quarta-feira da sonda espacial europeia Rosetta e seguia para tentar pousar sobre um cometa, o que representaria um marco na história da exploração espacial.

O robô científico de observação desacoplou da Rosetta como estava previsto às 8H35 GMT (6H35 de Brasília) e iniciou a viagem de quase sete horas para pousar sobre o cometa 67P/Churyumov-Geramisenko. "Funcionou bem, estamos muito contentes, não aconteceram problemas", declarou Andrea Accomazzo, diretor de voo do centro de operações da Agência Espacial Europeia (ESA) em Darmstadt (Alemanha).

Desde 6 de agosto, a sonda não tripulada Rosetta se desloca a poucos quilômetros do corpo celeste a mais de 450 milhões de quilômetros da Terra, acompanhando o cometa em sua viagem à medida que se aproxima do Sol.

O módulo Philae permitirá explorar diretamente o núcleo do cometa, ou seja, a parte sólida que, com o efeito da radiação solar, gera a "coma" ou cabeleira e deixa uma cauda visível de gases e poeira.

O cometa está atualmente viajando entre as órbitas de Júpiter de Marte. Tem quatro quilômetros de diâmetro e formato irregular, que lembra um patinho de borracha.

Origem do Universo

Levar o equipamento até o corpo celeste foi uma verdadeira epopeia, que já dura mais de uma década. Como nenhum foguete tem a força necessária para alcançar um cometa em pleno movimento, os cientistas tiveram de optar por um caminho mais longo, pegando carona na órbita de outros astros até chegar ao objeto errante.

Rosetta foi enviada para o espaço em março de 2004 e, desde então, atravessou o Cinturão de Asteroides, visitou os arredores de Marte, passou três vezes pela Terra e encontrou os asteroides Steins e Lutetia. Depois, entrou num longo período de hibernação, para poupar energia, até acordar em janeiro deste ano e percorrer mais 9 milhões de quilômetros. “O pouso da Philae é apenas uma parte da missão Rosetta, que complementa os vários objetivos da missão principal”, frisa o pesquisador Nicolas Altobelli.

Com ou sem o pouso da sonda, a espaçonave ainda vai seguir em direção à sua missão final: acompanhar o cometa quando ele der a volta no Sol, em dezembro. O corpo celeste passa pela estrela a cada seis anos e meio, quando é aquecido pelo Astro-Rei e parte do seu núcleo entra em ebulição. Os cientistas acreditam que o fenômeno deve fazer o objeto expelir jorros de gás cheios de um valioso material antes inacessível para pesquisadores e que pode guardar respostas sobre a origem do Universo.

Moléculas orgânicas 

Os cometas são alguns dos objetos mais antigos do espaço, e, por isso, estima-se que eles sejam feitos de elementos que existiam na época primordial. Enquanto a Terra começou como uma grande esfera de lava, os cometas teriam se formado longe do Sol e trazido para o planeta os elementos necessários para a formação de vida. “Eles trouxeram as primeiras moléculas orgânicas, que teriam sido as precursoras da origem da vida na Terra”, aponta Othon Winter, professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e um dos pesquisadores brasileiros que trabalham há muitos anos na comprovação dessa teoria. Segundo o brasileiro, um terço da água da Terra teria origem nos milhares de cometas que já atingiram o planeta no passado.

A sonda vai usar uma dezena de diferentes instrumentos científicos para encontrar assinaturas químicas que deem aos cientistas uma ideia de como era o Cosmos no começo. De acordo com o pesquisador Colin Snodgrass, da Open University, no Reino Unido, o contato direto com o 67P é a única forma de descobrir do que exatamente o objeto é feito. “O cometa interage com a luz do Sol, o que significa que há reações químicas na coma (nuvem de gás do cometa). Então, o que vemos com um telescópio pode não ser a mesma coisa que deixou a superfície dele”, explica. Snodgrass é um dos cientistas que acompanham a missão da Terra por meio de telescópios, sendo integrante de uma das várias equipes que participam da análise dos dados coletados.

A Open University desenvolveu um dos equipamentos da espaçonave, projetado para analisar o gás do objeto espacial. Chamada Ptolemy, a ferramenta pode identificar elementos como carbono, oxigênio e água, importantes ingredientes para a formação da vida. “Uma crucial tarefa para Rosetta é testar quão similar é a composição do cometa em relação à água da Terra, o que vai ajudar a provar, ou não, que os nossos oceanos realmente vieram do gelo de cometas”, conta o cientista.

 

Descoberta ucraniana
O 67P/Churymov-Gerasimenko foi batizado assim em homenagem aos astrônomos ucranianos que o viram pela primeira vez, no Cazaquistão, em 1969. Desde então, o cometa passou pela Terra outras seis vezes: em 1976, 1982, 1989, 1996, 2002 e 2009. Embora os pesquisadores tenham conseguido produzir diversas imagens dele, inclusive com o telescópio espacial Hubble, seu brilho aumenta consideravelmente sempre que ele passa perto do Sol, tornando muito difícil fazer estimativas sobre o seu formato ou a sua composição a partir da Terra. Rosetta foi o primeiro equipamento a obter imagens em alta resolução do objeto.

 


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