As semelhanças pararam por aí, pois o percurso mostrou falhas gritantes no aparelho da Apple. Logo ao pegarmos a Avenida do Contorno, o iPhone se perdeu, enquanto o Note funcionou perfeitamente. Para piorar, ao voltar a operar, o GPS do iPhone indicou uma ação ilegal e perigosa: virar à esquerda na descida da Contorno em direção à Savassi para pegar a Rua Grão Mogol, quando o correto – e que foi indicado pelo Samsung – era entrar à direita na Rua Antônio de Albuquerque, pegar a Rua Professor Moraes à esquerda num pequeno trecho em mão invertida (também conhecida como mão inglesa) e em seguida atravessar a Contorno para chegar à Grão Mogol. Imagine uma pessoa que não conhece o caminho, o risco que corre com essas indicações.
A partir daí os dois aparelhos tiveram desempenho semelhante, apenas com divergências de distâncias. Ao chegar ao destino, o iPhone acertou mais a numeração, parando em frente ao prédio solicitado, enquanto o Note definiu o ponto de parada um quarteirão antes.
SEIS MESES DEPOIS... Saindo da Rua Chicago já na companhia de Erik de Brito, o novo endereço definido foi o Bairro Betânia, tendo como referência a Rua Úrsula Paulino, região onde, seis meses antes, o consultor de tecnologia se perdeu seguindo indicações do GPS do seu smartphone. De imediato, o aparelho da Samsung definiu uma rota via Anel Rodoviário. Já o da Apple exibiu dois caminhos: também uma via Anel Rodoviário e outra pegando a Avenida Amazonas (por sinal, bem longe de onde estávamos). Optamos, claro, por ir pela rota comum aos dois aparelhos.
Os erros de percurso se repetiram com o iPhone, que determinou mais uma ação proibida, ilegal e... impossível: fazer conversão direta da Avenida Uruguai, à esquerda, para subir a Avenida Nossa Senhora do Carmo. O certo é atravessar a avenida, passar por uma pequena praça que funciona como rotatória para carros e pegar à direita a Avenida Nossa Senhora do Carmo, subindo em direção ao Bairro Belvedere. O Galaxy Note indicou o trajeto corretamente. Divergências entre distâncias também ocorreram durante a rota. Também aí, o iPhone foi mais preciso no momento de parar.
Ao chegar ao Bairro Betânia, à Rua Ascânio Cássio Guimarães, verificamos que o local encontra-se em obras da Prefeitura de Belo Horizonte, com abertura e complementação de ruas. O córrego, por exemplo, foi canalizado. Pelo GPS do Galaxy Note, a informação anterior que estava errada e que ocasionou o problema enfrentado por Erik de Brito já foi corrigida. O mapa do Samsung Note já mostra a interrupção, no cruzamento entre as ruas Ascânio Cássio Guimarães com a Geralda Antunes dos Santos. Já no mapa do iPhone, essa interrupção não existe, deixando a impressão de que há a ligação até a Rua Lotus, o mesmo erro de seis meses atrás do GPS do Note.
PROBLEMA RECORRENTE
Micos com serviços de mapa não são novidade na Apple. A própria versão mais moderna do iPhone, a 5, lançada no fim do ano passado, se mostrou um vexame nesse aspecto. Até então, a empresa da maçã recorria a mapas do Google, mas ao lançar o sistema operacional iOS 6, resolveu usar o próprio serviço, com informações coletadas ou compradas diretamente pela empresa. A ideia seria fazer do Google e seu sistema Android um competidor e não mais um parceiro. O resultado foi desastroso, demandando desculpas do presidente Tim Cook, que sugeriu aos usuários baixarem aplicativos da concorrência até que o problema fosse resolvido, inclusive mapas do Google.
DEPOIMENTOS
. Sinval Pereira
. 71 anos, Engenheiro civil aposentado
“Um erro de GPS quase me rendeu uma multa: indo para o Bairro Horto, o serviço me indicou um caminho cuja rua era contramão. Tive de mostrar a uma patrulha de trânsito o motivo do engano e acabei sendo perdoado. Mas a ferramenta já se mostrou importantíssima em muitas situações. Tenho um filho que mora há seis anos nos Estados Unidos e que usa direto o GPS do seu celular. Lá, chega a impressionar o alto nível de precisão do serviço. Não erra nunca.”
. Lucas Giffoni Rezende
. 22 anos, estudante de análise de sistemas
“Como estou há pouco tempo em Belo Horizonte, vindo do interior, utilizo o GPS todas as vezes que preciso ir a algum lugar que não conheço. Mas nem sempre ele foi 100% correto. Uma vez precisei ir ao o Mineirinho e o GPS me indicou um caminho mais rápido, mas que não era o mais certo. Seguindo o percurso mostrado, ele nos levou a uma rua que era contramão. A volta para pegar a rota certa foi muito maior do que o outro percurso e quase perdi o compromisso. O GPS do celular é ótimo, mas a atualização de dados não é tão fácil quanto a dos GPS comuns. É sempre bom pesquisar antes o lugar aonde se vai e depois usar o do celular somente como um complemento, para que ele não cause atrasos ou nos leve para ruas sem saída.”
Caminho mais longo
Informar percursos mais longos a pé também é comum em GPS de celulares, como verificado num percurso entre a Rua Santa Rita Durão, altura do número 400, e a sede do Estado de Minas. Por ser um caminho simples e bem conhecido, fica claro que o melhor seria pegar a Rua Ceará, esquina com Santa Rita Durão, descê-la em direção à Avenida Getúlio Vargas, virar à direita, atravessar a Avenida Afonso Pena e seguir até o jornal.
Entretanto, pelo GPS a orientação foi descer a Santa Rita Durão até a Getúlio Vargas para, então, pegar a direção da empresa, o que aumentaria um pouco a distância. Explicação para isso? Bem, mesmo selecionando no celular que o percurso seria a pé, provavelmente o GPS seguiu informações de mapas para trânsito. E fazer esse caminho de carro é impossível, já que nesse trecho a Rua Ceará termina na Praça Benjamim Guimarães, sendo, portanto, uma rua só de trânsito local. Ou seja, o GPS “pensou” certo tendo na memória um mapa para uso de motoristas, mas indicou a rota mais longa, para quem estaria a pé.