Yale Gontijo
A estrela é Lee Everett, que passa a apresentar um relação paternal ao se encontrar com uma garota de 7 anos, Clementine. Everett é um detento em transferência de uma delegacia para uma penitenciária, quando o carro que o transportava se envolve em um estranho acidente. Quando recobra a consciência, Lee descobre que o policial jogado para fora do veículo não está exatamente vivo. Pior, o oficial também não está exatamente morto. Pior ainda, o homem da lei quer muito engoli-lo.
Sem compreender a gravidade da situação, o detento esbarra na menina, que foi deixada em casa com a babá, e passa a se responsabilizar por sua vida. Liderando um grupo de sobreviventes, Everett será tragado pelo fluxo de acontecimentos de vida e de morte.
A aventura vivida por meio do padrão point and clik (aponte e clique) é fluente graças à facilidade da resolução dos enigmas. The walking dead é parte de um RPG, moldado segundo a experiência de cada jogador. As decisões tomadas exercem influência determinante para o rumo do game, pois os companheiros de jornada saberão quando você agiu com lealdade ou quando se acovardou.
A formação e a dissolução de grupos, a exposição de paranoias e de distúrbios psicológicos fazem parte do jogo. Como líder, é preciso tomar decisões difíceis. Tanto é assim que, ao fim de cada episódio, um gráfico estatístico reúne as resoluções do jogador. Sem querer montar uma tese antropológica, esses dados podem ser lidos como uma indicação do comportamento humano diante de uma grande ameaça –– ainda que virtual.
EPISÓDIOS A maior virtude do jogo é condensar uma boa história de zumbi com um game de ação. Os desafios são comuns aos vividos por sobreviventes de um apocalipse desse tipo exibido na onda cinematográfica recente. E a experiência é de fato mais parecida com uma série de tevê ou um filme, com personagens construídos em estrutura dramática sólida.
O passado de Lee (inclusive o motivo para ter ido preso) é revelado pouco a pouco em momentos decisivos, e a definição da relação familiar de Clementine é mostrada também a conta-gotas. O roteiro inclui pelo menos um clímax em cada um dos cinco episódios (as fases do jogo) que formam uma temporada. Conforme a conveniência da história, deixa-se a primeira pessoa (a visão de Lee) para assistir ao desenrolar da ação como observador externo. Não se preocupe, você continua no controle e as conversações entre os personagens se desenvolvem com dinamismo.
Assim como tudo dedicado a descrever os efeitos de uma devastação ameaçadora para a espécie humana, a condução até o desfecho da história no videogame preserva a melancolia de incerteza no futuro, que só uma incômoda história de apocalipse pode proporcionar. George A. Romero, responsável por clássicos como A noite dos mortos-vivos, com certeza, aprovaria o game se fosse convidado a jogar.
PREMIADO
O acúmulo de 80 troféus em premiações especializadas em games mostra que a aposta dos desenvolvedores da companhia Telltale Games no esquecido formato point and click foi acertadas e a empresa cogita o lançamento de uma continuação ainda em 2014.
AVALIAÇÃO
Jogabilidade - 2,0
Entretenimento - 2,5
Gráficos - 2,0
Som - 1,5
Produção e desenvolvimento: Telltale Games
Plataformas: iOS, OS X, Windows, PlayStation 3 e Xbox 360
Número de jogadores: single-player
Preço: R$ 44,99 (PC)
*Teste feito em Xbox
*Não recomendado para menores de 16 anos