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Estado de Minas

Noites mal dormidas comprometem a qualidade do sexo

Privação do sono, como ficar na balada até tarde ou passar a noite em claro na internet, pode trazer consequências graves e interferir até na qualidade do sexo


postado em 10/07/2011 13:38 / atualizado em 10/07/2011 13:49

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
 

Diga-me o quanto dormes e direi quem és. Essa frase ilustra bem a influência do sono na vida das pessoas. Uma noite bem dormida é sinal de equilíbrio em todos os sentidos. Já o contrário pode trazer todo tipo de malefício à saúde, desde irritabilidade, mau humor e cansaço físico e mental até o comprometimento da qualidade do sexo. Que o diga Cláudia*, que há mais de dois anos não tem uma noite de sono tranquila e isso quase lhe custou o casamento.

Ela conta que tudo começou por causa do marido, Gustavo*, que tem apneia do sono, mas não sabia. Por causa dos roncos de vários decibéis (podem chegar a 75), ela não conseguia dormir. Isso refletia no seu humor durante o dia e no seu descanso à noite. “Como dormia pouco, quando meu marido me procurava à noite, não conseguia ter relação ou queria que terminasse rápido para dormir. Às vezes, quase dormia antes de terminar”, diz, lembrando que, muitas vezes, isso ocorria com o marido também. “O fato é que, quando íamos para a cama, estávamos sempre cansados e com sono.”

Para tentar dormir melhor, Cláudia trocou a cama do casal por um colchão no chão da sala. Ela se viu livre dos roncos, mas o desconforto da mudança continuava incomodando. Mesmo assim, ela preferiu ficar na sala a ter que conviver com o barulho provocado pela apneia do marido. Assim, as relações sexuais foram ficando escassas e a sua vida conjugal quase foi para o espaço.

Por sua vez, Gustavo sentia cada vez menos pique, apesar da vontade de transar. “Estava numa situação muito incômoda e cheguei mesmo a pensar em me separar. A Cláudia e eu perdemos aquele contato na cama, que é muito importante para o casal. Meu sono era picado, mas não percebia, a não ser pelo cansaço no dia seguinte”, conta Gustavo, que achava que tinha algum problema no nariz, que dificultava sua respiração.

Até que este ano ele decidiu se tratar. Procurou um pneumologista, que constatou a apneia e lhe recomendou o uso de uma máscara indicada para esse tipo de distúrbio. Assim, ele deu início ao tratamento há cerca de 10 dias. Ele não ronca mais, mas diz que ainda está em fase de adaptação e que a máscara ainda o incomoda.

Gustavo tem esperança de voltar a ter uma vida sexual com qualidade. Até comprou cama nova para agradar à mulher e convencê-la a voltar para o quarto. Cláudia, que passou a dormir junto com o marido há oito dias, diz que ainda não se acostumou com a cama, mas que já está dormindo bem melhor, apesar de ainda acordar à noite. “Mas só de saber que não vou mais acordar com os roncos do Gustavo, sinto-me mais segura. Agora posso realizar meu sonho, que é dormir o sono dos anjos, e ficar acordada na hora que for preciso”, brinca.

DISFUNÇÃO ERÉTIL
A história acima pode ser a de milhares de casais que passam por privação do sono, o que é mais comum do que se imagina, segundo a neurocientista Mônica Levy Andersen. Ela é pesquisadora do Instituto do Sono de São Paulo e professora do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Estudo apresentado pela especialista durante o 7º Congresso de Cérebro, Comportamento e Emoções, ocorrido em Gramado (RS), mostrou que 32% da população de São Paulo sofre de apneia do sono. “Sono é tudo.” Segundo ela, quem sofre restrição do sono é mais suscetível aos distúrbios do organismo, como estresse, obesidade, diabetes e disfunção erétil, entre outros.

“Os resultados para quem dorme bem são comprovados: melhora a pele, a pressão sanguínea, o metabolismo e a atividade sexual”, cita Mônica, que, desde 1995, coordena um trabalho de investigação dos efeitos da privação e da restrição de sono na função reprodutiva de ratos machos. “O que observamos até agora em ratos é que uma privação de sono pontual provoca uma excitação sexual nos machos. Isso ocorre na privação de sono REM (sigla em inglês para movimentos oculares rápidos), quando ocorrem os sonhos. No entanto, apesar de apresentarem desejo, pois os ratos chegam a montar a fêmea, eles não conseguem fazer a penetração. Em outras palavras, eles têm desejo, mas não têm a função erétil adequada.”

 

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