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Estado de Minas

Corante em bebida é 66 vezes maior no Brasil que nos EUA

Entre os refrigerantes da marca produzidos em outros países, Coca-Cola fabricada no Brasil tem o maior índice do caramelo IV, substância potencialmente cancerígena


postado em 28/06/2012 13:04

Especializado em nutrição e segurança alimentar, o Center for Science in the Public Interest (CSPI), dos Estados Unidos, divulgou um estudo mostrando que o refrigerante Coca-Cola fabricado no Brasil tem a maior quantidade de uma substância potencialmente cancerígena entre todos os países avaliados. A bebida nacional tem 66 vezes mais quantidade do 4-metil imidazol (4-MI), subproduto presente no corante caramelo IV, do que o que é vendido na Califórnia. O estudo incluiu os refrigerantes comercializados no Canadá, Emirados Árabes, México, Reino Unido e nos Estados Unidos.

A substância foi incluída em uma lista de agentes cancerígenos pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer depois que estudo do Programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos relacionou o 4-MEI com os cânceres de pulmão, fígado, tireoide e leucemia em testes com animais em laboratório. No Brasil, a concentração é de 267 microgramas de 4-MI por lata do produto, enquanto na Califórnia é de apenas 4 microgramas. O 4-metil-imidazol é resultado de uma reação da amônia e do sulfito presentes no refrigerante.

No Brasil, alguns produtos da Pepsi como a Pepsi tradicional e a versão light usam o corante INS 150a, que é o caramelo natural, considerado mais seguro. Isso demonstra que a troca na formulação para garantir a saúde do consumidor é possível. Mas a Pepsi Twist e a Pepsi Twist Light ainda têm o corante INS 150d.

Ao analisar a lista de ingredientes da rotulagem de alguns refrigerantes do mercado brasileiro a Proteste Associação de Consumidores encontrou o caramelo IV também no Guaraná das marcas Antarctica, Kuat e Schin. Classificado como bebida gaseificada não-alcoólica e não fermentada, o refrigerante apresenta em sua fórmula água mineral, açúcar ou edulcorante (os adoçantes das versões light, zero e diet), extratos ou aroma sintetizado de frutas ou outros vegetais, corantes e gás carbônico. “Trata-se de um produto que não tem valor nutricional algum e que, além disso, é rico em calorias e outros ingredientes que podem prejudicar a saúde de quem consome o produto regularmente”, afirma a bióloga Fernanda Ribeiro, técnica da Proteste, uma associação de defesa do consumidor.

Segundo ela, uma análise das marcas mais vendidas no Brasil confirmou grandes quantidades de açúcares, sódio e edulcorantes. “As quantidades são inadequadas principalmente para crianças. No quesito sódio, por exemplo, a ingestão de dois copos já ultrapassa os índices diários de sódio no organismo recomendados pela Organização Mundial de Saúde”, afirma.

As consequências do consumo desse tipo de bebida no organismo variam conforme a genética e a predisposição de cada um, a periodicidade e a quantidade ingerida. No caso das versões convencionais, em que existe alto teor de açúcar em cada porção, uma das maiores preocupações tem a ver com o ganho de peso e, consequentemente, com o surgimento do diabetes tipo 2.

Segundo pesquisa da Universidade de Harvard (EUA), divulgada na revista científica Diabetes Care, pessoas que ingerem duas porções diárias de bebidas açucaradas (cerca de 340 gramas) têm 26% mais chances de desenvolver o diabetes do que aqueles que consomem essas bebidas em menor quantidade. Também foi associado a um risco 20% maior de desenvolvimento de síndrome metabólica (conjunto de fatores de risco para doenças cardíacas).

SAL

A grande quantidade de sódio presente nos refrigerantes, em todas as versões, promove a retenção hídrica e, a longo prazo, podem desencadear o desenvolvimento da hipertensão arterial. Outros malefícios da ingestão em excesso desse mineral são dores de cabeça, distúrbios fisiológicos, delírio e parada respiratória. Os especialistas alertam, ainda, que o gás dos refrigerantes produz distensão gástrica, tanto como efeito imediato quanto permanente, no caso de consumo frequente da bebida. A distensão provocada pode aumentar a ingestão de alimentos, a fim de se alcançar a sensação de saciedade.

Para o endocrinologista Saulo Cavalcanti o problema está no consumo exagerado. “Se a pessoa consome refrigerante esporadicamente, tudo bem. Claro que os diabéticos ou aqueles que sofrem com insônia devem evitá-los. Um suco natural é sempre preferível. O refrigerante é uma caloria vazia, sem nada de vitamina. Mas nunca vi um estudo relacionando a bebida com o câncer ser apresentado em um congresso médico”, pondera.


A Coca-Cola Brasil divulgou uma nota informando que “o uso de corante caramelo IV em seus produtos observa rigorosamente os critérios definidos internacionalmente pela Comissão do Codex Alimentarius, e, no Brasil, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Assim, a quantidade de 4-MI ingerida pelo consumo de refrigerantes não é considerada significativa ou indicativa de risco à saúde humana. Em entendimento compartilhado pelas autoridades sanitárias dos EUA (FDA) e da Europa (EFSA), a Anvisa define que uma pessoa adulta teria que consumir diariamente 80 litros de refrigerante que contenha corante caramelo IV para ultrapassar os limites estabelecidos pelos comitês científicos internacionais e pela agência brasileira”, diz o material.

A fabricante destacou ainda que “alimentos e bebidas que contêm o corante caramelo são submetidos a avaliação toxicológica do Comitê de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização das Nações Unidas para Alimentos e Agricultura (FAO) e da Organização Mundial de Saúde (JECFA) desde 1972, e foram reavaliados no ano passado.”

Manuela Dias, pesquisadora e nutricionista da Proteste, atesta: “Os indícios de que o 4-metil imidazol é cancerígeno existem. E já que a substituição é possível, os fabricantes deveriam optar por ela, em vez de insistirem no erro”.

Benzeno é outro vilão questionado

A presença de substâncias cancerígenas nos refrigerantes sempre foi uma preocupação para entidades ligadas ao consumo e à segurança alimentar. No Brasil, estudo realizado em 2009 pela Proteste constatou a presença de benzeno em várias marcas desse tipo de bebida. Os casos mais preocupantes foram os da Sukita Zero, que tinha 20 microgramas por litro de bebida, e o da Fanta Light, com 7,5 microgramas. Em índices menores, os refrigerantes Dolly Guaraná, Dolly Guaraná Diet, Fanta Laranja, Sprite Zero e Sukita apresentaram a substância que, segundo estudos, também pode oferecer ao consumidor o risco de desenvolver câncer. Para a Organização Mundial de Saúde, não há limite seguro para a ingestão de benzeno e, na dúvida sobre a possibilidade de o produto fazer mal à saúde, o melhor é evitar o consumo, como recomenda a bióloga Fernanda Ribeiro, técnica da Proteste. Segundo ela, o composto vem sendo relacionado especialmente a leucemias e, mais recentemente, ao surgimento do linfoma. A Proteste pediu a atuação do Ministério Público Federal de Minas Gerais que assinou um termo de ajustamento de conduta com a Ambev, Coca-Cola e Schincariol para que a concentração máxima do benzeno seja de cinco microgramas por litro.


O documento foi assinado em novembro de 2011 e deu às empresas cinco anos para e adequarem.

 


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