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Estado de Minas

Pesquisa comprova eficiência do chá verde e da congonha-de-bugre sobre a obesidade


postado em 10/10/2011 08:13 / atualizado em 10/10/2011 08:23

(foto: Arte:Janey Costa)
(foto: Arte:Janey Costa)
 

A insatisfação com os quilos a mais leva muitas pessoas a recorrerem aos medicamentos naturais para perder peso. Não há fronteiras para buscar soluções para a obesidade e muitos optam por plantas de diferentes lugares do mundo. Da Ásia vem o chá verde, introduzido nos hábitos de muita gente sob a promessa de acelerar o metabolismo. Do cerrado brasileiro vem a congonha- de-bugre (Rudgea viburnoides) cujas folhas são usadas no preparo de chás para a perda do peso indesejado. Mas não é pelo fato de serem produtos naturais que os efeitos são garantidos e que não há contraindicações no seu uso.

É certo que o conhecimento popular sobre determinadas plantas não deve ser desconsiderado, mas precisa passar por investigação científica para que possa ser validado. Foi o que fez a pesquisadora Gabrielle Aparecida Cardoso, aluna do programa de pós-graduação de ciência e tecnologia dos alimentos da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP). Ela analisou o efeito do chá verde no controle da obesidade.

De acordo com Gabrielle, o consumo de chá verde contribui para a perda de peso e diminuição da gordura corporal. “Seu consumo aliado à prática de exercício físico auxilia na redução dos triglicérides, ganho de força muscular, ganho de massa magra e na redução da massa gorda”, explica. Essa conclusão foi apresentada na pesquisa de mestrado “Efeito do consumo de chá verde aliado ou não ao treinamento de força sobre a composição e taxa metabólica de repouso em mulheres com sobrepeso ou obesas”. O estudo demonstrou que o chá verde contém compostos que proporcionam uma série de benefícios à saúde.

Ao consumo da bebida está associada a redução do risco de doenças cardiovasculares e de alguns tipos de câncer, melhoria das funções fisiológicas, efeito anti-hipertensivo, proteção ultravioleta, aumento da densidade mineral óssea, entre outras. Participaram da pesquisa mulheres com idades entre 20 e 40 anos, que estavam com sobrepeso ou obesidade grau 1 – grupo que tem índice de massa corporal (IMC) entre 25 a 35.

As mulheres foram divididas em quatro grupos: as que ingeriam chá verde; aquelas que receberam uma bebida com efeito placebo; mulheres que tomavam placebo e malhavam; e outras que tomavam chá verde e praticavam musculação. Depois de dois meses, o grupo que fez uso de 20 gramas por dia de chá verde perdeu em média 5,7 quilos de gordura. Já as mulheres que fizeram uso do chá verde e malharam mantiveram o peso, mas reduziram as medidas, indicando que houve troca de gordura por massa magra.

De acordo com a pesquisa, o chá verde aumenta em até 5% a taxa metabólica. A perda de peso ocorre devido à capacidade de o chá verde acelerar o metabolismo (veja quadro). A professora universitária Priscila Campello, de 38 anos, faz uso do chá verde regularmente. Embora não tenha verificado perda de peso em função da bebida, ela considera que ele tem efeitos positivos, uma vez que foi um grande aliado na eliminaçaõ de líquidos retidos no corpo. “ Percebi que desinchei. O chá verde é um diurético natural. Tomo duas xícaras por dia”, conta. O uso do chá foi indicado pela nutricionista de Priscila e desde então ela lê todas as informações sobre ele. A professora acredita também que a bebida contribui para a eliminação de toxinas do corpo.

Congonha-de-bugre

Em outra pesquisa, desta vez desenvolvida em Minas, a farmacêutica Juliana Morais Amaral de Almeida analisou para sua dissertação de mestrado (“Potencial das folhas de Rudgea viburnoides (Cham.) Benth (Rubiaceae) os efeitos da congonha-de-bugre no processo de emagrecimento. Desenvolvido na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais, o estudo demonstrou que essa típica planta do cerrado apresenta polifenoides, compostos que têm ação antioxidante (substâncias que combatem os radicais livres, diminuindo seu poder de reação química). No entanto, quando a substância é consumida em grandes quantidades passa a ser pró-oxidativo.

Mas foi no tratamento contra a obesidade que a congonha-de-bugre demonstrou ser mais potente: em laboratório, usando cobaias, Juliana conseguiu perceber alterações metabólicas induzidas por dieta em camundongos Balb/c. Segundo ela, por ter sido feito em animais, ainda são necessárias outras avaliações em humanos para averiguar a possibilidade do seu uso terapêutico. A farmacêutica ressalta no entanto que, em vez de validar o uso popular apenas em dietas de emagrecimento, o estudo com a congonha-de-bugre demonstrou que o uso indiscriminado pode ter efeitos contrários ao esperado. “Extrapolar a dose é um risco grande”, alerta a pesquisadora. As cobaias, que foram divididas em três grupos, receberam doses diferentes do extrato da planta. As que receberam o extrato em menor dose melhoraram parâmetros associados à obesidade, como sensibilidade à insulina, indicadores de inflamação no fígado e tecido adiposo, bem como nos níveis de glicose. Entretanto, nos grupos que receberam doses maiores não foram verificados os bons resultados. A pesquisa indicou que o uso indiscriminado pode levar a efeitos contrários, como a piora nos índices de glicose.

Aval da Anvisa

“A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) é contra a utilização de produtos naturais cujo uso não é aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Não é porque são naturais que os produtos são isentos de riscos. É uma ilusão pensar que eles não têm efeitos colaterais. Muitas vezes, as pessoas percebem melhora devido ao efeito placebo. Pode funcionar para uma parcela da população, mas é preciso ter estudos científicos que comprovem sua eficácia. Os trabalhos sobre o chá verde, por exemplo, são bastante controversos e os resultados questionáveis. Muitas vezes, as pesquisas sobre os produtos naturais são escassas e, por isso, o uso não é aprovado pelos órgãos reguladores. Muitos desses produtos, como não são regulamentados como medicamentos, são comercializados como alimentos. Quando falamos em obesidade, há sempre busca por remédios, mas a SBEM só recomenda os aprovados pelos órgãos regulamentadores. Não recomendamos qualquer produto até que se tenham evidências científicas robustas de queirá funcionar.”


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