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Estado de Minas

Melhor e de graça. Isso existe?


postado em 16/05/2013 13:00 / atualizado em 16/05/2013 12:56

Já há alguns anos reparo que em todo vagão do metrô do Rio de Janeiro, onde vivo, há sempre uma pessoa, geralmente jovem, empunhando seu telefone celular, olhando fixamente para ele, de vez em quando digitando freneticamente alguma coisa e, volta e meia, esboçando um sorriso ou um esgar. Sempre totalmente alheio ao que ocorre em volta. Há algum tempo você poderia apostar que tal pessoa estaria trocando mensagens de texto tipo SMS (“Short Message Service”, ou serviço de mensagens curtas), um serviço oferecido pelas prestadoras de telefonia móvel que permite o envio de mensagens de até 160 caracteres entre estes aparelhos. E provavelmente acertaria.

Hoje, se você repetisse a aposta, teria não mais que 50% de probabilidade de acertar. E no próximo ano terá menos de 30% de chances de acerto. Qual a razão disto? E o mais importante: se elas não estarão trocando mensagens SMS, que diabo estariam fazendo com aquela cara abestada olhando para o celular?

Vamos por partes. Os SMS nasceram quando os telefones celulares passaram a ser digitais. Como? Pensou que sempre foram? Tolinho... Antigamente (quer dizer, há cerca de 15 anos, uma eternidade em termos cibernéticos), eram analógicos, pequenos aparelhos radiotransmissores mais ou menos do tamanho de um desses tacos de assoalho e pesando menos de meio quilo, uma maravilha tecnológica cuja carga da bateria durava mais de quatro horas. E precisava ver o orgulho com que os proprietários de uma daquelas joias, com ares de superioridade e para embasbacamento geral e inveja disfarçada dos circunstantes, as sacavam do bolso para falar ostensivamente e alto.

Pois bem: quando a telefonia móvel atingiu o estágio digital, as prestadoras começaram a oferecer o SMS. Pago, já que a única coisa que prestadora de telefonia faz de graça é mandar a conta no final do mês.

O custo varia com a prestadora e o plano, geralmente se situando próximo dos R$ 0,20 por mensagem, podendo chegar a R$ 0,50. O lucro é imenso, pois o custo real para a operadora do envio de uma destas mensagens é em média pelo menos cinco vezes menor do que o que ela cobra pelo envio. O que faz com que a receita das teles com elas seja brutal. Segundo recente artigo de Daniel Thomas e Tim Bradshaw publicado no Financial Times de 29 de abril e intitulado “Rapid rise of chat apps slims texting cash cow for mobile groups” (https://www.ft.com/intl/cms/s/0/226ef82e-aed3-11e2-bdfd-00144feabdc0.html#axzz2SdjudbkN), elas esperam faturar mais de US$ 120 bilhões. O que significa aproximadamente US$ 100 bilhões de lucro anual. Uma galinha dos ovos de ouro que, para tristeza das operadoras, começa a agonizar.

Seu algoz são as “mensagens instantâneas” (Instant Messages) via internet, que sequer existiam cinco anos atrás. E olhe que não me refiro aos serviços de “bate-papo” (chat) oferecidos pelas redes sociais como o Facebook e similares, mas a serviços específicos de troca de mensagens entre quaisquer dispositivos conectados à rede através de aplicativos tipo Instant Messages. Dos quais o exemplo mais ilustrativo (e mais popular), penso eu, é o WhatsApp, que está se disseminando tanto que a Nokia adicionou um botão (físico, não virtual) só para ele em seu novo modelo Asha 210. Mas há outros, como o igualmente popular We chat (https://www.wechat.com/pt/), além do Viber (https://viber.softonic.com.br/android Viber), Nimbuzz (https://www.nimbuzz.com/en), Line (https://line.naver.jp/en/) e mais uns tantos.

Como a coisa funciona? Fácil: você instala o bichinho em seu telefone esperto (esta é a única limitação: como a transmissão das mensagens é feita via internet e não pelo serviço telefônico oferecido pela prestadora, o telefone tem que ter acesso à internet) ou em seu computador, ou tablet, ou seja lá o que for que tenha acesso à internet. Em seguida seus amigos, parentes, contatos e seja lá mais com quem você costuma se comunicar fazem o mesmo (quase todos estes aplicativos têm versões para Android, iOS, Windows e outros sistemas operacionais) e trocam seus “endereços” com você. É o que basta.

Você simplesmente lhes envia sua mensagem exatamente da mesma forma que o faria em um sistema tipo SMS – com algumas pequenas vantagens, como a ausência de limitação do número de caracteres, a possibilidade de enviar anexos como fotos e vídeos e coisas que tais. E, acima de todas as demais, uma vantagem insuperável: é de graça. Não é de estranhar que, para desespero das operadoras, uma pesquisa conjunta da empresa Informa e do Financial Times tenha indicado que no final do ano passado, pela primeira vez, o número de mensagens instantâneas trocadas entre estes aplicativos superou o número das trocadas entre celulares via SMS. E olhe que não foram computadas as mensagens enviadas “dentro” das redes sociais, como os serviços de “bate papo” (“chat”) do Facebook e similares.

A pesquisa é citada no artigo mencionado acima. Nele, os autores informam que ainda este ano o número de mensagens instantâneas trocadas pelos aplicativos via internet deve chegar a 41 bilhões, mais que o dobro das SMS trocadas via operadoras. E que no próximo ano a diferença ainda seja maior. E como muitos destes aplicativos oferecem ainda a comunicação por voz, alguns deles gratuitamente, a perda de receita das teles tende a aumentar. Péssima notícia para as operadoras. Excelente notícia para nós, usuários. Aproveitem, porque isto é raro.


PERGUNTE AO PIROPO
Velhas colunas

Há muitos anos achei em seu site uma coleção de artigos em que você remontava à história do software. Você foi descrevendo a gênese dos primeiros programas, a primeira programação, você lembra? Será que existe esse artigo ainda?

Robinson Giebiluka – Belo Horizonte/MG

Para começar, se você leu o artigo no Sítio do Piropo, em https://www.bpiropo.com.br/, certamente ele ainda pode ser encontrado lá. Este sítio foi criado por mim justamente para preservar as bobagens que escrevo ao longo dos anos nos diversos veículos com os quais colaborei e colaboro. Pela sua descrição é bastante provável que seja uma das séries publicadas no “Fórum PCs”, um excelente sítio de tecnologia que não mais existe. Se o assunto são os primeiros computadores, pode ser a série “Analytical Engine”, encontrada na página “Escritos”, seção “Colunas em ForumPCs” do Sítio do Piropo, que começou a ser publicada em 24/07/2006. Já se for sobre software, provavelmente trata-se de um trecho da longa série de colunas “Computadores”, publicada no mesmo ForumPCs, mais especificamente as de número XXIV de 13/02/2006 até XXX de 10/05/2006. E, se não foi nenhuma delas, escarafunche a página das colunas do ForumPCs que certamente achará lá o que procura.


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