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Estado de Minas

Impressoras 3D ajudam a testar grandes projetos de engenharia e concretizar novos produtos

Elas podem ser usadas da mineração a peças do cotidiano, como uma caneca USB


postado em 21/02/2013 00:12 / atualizado em 21/02/2013 14:07

Shirley Pacelli

Construir um prédio de uma nova usina de mineração não é das tarefas mais fáceis. É preciso pensar em como peças de metal de grandes dimensões, pesando toneladas, serão retiradas do local – sem dores de cabeça – para a manutenção e troca. Para dimensionar obras como essa e evitar gastos errôneos com a montagem, surgem os protótipos em impressão 3D como solução. Por meio de maquetes inteligentes, com perfeição de detalhes e escala, técnicos avaliam o projeto antes de colocá-lo em prática.

Em Minas Gerais, a EPRO3D é a primeira empresa do estado focada nesse segmento e tem uma mineradora de grande porte como cliente. O diretor de desenvolvimento, Arley Costa, de 29 anos, conta que o empreendimento surgiu simultâneamente à popularização das máquinas de impressão em três dimensões, em 2011. “A tecnologia é nova. Apesar da divulgação, só começou a ser utilizada nos últimos dois anos”, ressalva Costa.

A EPRO3D tem, atualmente, três máquinas de médio porte que utilizam ABS plástico (o mesmo de painéis de carro), material de alta resistência, para a produção das peças. “As maquetes podem cair no chão e não quebram. Além disso, colocamos cor”, conta Costa. O diretor explica que no início usavam impressoras 3D pessoais, vendidas hoje por R$ 6 mil, mas trocaram à medida que a empresa foi crescendo.

Os softwares para a modelagem dos projetos ficam a gosto do freguês: SmartPlant, Autocad, Micro Stage... A empresa oferece ainda simulação 4D, que inclui a linha do tempo do projeto a ser implantado. O responsável pela obra poderá visualizar em que etapa será feita a fundação do prédio, por exemplo. Apesar da evolução das impressoras 3D, simular um distribuidor de polpa de minério, com 5cm de altura (o real chega a ter 5m), pode levar até seis horas de impressão. Vale a pena porque a máquina é fundamental para a empresa. “É aí que entramos em cena”, afirma Costa. A EPRO3D tem sete profissionais, entre projetistas sêniors e engenheiros mecânicos, civis e elétricos. Ela não atende só a alta indústria – é possível prototipar sua casa, por exemplo, e simular uma reforma.

COMUNIDADE Na verdade, por meio da impressão 3D é possível prototipar uma infinidade de objetos. Partindo disso e pensando em canalizar as ideias que surgem de mentes inventivas por aí, surgiu o site Estilo Vivo (estilovivo.com.br), comunidade criativa de produtos. Um deles, por exemplo, é uma caneca com USB, que mantém seu café quentinho ao ser plugada no computador. O projeto está em fase de design e em breve deve ganhar impressão 3D.

O Estilo Vivo entrou no ar em outubro do ano passado e está em fase beta. Atualmente, são mais de 600 usuários, 10 mil visitas diárias e 210 projetos cadastrados. Walter Rodrigues Júnior, de 38, cofundador do portal, conta que o projeto foi baseado no site norte-americano Quirky (quirky.com), feito para criar produtos para a comunidade. “O Estilo Vivo é uma adaptação para o mercado brasileiro; há muitos problemas que são só nossos. Ele coloca as impressoras 3D a serviço dos consumidores”, ressalta. Segundo ele, a ideia de um T sextavado e uma extensão elétrica modular são alguns dos exemplos de impasses enfrentados somente pelo Brasil, após o novo padrão de tomadas adotado.

No site americano, os comentários ficam só na aprovação ou desaprovação dos produtos. Mas os brasileiros dão pitaco nas invenções. “No Brasil, as pessoas gostam de ser técnico de futebol e também engenheiro de produtos”, brinca Júnior. Outro ponto que difere do Quirky é que o Estilo Vivo premia os usuários antes mesmo do lançamento das criações. O melhor designer ganha R$ 3 mil e o inventor ganha R$ 500 só pelo fato de sua ideia ir adiante.

