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Estado de Minas

Mapa virtual deixa os 853 municípios mineiros a um clique de distância


postado em 29/08/2011 08:02 / atualizado em 29/08/2011 08:07

Rua Vaca Morta, município de Francisco Sá, no Norte de Minas. O personagem apropriado, morador do endereço, é desconhecido, mas bem poderia ser um menino desses loucos por explorar as várias possibilidades da internet, como identificar, no mapa virtual, num giro pela Terra, onde está a casa em que mora. O município, porém, ainda não está incluído nessa nova tecnologia. Vaca Morta nem está na lista telefônica, aquela também da internet, para que o adolescente pudesse ser encontrado para falar de como seria ver uma parte de sua vida na tela do computador. Essa exclusão está perto do fim. Em novembro, entra no ar o chamado Geoportal MG3D, apelidado de “Google Maps mineiro”, que vai mapear todas as cidades do estado e dispor diversos tipos de informações para consulta on-line.

O trabalho é do Instituto de Geociências Aplicadas (IGA), autarquia vinculada à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior (Sectes). Inicialmente, os serviços disponíveis contemplarão duas frentes. A primeira será mostrar todas as localidades do estado. Atualmente, o Google Maps, ferramenta do site de buscas na internet, reúne mapas de cerca de 80 municípios. No Sul de Minas, por exemplo, estão contempladas apenas Itajubá e Pouso Alegre. Do Noroeste do estado, não há qualquer representante. A ideia é saber onde estão os cidadãos mineiros e lhes possibilitar a inclusão no mundo social e do conhecimento.

A segunda frente será a localização dos principais serviços públicos, como delegacias, batalhões da Polícia Militar, postos de saúde e escolas. Futuramente, o governo poderá agregar informações para melhorar a gestão administrativa e a assistência à população. O resultado será um conjunto de todas as 853 cidades mineiras, com detalhes sobre hidrografia, relevo, redes de transporte, sistemas de educação e saúde, estruturas socioeconômicas, de lazer e cultura.

Serviço
Em apenas um clique, os cidadãos poderão navegar no geoportal e ter informações sobre a população, a economia, a pirâmide etária e vários outros aspectos de um município. Muitas delas serão públicas. Outras terão acesso restrito a funcionários do governo, o que permitirá dar transparência nas ações ou fazer planejamentos. Por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), o IGA está desenvolvendo um sistema por meio do qual será possível saber a situação de hospitais, centros de saúde, escolas e de onde mais for necessário. Depois de pronto, bastará às secretarias, como as de Saúde e Educação, interesse em aplicar o conteúdo do banco de dados.

Há possibilidades para todos, mas cada aplicação prática depende da vontade de as secretarias e demais órgãos do governo aproveitarem a plataforma existente para melhorar os serviços. Uma das aplicações permitidas pelo geoportal MG3D é a instalação de câmeras para o controle de filas em hospitais e postos de saúde. Elas ficariam em pontos estratégicos que permitem acompanhar a velocidade de atendimento e identificar locais que precisam de reforço, permitindo assim reprogramar as equipes.

Na distribuição de redes de serviços, a ideia é que concessionárias e população se beneficiem do mapeamento dos serviços públicos, como fornecimento de água, energia elétrica, telefonia, internet, coleta de lixo, de esgoto, águias pluviais e varrição. Além da exibição de percursos privilegiados para bombeiros, ambulâncias e Defesa Civil. Também será possível a visualização dos principais equipamentos de transporte – metrô, aeroporto, rodovias principais e secundárias. Quem quiser pegar a estrada, bastará acessar o portal para saber quais vias cortam a localidade, as condições físicas delas e qual é o órgão responsável pela manutenção.

Avaliação das áreas de risco, o estudo e acompanhamento das áreas de proteção ambiental (APAs), das informações sobre clima e poluição e de projetos e obras em andamento são outras aplicações práticas possíveis com o georreferenciamento. Informações turísticas atualizadas e a visualização de imagens históricas fazem parte do pacote de opções.

Imagens mais atuais


O mapeamento atualizado de Minas Gerais é um dos principais ganhos da nova tecnologia. As últimas fotos foram tiradas na década de 1960 e processadas na forma cartográfica 10 anos depois. Desde então, informações sobre as novas cidades, distritos e estradas de responsabilidade do estado têm sido atualizados por meio do Instituto de Geociências Aplicadas (IGA), mas as secundárias permanecem excluídas. O território mineiro conta com 750 mil trechos de estradas vicinais e 7,5 milhões de endereços, dados que precisam entrar urgentemente para os bancos de dados da administração. Itabira, na Região Central, foi a primeira cidade a fazer o mapeamento atualizado. Nele, é possível constatar áreas que não mais existem, como o Pico do Cauê, que recebeu atividades mineradoras.

O mapa da Região Metropolitana de BH – que representa 5% da área do estado, mas concentra 20% da população – também está em fase de conclusão. No caso de BH, estarão disponíveis imagens atualizadas da cidade, como a Avenida Antônio Carlos. No Google popular, as fotos que os internautas acessam ainda são do tempo em que não existiam as intervenções que mudaram a cara de um dos principais corredores de trânsito da capital. Diferente também está a Pampulha, em cujas imagens é possível ver o estádio do Mineirão tomado pelas reformas.

A diretora-geral do IGA, Cláudia Werneck, estima que o mapeamento completo do estado demoraria entre dois e três anos. Mas a conclusão dos trabalhos esbarra em recursos públicos: são necessários R$ 80 milhões. Se cada secretaria participasse com uma porcentagem, dividindo os custos, facilitaria o processo. Afinal, todas serão beneficiadas. “Esse valor é o custo. O preço é muito maior, pois é o preço de não ter gestão, de não planejar”, ressalta. Além da inclusão de elementos, outro aspecto importante é a definição clara dos limites entre municípios, objeto ainda gerador de muitas dúvidas e polêmicas. “Faremos um mapeamento na escala de 1 para 10 mil, a qual permitirá um sistema de gestão e uma visualização mais detalhados”, diz a diretora.

Saiba mais - Programa avançado

O sistema MG3D usa um software adquirido da gigante da internet, o Google Earth Enterprise, e a Infraestrutura Estadual de Dados Espaciais (Iede). Os pesquisadores passaram dois anos formando um banco para alimentar a plataforma, com dados repassados pelas secretarias e entidades estaduais, além de fotos feitas durante levantamentos aéreos, que serão processadas até o fim do ano. Minas Gerais é pioneira na aplicação. Três aspectos são básicos no programa: o modelo do terreno para a tomada de decisões, a imagem e os chamados objetos vetoriais (tudo o que se vê, como rios, escolas, curvas de níveis etc.). Assim, se houver alerta do aumento do nível de cursos d’água em época de chuvas, será possível saber em qual direção ela avançará, que casas e hospitais poderão ser atingidos, facilitando a retirada de famílias e evitando tragédias – exemplo desse planejamento está nos Estados Unidos por causa da chegada do furação Irene neste fim de semana.


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