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Estado de Minas

Ufop adapta o Android para carro e cria computador de bordo que pode integrar aplicativos

No futuro, novidade deve ter integração com Twitter para indicar melhor trajeto para fugir do trânsito


postado em 14/04/2014 09:44 / atualizado em 14/04/2014 09:41


Já pensou se o computador de bordo do carro, por reconhecimento facial, identificasse um padrão de sono ou que a pessoa ingeriu excesso de álcool e emitisse alertas para avisar o motorista? Essa possibilidade não está longe de se tornar real. Por meio do projeto Nexus, pesquisadores do laboratório iMobilis da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) têm estudado o recurso num sistema Android, do Google, adaptado para carros. Até o momento, eles já desenvolveram uma metodologia para fazer com que o sistema se inicie mais rapidamente – a média de 40 segundos caiu para cinco segundos. Assim, as informações chegam de forma mais ágil, dando segurança aos motoristas.

O laboratório fechou parceria com a Seva Engenharia Eletrônica, empresa de desenvolvimento de tecnologias para o mercado automobilístico, para fazer os testes. A companhia forneceu o hardware, enquanto os membros do laboratório personalizaram o software e propuseram a metodologia. Os resultados foram publicados no 3º Simpósio Brasileiro de Engenharia de Sistemas Computacionais, realizado em novembro do ano passado, por Ricardo Augusto Oliveira, coordenador do iMobilis, e o professor Vicente Amorim.

Segundo Ricardo, doutor em ciências da computação e professor da Ufop, as pesquisas na área são realizadas desde 2011, quando o sistema Android, plataforma aberta que ficou famosa em smartphones, ainda não era tão popular quanto hoje. A equipe é formada por quatro professores, cinco mestrandos e 12 graduandos das áreas de engenharia e ciências da computação.

O professor conta que os pesquisadores adaptaram o sistema para as condições de trabalho necessárias a um carro. O item mais básico de mudança foi a inicialização do sistema: no automóvel, ela deve ser quase imediata. Foram implementados níveis de prioridade no carregamento das tarefas, além da remoção de aplicações desnecessárias. “A primeira fase é a interação com o motorista. As regras são diferentes. O sistema não pode ter jogos que distraiam a atenção do condutor. É um utilitário do veículo”, esclarece Ricardo.

O coordenador explica que o computador de bordo em desenvolvimento tem sistema de comunicação, sensores do motor e da temperatura, além de todos as outras funcionalidades que os carros mais modernos trazem. “Por exemplo, a pessoa tem um celular com o aplicativo Waze, para ver o trânsito, mais o GPS e o rádio. A tendência é a integração dos três em uma só plataforma. Nossa proposta é nesse sentido, mas vai além, porque o sistema comunica com o carro”, explica. Supondo que o dispositivo já estivesse funcionando, ao entrar no carro, o motorista acionaria o sistema e teria em tempo real os locais com engarrafamento ou alagamento e opções de desvio para chegar ao seu destino final.

Aplicações futuras

Equipe no Laboratório iMobilis: testes de metodologia para integrar cada vez mais recursos como mapas, rotas e informações para quem está guiando um automóvel(foto: Eduardo Maia/divulgação)
Equipe no Laboratório iMobilis: testes de metodologia para integrar cada vez mais recursos como mapas, rotas e informações para quem está guiando um automóvel (foto: Eduardo Maia/divulgação)
O maior desafio, segundo Ricardo Oliveira, foi adaptar o sistema Android aos carros, já que ele não foi criado para isso. “Dentro de veículos há regras em relação ao consumo de bateria, à atenção do motorista... A forma de uso é diferenciada”, diz. Leitura de texto automática, comando de voz, bloqueio de determinados aplicativos com o carro em movimento e envio de dados para uma central são algumas das aplicações em desenvolvimento pelo laboratório da federal de Ouro Preto.

Oliveira conta que o sistema desenvolvido pelo Google já oferece certas funcionalidades, como suporte a ruídos e reconhecimento facial. “Seria possível cruzar os dados de uma freada brusca durante um acidente com a identificação de um padrão facial de alteração de humor, de agressividade. As aplicações são infinitas”, destaca. A equipe está avaliando esse recurso por meio de simuladores. Há uma normatização específica que deve ser levada em consideração: o computador não pode afetar a direção, no máximo emitir alertas.

Outra ferramenta pesquisada pela equipe mineira é a integração com um sistema de cidade inteligente. “Supondo que todas as linhas de ônibus tenham o Android e sensores de chuva, poderíamos fazer uma previsão meteorológica exata”, explica. Um interessante recurso que poderia ser implantado seria a capacidade do computador de bordo consultar postagens no Twitter sobre o trânsito, cruzar com informações da velocidade de deslocamento de outros carros com o sistema que estiverem passando no local, processar os dados e recomendar os melhores trajetos.

De acordo com Ricardo Oliveira, o Google já tem investido nessa área automotiva, a Apple finalizou um sistema integrado com o iPhone e grandes fabricantes de veículos anunciaram produtos próprios. A Ford, segundo ele, tem a proposta mais interessante entre as empresas, porque seu projeto é aberto aos desenvolvedores. Todo o mercado tem estudado quais são as melhores plataformas. “O sistema mais popular, no momento, é o Android, mas as criações ainda são incipientes. Não existe um padrão”, ressalva. Os veículos que poderão receber esse tipo de tecnologia fazem parte da frota de luxo, é claro.

 

SERVIÇO
Confira o projeto em desenvolvimento na Universidade Federal de Ouro Preto pelo site www.decom.ufop.br/imobilis.

 


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