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Estado de Minas

Mais cidades mineiras terão banda larga

Vinte e cinco cidades mineiras, grande maioria do Norte do estado, foram contempladas na segunda fase do programa federal para expandir oferta de banda larga e modernizar acesso a serviços públicos


postado em 23/01/2014 14:00 / atualizado em 23/01/2014 18:13

Luyza Eduarda Freitas, de 11 anos, vive em Rio Acima, cidade a 34 quilômetros de Belo Horizonte. Sua mãe é confeiteira e seu pai “tampa buraco do asfalto”, como ela mesma diz. A menina não tem computador em casa. Desde o início de 2013, três vezes por semana, ela frequenta as aulas gratuitas de informática do telecentro instalado no prédio da prefeitura local, em abril do ano passado. Por mês, cerca de 300 cidadãos utilizam o serviço. Rio Acima, ao lado de Nepomuceno e Pimenta, foi uma das cidades mineiras contempladas na primeira fase do programa Cidades Digitais, em 2012. O programa é uma iniciativa do Ministério das Comunicações para expandir a oferta de internet de banda larga e modernizar a gestão e o acesso aos serviços públicos no país.


Na Escola Municipal Padre Osvaldo Carlos Pereira, onde Luyza estudava, os computadores novos só chegaram no mês passado. “Tínhamos computadores, mas eram daqueles amarelinhos, estavam mofando, estragados”, conta Luyza. Nas aulas de informática do telecentro a garota já aprendeu a fazer atividades no Power Point e a criar seu próprio cartão de visita.

Silvana Veloso, de 49 anos, chefe do departamento de informática e coordenadora do projeto de Cidades Digitais de Rio Acima, conta que o município vai receber seis quilômetros de fibra óptica, o que permitirá a implantação de sistemas de gestão na área da administração, saúde e educação pública. Pacientes serão notificados de suas consultas pelo celular. Os alunos poderão fazer reservas on-line de livros. Além disso, toda solicitação ganhará um protocolo pelo qual o cidadão poderá acompanhar o andamento pela internet. Estão previstas a criação de duas áreas de hotspot: uma na Câmara Municipal e outra no Morro do Cruzeiro, bairro de periferia. Cada antena terá um raio de 300 metros. Os laboratórios de informática das escolas serão reabertos para toda a comunidade ofertando cursos de capacitação.

Segundo a coordenadora, por meio da estrutura de fibra óptica será possível fazer um videomonitoramento total da cidade, como o Olho Vivo em BH. O portal da transparência já foi implantado. A previsão é que até julho tudo esteja funcionando. “Apesar de ser muito próxima a BH, havia dificuldade para as empresas virem para a cidade, porque não tínhamos infraestrutura. Agora a concorrência aumentará e melhores serviços serão oferecidos à população”, ressalva.

AGRACIADAS DA VEZ

Na área de quadra esportiva, próxima à Prefeitura de Buritizeiro, Norte de Minas, será instalado um hotspot(foto: ANDERSON LIMA/DIVULGAÇÃO)
Na área de quadra esportiva, próxima à Prefeitura de Buritizeiro, Norte de Minas, será instalado um hotspot (foto: ANDERSON LIMA/DIVULGAÇÃO)


Na segunda fase do programa Cidades Digitais, Minas Gerais, ao lado do Maranhão, é o segundo estado com maior número de cidades contempladas – ambas com 25. São Paulo é o primeiro, com 27 municípios selecionados. A maior parte das cidades mineiras está situada no Norte do estado, reconhecidamente uma das regiões mais carentes.

O biólogo Leandro Godinho, de 30 anos, é morador de Buritizeiro, que está na lista do programa do Ministério das Comunicações. Ele conta que há provedores de internet local, a rádio, com serviços precário e a Oi, que oferece planos de no máximo 5Mb (a partir de R$ 45 mensais). “Tem computadores nas seis escolas estaduais e na biblioteca municipal. Mesmo assim, ninguém acessa os PCs da biblioteca porque estão estragados”, conta. Ele ressalva que a região é muito pobre, com carência inclusive de infraestrutura sanitária, e que ser uma cidade digital não é uma grande prioridade. Apesar disso, Leandro aprova o projeto se for direcionado à educação.

O diretor de Tecnologia da Informação da Secretaria de Planejamento de Buritizeiro, Anderson Eustáquio Lima Pena, de 41 anos, conta que serão implantados três hotspots: à beira do Rio São Francisco, em frente à prefeitura e numa praça. A cidade ganhará sete telecentros – três deles na área rural. “Os computadores tem o sistema operacional Linux e a população não têm familiariedade com ele. A proposta é mudar para Windows. Os jovens gastam em lan houses por causa disso”, ressalta.

