São Paulo
Fortes emoções é o que não faltaram nesta semana à Motorola. Na segunda, sem ninguém esperar, o Google anunciou a compra da divisão Mobility da marca, responsável pela fabricação de celulares e tablets, por US$ 12,5 bilhões. O mercado ligou imediatamente a aquisição ao desejo da gigante das buscas em fortalecer seu portfólio de patentes, que tem gerado brigas entre grandes empresas mundiais. Inúmeras dúvidas surgiram, e a esperança dos profissionais ligados à área tech era saná-las na coletiva de imprensa agendada para terça-feira, em São Paulo. Em resposta à primeira frase de apresentação do evento, esclarecendo que o assunto não seria comentado, pôde-se ouvir um sonoro descontentamento por parte dos presentes. Os jornalistas até tentaram. Contudo, os executivos da Motorola realmente não sabiam o que falar em relação à novidade.
O evento teve como objetivo o lançamento de seis aparelhos da marca, todos com funcionalidades básicas multimídia. Entre eles, a grande atração é o Motorola Milestone 3, agora com tela maior (quatro polegadas) e mais fino. O novo smartphone, com processador de dois núcleos, utiliza o Android 2.3 (Gingerbread), mais recente sistema operacional da Google, e oferece conteúdo da web, e-mail e mídia. Tem tela sensível ao toque e uma linha dedicada a números logo acima do teclado QWERTY. Além de vários recursos, entre eles o Quick Office, que permite a leitura e edição de arquivos em diversos formatos e a impressão de documentos por rede sem fio, incluindo aqueles que foram armazenados na nuvem, como os do Google Docs. Duas câmeras compõem o aparelho: uma frontal, de 1.3MP, para videochamadas, e outra traseira, de 8MP, capaz de fazer vídeos em alta definição.
Entre as melhorias está a possibilidade de redimensionar e mover os widgets, personalizando o menu e criando novas formas de chegar aos contatos. Nesse modelo, até 20 amigos podem ser visualizados por fotos na tela principal. Além disso, é possível separar os aplicativos por grupos. Outra grande jogada do Milestone 3 é a possibilidade de baixar e se divertir com jogos em HD. E o melhor: tem um sistema de espelhamento, que permite jogar tanto pelo aparelho quanto por uma TV Full HD. O usuário ainda pode escolher se joga operando o próprio smartphone ou se conecta-o a um joystick.
Antigo problema
Se o senso comum do consumidor final associa produtos Motorola a baterias fracas, Edson Bortolli, diretor de produtos da divisão no Brasil, afirma que foram feitas melhorias significativas quanto a esse componente. “Há um gerenciamento de consumo de energia inteligente. Já há um novo aprendizado em relação ao uso. Estamos criando cenários de bateria com tipos de uso de acordo com o perfil do dono”, explica o diretor. Segundo ele, a empresa não adicionaria tantas funcionalidades a um celular sem pensar em meios para que ele seja utilizado em seu melhor desempenho. O Milestone, por exemplo, se adapta automaticamente de acordo com o dock ao qual estiver conectado. Se for no dormitório, o brilho de tela fica menos intenso.
Entre os novos modelos, o Motorola SPICE Key chega com promessa de até oito horas de conversação e até 30 dias em modo de espera em redes 3G. Navegar na web, reproduzir vídeos da internet e enviar e receber mensagens o dia todo são algumas das maneiras de testar o potencial do aparelho. A empresa ainda anunciou o lançamento do smartphone Spice XT, também com Android 2.3, e outros quatro aparelhos um pouco mais básicos: o Screen Mini, com resistência a respingos d’água e poeira, o Motokey XT, o Motokey Mini e o WX294 dual-chip.
As novidades, segundo Rodrigo Vidigal, diretor de marketing da fabricante, são direcionadas ao mundo corporativo, mas sem esquecer que também os empresários prezam pelo entretenimento. As atualizações do Android, de acordo com ele, estão sempre disponíveis no site oficial.
Tablets
O incentivo fiscal do governo para a fabricação de tablets no Brasil não deve afetar os preços do XOOM. Por ter sido pioneira na prática, a Motorola acredita que apresenta um bom custo-benefício para o consumidor, com um preço dos mais competitivos do mercado. Muitos componentes ainda são importados, o que dificulta a redução do valor. “A ideia é continuar trabalhando com tablets e na diferenciação deles”, assegura Edson Bortolli.
* A Repórter viajou a convite da Motorola
