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Estado de Minas

Quatro filhotes de cobra coral nascem em cativeiro e causam surpresa em MG

A espécie é uma das que tem veneno mais tóxico no Brasil.


postado em 28/09/2011 07:05 / atualizado em 28/09/2011 07:51

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

A última vez que uma cobra coral verdadeira reproduziu na Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, foi há 15 anos. O fato, considerado raro, voltou a surpreender pesquisadores. Na última semana, quatro filhotes do animal de nome científico Micrurus Frontalis nasceram no mesmo serpentário. A espécie é uma das que tem veneno mais tóxico no Brasil. De acordo com Rômulo Righi Toledo, chefe de Serviços de Animais Peçonhentos da Funed, a mãe chegou fecundada de Nova Lima, na Grande BH, onde foi capturada, e desovou no cativeiro.

Rômulo Righi explicou que a coral verdadeira é muito difícil de ser encontrada, tanto que na Funed existe apenas um exemplar, que chegou à instituição há cerca de dois anos e mede aproximadamente 1 metro. Segundo ele, a espécie vive debaixo de cascas de árvores, dentro de cupinzeiros, em buracos e tem hábitos noturnos.

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Cobra que pode ser encontrada em todas as regiões do Brasil, o veneno da coral verdadeira atua no sistema nervoso central, mas o índice de acidentes com ela é muito pequeno pelo fato de não se tratar de um animal agressivo e que geralmente foge quando nota a presença das pessoas. “Mas no caso de acontecer, se a vítima não for atendida a tempo, pode vir a morrer por parada cardiorrespiratória”, diz Rômulo. Um dos grandes problemas, segundo o especialista, é a espécie ser muito parecida com a falsa coral, que não é venenosa, e a identificação é difícil. Uma dica para reconhecer a verdadeira, dada por Righi, é que ela tem olhos pequenos e pretos, escamas por todo o corpo e ausência de fosseta loreal, que são orifícios entre as narinas e os olhos.

Sobrevivência

(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Os filhotes que nasceram na Funed medem cerca de 15 centímetros cada um e estão se movimentando com desenvoltura dentro das caixas onde estão sendo mantidos, que imitam o ambiente que elas encontrariam na natureza. Mas, conforme Rômulo Righi, as chances das pequenas cobras sobreviverem são pequenas porque a adaptação da espécie fora do seu habitat natural é difícil. Outro fator é que as corais só se alimentam de outras cobras ou de pequenos lagartos, o que também impede a sobrevida em cativeiro.

A mãe dos filhotes, capturada em uma área onde há grande incidência de animais desta espécie, morreu logo após a eclosão dos ovos. “Por isso estamos fazendo o possível para manter os filhotes vivos. Seria importante para a Funed porque se isso acontecer além de produzirem veneno para ajudar a manter a produção de soro, seriam menos animais a serem retirados da natureza para este fim”, afirma. As corais verdadeiras pertencem à família Elapidae e, no Brasil, existem 22 espécies do gênero Micrurus. Elas são ovíparas, ponde de 2 a 10 ovos por vez, em buracos no chão, formigueiros ou troncos em decomposição. No caso do ser humano ser picado, o soro específico é o antielapídico, que deve ser aplicado logo após o acidente por via intravenosa, em ambiente hospitalar.

A biólogo Thaís Helena Parizzi Saraiva, também do serviço de animais peçonhentos da Funed, explica que o nascimento das pequenas corais não aconteceu por acaso. Ele coincide com a época de reprodução das serpentes, entre setembro e março, quando também acontecem em todo o país o maior número de acidentes. “Este período marca ainda o começo das chuvas, a chegada do calor e o início das plantações nas zonas rurais, deixando as pessoas mais expostas. As queimadas, que estão ocorrendo em todo o estado, fazem ainda com que as cobras, desesperadas, busquem abrigo dentro das casas, nos galpões e em outros lugares em que se sentirem protegidas”, diz.

Saiba como evitar acidentes

Não ande descalço em matas e trilhas. Use botas ou perneiras, já que 80% dos acidentes acontecem do joelho para baixo
Sempre use luvas grossas quando for fazer atividades de jardinagem, em hortas e colheitas. 18% dos acidentes atingem as mãos e antebraço

Ao andar pelo mato, não olhe só para o chão, pois existem serpentes que também têm o hábito de viver entre galhos de árvores

Ajude a preservar o habitat natural dos animais, não destruindo matas e causando queimadas. Evite construir em áreas de preservação ambiental

Preserve os predadores das serpentes: gaviões, emas, avestruzes, seriemas, gambás, e outras cobras, como muçurana e coral verdadeira

Primeiros socorros

Em caso de acidente, é importante tentar identificar a serpente e levá-la ao hospital, porque para cada cobra tem um soro específico. A identificação do animal facilitará muito o início do tratamento

Mantenha o acidentado tranquilo, em repouso, para que a circulação sanguínea seja mais lenta

Não faça torniquetes e garrotes porque podem concentrar o veneno na área atingida

Não faça, em hipótese alguma, uso de cachaça, querosene, pimenta, pois o soro antiofídico é o único antídoto eficaz contra mordida de cobra

 


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