Anderson explica que o projeto não será realizado por meio de rede de fibra óptica, mas sim pela tecnologia WiMax, que utiliza sistema de rádios para transmissão. A maioria dos imóveis usados pela prefeitura são locados, assim não haverá custos alto para remanejar o acesso posteriormente. Segundo ele, o portal da transparência deve entrar no ar daqui a três meses. A previsão é entregar o projeto em outubro. Uma equipe de cinco funcionários passará por um treinamento para fazer a manutenção dos equipamentos e do sistema, já que a cidade será assistida pelo Ministério das Comunicações durante seis meses apenas.


UP NO INTERIOR
Confira os projetos de outras quatro cidades selecionadas:

(foto: ANDRÉ LUIZ DE SÁ/PREFEITURA DE ARAÇUAÍ/DIVULGAÇÃO)
(foto: ANDRÉ LUIZ DE SÁ/PREFEITURA DE ARAÇUAÍ/DIVULGAÇÃO)


Ataléia
» Região: Jequitinhonha/Jucuri
» Distância de BH: 518 quillômetros
» População: 14.344 habitantes
» Só tem disponibilidade de internet a rádio, por um provedor local (R$ 45) e a Oi (a partir de R$ 36). Segundo a funcionária pública Sirléia Figueiredo, de 46 anos, a conexão não é das melhores. “Pago R$ 55 em um pacote de 600Mb”, conta. Cerca de 2 mil pessoas têm acesso à web. A praça em frente a prefeitura é um hotspot, mas o sinal é instável. Havia um telecentro, mas as máquinas foram atingidas no último alagamento e, ao menos, há seis meses não é ofertado o acesso. A população recorre a duas lan houses e os PCs das escolas. A prefeitura não tem site. Serão implantados pontos de internet gratuita na câmara municipal, em escolas estaduais, em um quadra poliesportiva, em praças diversas, na prefeitura etc. “O pessoal aqui tem muita carência de internet. Todo mundo fica pedindo um favor na prefeitura: imprimir boletos, olhar conta de luz, escolher um celular para comprar... O povo está antenado”, ressalta.

Botumirim
» Região: Norte
» Distância de BH: 526 quilômetros
» População: 6.550 habitantes
» Segundo o prefeito Aroldo Souza, de 53 anos, a cidade, que tem metade de seus habitantes morando na zona rural, contabiliza apenas 100 famílias têm acesso à internet. Há um provedor local que cobra cerca de R$ 60 mensais pelo serviço. Das 16 escolas, somente seis tem internet. Há dois telecentros: um na sede e outro em um distrito. Porém, as máquinas estão com defeito. “A responsabilidade de manutenção é dos órgãos federal e estadual. Já pedimos manutenção, mas há seis meses eles estão inativos”, reclama Aroldo. Em média, cerca de 80 pessoas, por dia, frequentavam o telecentro. Botumirim ganhará infraestrutura de fibra óptica e ao menos sete hotspots. O site da prefeitura ganhará um espaço de ouvidoria. Além disso, está prevista a realização de cursos de informática gratuitos. “As pessoas terão mais oportunidade de acessar os meios de comunicação e fazerem pesquisas na internet. Será muito útil para os jovens e o comércio”, destaca o prefeito.

Inhapim
» Região: Rio Doce
» Distância de BH: 280 quilômetros
» População: 24.294 habitantes
» Das 13 mil pessoas que vivem na área urbana da cidade, estima-se que cerca de 8 mil estejam conectadas à web. Há um provedor de internet particular (pacotes mensais a partir de R$ 49,90). Há um telecentro na cidade, com 12 computadores, que funciona dentro da biblioteca municipal. Ao menos 100 pessoas visitam o local por dia. Jorge Henrique de Moura, de 26 anos, supervisor do setor executivo, conta que foram cadastrados cerca de 50 pontos para serem contemplados com a rede Wi-Fi, entre órgãos públicos, fóruns, escolas e praças. A zona rural não terá acesso à novidade. Segundo ele, o governo ainda não deu nenhuma previsão do cronograma. É provável que se criem também novos telecentros. A prefeitura já tem site próprio, com serviço de ouvidoria e prestação de contas. Com o programa, há o plano de integrar os sistemas das secretarias por meio de softwares próprios.

Araçuaí
» Região: Norte
» Distância de BH: 605 quilômetros
» População: 37.169 habitantes
» Há duas empresas que fornecem internet via rádio, além da Oi. Segundo Marconi Ferreira de Medeiros, de 35 anos, coordenador do programa de Cidades Digitais de Araçuaí, os serviços oferecidos variam de 300Kb a 1Mb. São poucas as que se arriscam em oferecer 2Mb. Cerca de 3 mil pessoas têm acesso digital. Existiam três telecentros. A antiga administração desativou um deles em outubro de 2012. As máquinas foram levadas para a sede. “Os computadores foram montados em local inadequado e retirados sem a consulta ao Ministério das Comunicações”, explica Marconi. Cerca de 300 usuários utilizam os computadores do telecentro da biblioteca pública. Atualmente, o site da prefeitura oferece o serviço de transparência pública, mas incompleto. Com o programa, a ideia é ofertar serviços de utilidade pública pelo site, como segunda via de IPTU. A cidade ganhará três hotspots.


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