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Estado de Minas

Transplante de rim por laparoscopia já é possível em hospital de Belo Horizonte

Técnica menos invasiva priorizada nas cirurgias de doação de rim permite recuperação mais rápida e com menos dor, e está incentivando doadores


postado em 14/08/2011 09:48

Para o urologista Marco Túlio Lasmar (D), nova técnica diminui um dos temores dos doadores em potencial: passar por uma cirurgia sem sequer estar doente(foto: Marco Tulio Lasmar/Divulgação)
Para o urologista Marco Túlio Lasmar (D), nova técnica diminui um dos temores dos doadores em potencial: passar por uma cirurgia sem sequer estar doente (foto: Marco Tulio Lasmar/Divulgação)


É uma decisão difícil. Ser cotado para doar um rim anuncia que alguém muito próximo está em apuros. Mas o sofrimento pode ser suavizado, literalmente, com uma técnica menos invasiva ainda pouco conhecida no Brasil, mas disponível no Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte. No transplante renal com nefrectomia laparoscópica, o doador efetiva seu ato de solidariedade com menos cortes e internação, além de menor licença médica.

A laparoscopia não é uma técnica nova. Pelo contrário, é comum em cirurgias de vesícula, refluxo gástrico e na maioria dos procedimentos urológicos. A novidade é sua aplicação em transplante, no caso, para a retirada do rim de um doador vivo, que sente menos dor, necessita de menos analgésicos, tem alta, recupera-se e retoma as atividades normais mais rapidamente. Outro ganho é estético, pois as cicatrizes são menores. A preparação para realizar esse tipo de cirurgia é feita no exterior e exige refinamento técnico do cirurgião que opera uma pessoa sadia. Erros, aqui, teriam uma consequência maior.

O urologista Marco Túlio Coelho Lasmar, da equipe de transplantes do Felício Rocho, que há oito anos consecutivos é considerado o maior centro transplantador do estado, começou a trabalhar com a técnica em Minas Gerais em 2008 e já fez cerca de 100 procedimentos pelo método. Nos Estados Unidos, onde está disponível desde 1995 e quase a totalidade dos transplantes inter vivos (quando uma pessoa saudável doa o orgão para o doente) é feita por nefrectomia laparoscópica, as doações aumentaram 50%.

O especialista acredita que a técnica diminui um dos temores dos doadores em potencial: passar por uma cirurgia sem sequer estar doente. Recentes pesquisas americanas mostraram que um dos desestímulos à doação é o medo do corte e da dor. "O doador é uma pessoa absolutamente saudável que se submete a uma cirurgia de grande porte ‘desnecessária’, para ajudar alguém. Se ele já está fazendo um gesto tão nobre e a medicina pode oferecer algo menos invasivo e que lhe permita retornar à vida normal rapidamente, é muito melhor."

O outro temor é ficar com apenas um rim. Segundo Lasmar, é possível e seguro levar uma vida saudável da mesma forma. Muitas pessoas, inclusive, têm apenas um rim e só o descobrem tardiamente, em um ultrassom qualquer. Ao doador caberá apenas um maior cuidado relativo à alimentação e consultas anuais com um urologista.

Crescimento Em Minas Gerais, a técnica também está crescendo. Metade dos transplantes de rim no Hospital Felício Rocho já é feita entre doadores vivos, número que vem crescendo em comparação com o de doadores cadáveres. Trata-se de um progresso e também de uma maior expectativa para o transplantado, porque a vida útil de um rim de doador cadáver varia de cinco a oito anos e de doador vivo até 15 anos, em média. Segundo Marco Túlio Lasmar, a retirada do rim por laparoscopia também não afeta em nada o órgão que deve ser implantado no receptor em até cinco minutos.

Todo o progresso tem feito pacientes de outros estados – a nefrectomia laparoscópica só é realizada em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Ceará – procurarem o serviço pelos benefícios da técnica. "Hoje, todos os transplantes entre doadores vivos no Felício Rocho são realizados preferencialmente por laparoscopia, exceto por algum impedimento médico, como anormalidades anatômicas, ou por não autorização dos materiais por convênios médicos ou pelo Sistema Único de Saúde", explica o especialista. Todo doador entra em sala de cirurgia alertado que, caso ocorra alguma eventualidade, o médico pode adotar o procedimento padrão da cirurgia com barriga aberta.


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