Tecnologia 4G vai oferecer banda larga com velocidade até 40 vezes superior à da 3G

Em um shopping, no Centro de Belo Horizonte, a jovem – com o celular nas mãos – estava atenta à telinha com o Facebook aberto. “Você está usando 3G?” “Não sei.” “Você está conectada à rede Wi-fi daqui?” “Acho que não.” Débora Corrêa Lourenço, estudante de 21 anos, representa grande parcela dos mineiros que usam, mas desconhecem os tipos de conexão móvel que existem no Brasil: GSM, GPRS, 3G. Arriscar a falar sobre a novidade do 4G, então, é pisar em terreno perigoso. Há poucos dias foi realizado o leilão da faixa de frequência da nova tecnologia, pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). As operadoras vão poder ofertar, futuramente, serviços de banda larga e telefonia móvel de quarta geração. Com a 4G, a velocidade de tráfego pode alcançar até 100MBps, acesso 20 a 40 vezes mais rápido do que o atingido pela 3G.

“Só quero saber se estou conseguindo acessar e pronto”, resume Isabel Helen Silva, 33 anos, quando questionada sobre a 4G. Isabel é auxiliar de viagem e conta que acessa a internet do celular pelo Wi-fi do ônibus, que faz o trajeto de Belo Horizonte a Formiga. A auxiliar tem dois aparelhos com chips de operadoras diferentes. Um é destinado só para ligações e o outro para acessar a web. “A rede 3G já me atende bem. E ela vai acabar?”, questiona Isabel, na dúvida de como funcionarão as antigas conexões com a vinda da 4G.

Ao contrário de Débora e Isabel, o corretor de imóveis Tadeu Gomes, de 48, está de olho nas novidades. “Gostaria de saber o que posso baixar e em quanto tempo. Sei que no exterior já é utilizada e que é uma conexão muito mais rápida”, diz. O corretor usa a tecnologia 3G para fazer conexões profissionais, via Skype e Facebook, independentemente do lugar em que esteja. Ele tem um modem 3G, há dois anos, e paga R$ 12 mensais pelo serviço. Além disso, acessa a internet por um plano pré-pago no celular. “A velocidade com o modem é péssima, entre 200KBps e 1MBps”, reclama. Segundo Gomes, assim que a conexão 4G estiver disponível, ele migrará de tecnologia, mesmo que precise desembolsar uma quantia considerável em um novo celular.

Mais cauteloso, André Luiz Oliveira Santos, 35 anos, técnico contábil, quer saber quais as restrições de velocidade que existirão nos novos planos de dados 4G. Ele teve uma grande dor de cabeça com um serviço 3G e optou por cancelá-lo. Hoje, usa diariamente a internet gratuita da rodoviária da capital, além da conexão do trabalho e da universidade. “O meu plano era de 3MBps e, pelo contrato, a operadora era obrigada a fornecer no mínimo 56KBps, mas nunca passava de 50KBps”, indigna-se.

Arremate das operadoras No leilão da Anatel, a Vivo e a Claro conquistaram as maiores bandas de frequência 4G, com 20MHz: as X e W, respectivamente. Eram os dois principais lotes, com maior capacidade de transmissão e clientes. A TIM e a Claro, por sua vez, arremataram os lotes de 10MHz. Pelo cronograma da agência, as operadoras devem iniciar a oferta da 4G – a partir de abril do ano que vem – em todas as cidades-sede de jogos da Copa das Confederações. No final de 2013, as sedes e subsedes da Copa de 2014 deverão receber o sinal.

Gabriel Mendes, diretor regional da Claro Minas Gerais, esclarece que 40% da infraestrutura necessária para o suporte 4G da operadora já está pronto. Segundo ele, foram investidos R$ 3,5 bilhões em fibra óptica, que, hoje, totalizam 89 mil quilômetros e representam 84% da rede, “que já estava evoluída para o 3G max (HSPA+ – High Speed Packet Access). Agora, é preciso esperar pela licença para a construção nas cidades”, explica. Segundo ele, não há como definir ainda valores de pacotes de dados na nova tecnologia, e acredita que a fabricação de aparelhos com o novo suporte deve ser acelerada, com oferta de produtos variados já para o ano que vem. “Acredito que já haverá celulares com suporte para a nova tecnologia em 2013”, diz.

Sobre a potência real da velocidade 4G ofertada inicialmente pelas operadoras, ele informa que o limite primordialmente estará nos equipamentos. As fabricantes de celulares, por sua vez, dizem aguardar a disponibilidade das operadoras para oferecer aparelhos que atendam às necessidades. “Creio que gradativamente chegará à marca (100MBps). A oferta vai crescendo à medida que os usuários demandarem mais banda”, ressaltou. Até maio de 2014, as cidades com mais de 500 mil habitantes deverão ter suporte para 4G. No final de 2016, cidades menores, com mais de 100 mil habitantes, devem ser contempladas com a nova tecnologia.

As operadoras Vivo, TIM e Oi não disponibilizaram porta-vozes para falar com o Informátic@. Apenas informaram que os prazos e normas estabelecidos pela Anatel para implantação da tecnologia serão atendidos.