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Estado de Minas

Time Warner abre mão das revistas para se livrar de perdas depois da tecnologia digital

Editora da 'Time' torna-se independente e inicia nova era enquanto a Time Warner se concentra em atividades audiovisuais mais lucrativas, como os canais de televisão HBO e CNN, e os estúdios cinematográficos Warner Bros


postado em 06/06/2014 08:43 / atualizado em 06/06/2014 08:55

WASHINGTON - A editora das revistas "Time", "Fortune", "People" e "Sports Illustrated" prepara-se para um recomeço, logo após ter se tornado independente do grupo de comunicação Time Warner, em um contexto difícil para a imprensa escrita desde o surgimento da tecnologia digital.

A divisão da Time Inc. acontece nesta sexta-feira após o fechamento de Wall Street e colocará fim a uma união que remonta a 1990. As ações da nova empresa serão distribuídas entre os atuais acionistas da Time Warner, em proporção de um título novo para cada oito anteriores.

A operação, similar à que dividiu em dois o império do magnata Rupert Murdoch no ano passado, permitirá à Time Warner se concentrar em suas atividades audiovisuais mais lucrativas, como os canais de televisão HBO e CNN, e os estúdios cinematográficos Warner Bros.

A Time Warner "abre mão das revistas para se livrar de perdas contínuas, ano após ano", comenta Nikki Usher, professora da universidade George Washington, especializada em novos meios. ''É reconhecer que os meios impressos não têm mais perspectivas de crescimento", argumenta Ken Doctor, analista da empresa de pesquisa Outsell.

Desde a criação da emblemática revista "Time" em 1922, a companhia traçou um caminho: a Time Inc. edita atualmente 23 revistas que contam mensalmente com 100 milhões de leitores americanos em versão impressa e 70 milhões na versão online. No mercado mundial, edita 90 títulos.

Mas no ano passado registrou lucros de apenas 201 milhões de dólares, para um volume de faturamento com retrocesso de 5%, a 3,35 bilhões de dólares.

"É um contexto muito difícil para o setor de revistas", estima Mark Jurkowitz, um responsável pelo centro de pesquisas Pew sobre jornalismo, que realizou estudos recentes mostrando uma diminuição de 43% das vendas de exemplares desde 2008.

O especialista acrescentou que, de acordo com outro estudo, os postos de trabalho em revistas foram reduzidos em um quarto na última década, fazendo com seja mais difícil gerenciar simultaneamente atividades impressas e na internet.

"Estas revistas devem rentabilizar o digital", sugere, mas "não há uma receita milagrosa".

Recobrar sua independência
Neste contexto, a divisão talvez seja justamente a opção mais interessante para a Time Inc., adianta Samir Husmi, diretor do Centro de inovação em revistas da universidade do Mississipi.

Isto "devolve as revistas às mãos de pessoas que as conhecem e se preocupam, em vez de ser os filhos adotivos de um grande conglomerado", afirmou.

Os americano ainda leem muitas revistas e certas editoras como a Hearst (que publica a "Cosmopolitan" e as edições americanas da "Elle" e da "Marie-Claire") se recusaram a lançar novas publicações, preferindo manter as antigas com boa saúde, destaca Samir Husni.

Para Husni, a Time Inc. deveria voltar ao jornalismo de alta qualidade que lhe garantiu tanta reputação. "Ninguém sabe fazer publicações semanais como a Time Inc.", garante.

Recobrar sua independência pode também dar à Time Inc. a oportunidade de voltar a se concentrar e a desenvolver uma melhor estratégia para suas revistas e sua incorporação aos serviços online.

Ken Doctor projeta "vendas de ativos, e talvez aquisições". Considera que a publicação emblemática do grupo, a "Time", é "incrivelmente anacrônica", e acredita que a editora deve decidir se quer continuar concentrando-se nos temas de atualidade e nos longos formatos, ou inclinar-se pelas revistas "de sociedade", como a "Food & Wine" e a "Travel & Leisure".

Nikki Usher adverte também que se a nova empresa espera que a "Time" e a "Fortune" compitam com os jornais, terá que investir para ser capaz de cobrir temas de atualidade para seus leitores na internet, e reservar o formato mais longo para as edições impressas.

"Entre os melhores jornalistas, são muitos os que produzem em ritmo semanal, mas é preciso preencher o espaço da internet, 24 horas, 7 dias", sentencia.

 


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