Ensinamento milenar passado de mãe para filha na Tailândia e ainda um tabu no Brasil. O pompoarismo, habilidade de contrair e controlar a musculatura pélvica tem sim ganhado novas adeptas desde que começou a ser difundido em cursos no Brasil. Mas para a mulher ainda é mais fácil fingir e difícil encarar: “não sinto prazer!”.
Fisioterapeuta especializada em uroginecologia e obstetrícia, Melissa Faria Dutra trabalha com reabilitação perineal. Às pacientes ensina como fortalecer a musculatura da vagina. Pompoarismo, portanto. Com a técnica, elas não só sentem mais prazer, mas evitam e até tratam uma série de problemas como incontinência urinária, fecal e de flatos, e também queda da bexiga e do útero.
Os benefícios para a saúde estão comprovadíssimos, mas o principal objetivo de quem procura a reabilitação é melhorar o desempenho sexual. Segundo a especialista, normalmente a queixa das mulheres é de estarem flácidas e, com isso, não sentirem tanto atrito na relação sexual, o que diminui a sensação de prazer.
Aqui podemos desmitificar a ideia de que o pompoarismo é um “presente” das mulheres ao parceiro sexual. Eles vão, sim, sentir mais prazer, principalmente se o controle da musculatura se transformar em uma série de brincadeiras. Mas a mulher tem pelo menos três motivos para se dedicar ao pompoarismo em benefício próprio.
As brasileiras se beneficiam do pompoarismo há cerca de 15 anos. Stella Alves foi em busca dos exercícios em benefício próprio. Casada desde os 16 anos e com pouca experiência sexual, não tinha prazer e sim muita vergonha em assumir o problema para o marido e as amigas. “Fingia, porque desconhecia meu órgão genital, como milhares de mulheres.”
A então dona de casa conseguiu o material fora do país e começou a treinar. O pompoarismo devolveu a Stella o prazer sexual e hoje ela compartilha a técnica em cursos e no livro Pompoar: a arte de amar, lançado pela Editora Madras. Stella lançou ainda um kit em que apresentou as brasileiras aos ben-wa, as famosas bolinhas tailandesas usadas em alguns dos exercícios.
Na Tailândia, berço do pompoarismo, as mães ensinam as filhas desde pequenas, porque faz parte da cultura do país as mulheres dominarem o que tratam como a arte de conquistar e prender o companheiro. Segundo Stella, naquele país há, inclusive, um pompoarismo explorado como forma de show, com apresentações de malabarismo a partir da técnica. “Lá, não há tabu, porque é algo cultural. Na Tailândia, diferente é a mulher que não sabe pompoar. No Brasil, durante muitos anos as mulheres iam escondidas. Hoje, ganham cursos e acessórios de presente dos maridos.”
TREINO
Segundo a pompoarista, nome dado a toda mulher que domina a técnica, com 20 dias de treino já é possível sentir os primeiros benefícios. O domínio, entretanto, vem com cerca de três meses de exercícios diários. Técnica aprendida, a mulher passa para a manutenção, suspensa apenas durante a menstruação.
Como o pompoarismo ensina a mulher a diferenciar um anel vaginal do outro, é possível aprender a movimentá-los isoladamente. O controle muscular é tão consciente que um dos ensinamentos é retardar a ejaculação do parceiro. É por isso que, para Stella, a pompoarista é uma mulher diferente, pois aumenta o prazer não só dela, mas do casal. “Ela vai estimular uma musculatura que estava inativa e aprender jogos amorosos. Vai ter e dar mais prazer e, principalmente, vai se conhecer melhor.”