A fuligem é o segundo fator humano causador do aquecimento global, depois do dióxido de carbono, e seu impacto nas mudanças climáticas tinha sido profundamente subestimado, revelou um novo estudo.
No relatório publicado esta terça-feira no 'Journal of Geophysical Research: Atmospheres', os pesquisadores admitem que as as incertezas sobre o impacto da fuligem são "substanciais", o que quer dizer que sua influência pode ser inclusive maior do que se tinha pensado até agora.A nova estimativa do impacto ambiental da fuligem, que está baseada em novos modelos de computação, é o dobro do calculado em 2007 pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, vinculado à ONU.
A fuligem é gerada pela combustão incompleta de petróleo, carvão, madeira ou outros combustíveis. As fontes de emissão vão de motores a diesel até os fogões a lenha.Para o novo estudo, os cientistas levaram em conta o acúmulo de fuligem na atmosfera e a quantidade de calor do sol absorvido pelas partículas.
A fuligem permanece na atmosfera de sete a dez dias, o que significa que os esforços para reduzir a quantidade de suas emissões podem ter um impacto rápido e dramático no aquecimento global.Em contraste, limitar o aquecimento reduzindo as emissões de dióxido de carbono é um objetivo a mais longo prazo, se for levado em conta o acúmulo de gás causador de efeito estufa na atmosfera, onde pode permanecer durante décadas.
A incerteza sobre o impacto da fuligem se baseia no fato de que os cientistas não compreendem totalmente como ela interage com as nuvens.A fuligem é o maior objetivo da Climate and Clean Air Coalition to Reduce Short-Lived Climate Pollutants (Coalizão Clima e Ar Limpo para reduzir os contaminantes de curta duração), uma iniciativa multinacional apoiada por Estados Unidos, Canadá e México, entre outros países.
O estudo sobre a fuligem foi publicado no mesmo dia do anúncio por cientistas americanos de que as temperaturas estiveram acima da média em 2012 pelo 36º ano consecutivo. O ano passado foi o nono ou o décimo mais quente desde que começaram os registros, dependendo da forma como tenham sido feitas as medições.