Walter explica que a indústria gasta bastante dinheiro com máquinas para produzir modelos de novas peças e produtos. Com as impressoras 3D é possível fazer protótipos e verificar o que realmente é válido ou não para a produção em larga escala. “A tecnologia está sendo usada, de fato, não por hobby, mas para criar produtos diferenciados”, destaca. A Estilo Vivo deve fazer, primeiramente, os modelos de testes de cada ideia aprovada, mas por integrar um grupo grande de soluções de impressão 3D, a Robtec  – a comunidade consegue entregar o produto pronto, com circuitos elétricos e acabamento de qualidade.

PATENTES Para quem já se entusiasmou com a possibilidade de inventar algo e ficar rico com sua criação, vá com calma: todas as patentes ficam para a comunidade Estilo Vivo. O idealizador ganha, caso seu produto seja comercializado, mas todas as outras pessoas que influenciaram o projeto também saem com uma parcela dos lucros. “O site é lugar para gente que tem ideia, mas não sabe o que fazer. Nós arcamos com os custos inclusive das patentes. Produzimos em grande volume, fazemos o marketing”, justifica Walter. Há uma tabela: a cada 5 mil unidades distribuídas, o inventor garante 40% dos lucros.

No afã de fazer parte da comunidade pode ser que as regras do jogo passem despercebidas por um ou outro. A atuação de cada usuário dentro da rede é pontuada com o chamado PI. Se você fez uma observação pertinente sobre um projeto ganha determinado número de pontos, mas comentários que repetem outros não valem muito. Segundo a equipe, cada postagem é lida e há um sistema de filtro para separar o joio do trigo. “O PI coloca você em um ranking. Se for o maior contribuidor, tem 20% das vendas a cada 5 mil unidades que saem”, explica o cofundador.

A leva de produtos que inclui a caneca é a primeira investida do site. Segundo Walter, até o segundo semestre a meta é lançar um produto por mês no mercado. Entre as invencionices em campanha, ele aposta no carregador de celular para moto, em uma bandeja para tablet e uma válvula para evitar a perda de gás do refrigerante em garrafas PET. O empresário acredita que as impressoras 3D pessoais, embora tenham preços mais em conta, ainda não chegaram ao preço ideal para o consumidor final. “As pessoas estão se juntando para criar produtos em comunidade. Há toda uma discussão sobre o hardware livre como o arduíno, para encontrar soluções em conjunto. Estamos de olho nisso”, ressalta.

NOTÁVEIS IMPRESSÕES

(foto: Universe Architeture/AFP)
(foto: Universe Architeture/AFP)
Sem começo nem fim


Uma casa em elipse sem começo nem fim, no que seria a maior impressão 3D do mundo até agora, é o projeto do arquiteto holandês Janjaap Ruijssenaars. No mínimo audacioso. A Landscape House (casa-paisagem) pode inclusive ser construída no Brasil, que está entre os países que teriam mostrado interesse em arriscar. A tecnologia poderia ser usada para construir casas na Lua.

(foto: Yoshikazu )
(foto: Yoshikazu )
Para pais ansiosos
Os pais que não aguentam esperar os nove meses para mostrar ao mundo como serão seus bebês podem recorrer à impressão 3D.  Como estas mostradas pelo japonês Tomohiro Kinoshita exibe um modelo fetal (em tamanho natural e reduzido) feito de resina acrílica após a criação de molde por meio de uma ressonância magnética.

(foto: Issei Kato/Reuters)
(foto: Issei Kato/Reuters)
Eu só quero chocolate

Que tal saborear um pirulito de chocolate com o formato da sua face? Essa foi a ideia da KS Design Lab, em Tóquio (Japão), durante o Valentine’s Day. Os rostos dos participantes foram digitalizados e os dados enviados a uma impressora 3D para produzir moldes de silicone em que o chocolate era derramado.


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