(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

Os benefícios da "tableterapia"

Dispositivos móveis podem auxiliar na melhoria da qualidade de vida das vítimas de diversas doenças. Aplicativo para iPad abre as janelas da comunicação para pacientes com síndrome rara


postado em 30/06/2011 09:59

Com um grande ganho para o seu desenvolvimento, Victor aciona no tablet da Apple programa que o ajuda a comunicar suas necessidades à família(foto: Paúl Pauca/Divulgação)
Com um grande ganho para o seu desenvolvimento, Victor aciona no tablet da Apple programa que o ajuda a comunicar suas necessidades à família (foto: Paúl Pauca/Divulgação)
Portabilidade, facilidade de manuseio e uma infinidade de funções fazem dos tablets um objeto de desejo de primeira grandeza. Em um mercado que cresce 85% ao ano, a venda dos aparelhos até 2013 deve ultrapassar a expectativa de 150 milhões de unidades comercializadas, segundo o Instituto Gartner, dos Estados Unidos. Somando o número de aplicativos para os dois mais importantes sistemas operacionais, o iOS, do iPad, e o Android, que está presente em centenas de aparelhos móveis como o Motorola Xoom e Samsung Galaxy, já são 700 mil apps capazes de executar as mais variadas tarefas e agradar os geeks mais exigentes.

Entre os aplicativos, os que promovem saúde ocupam lugar de destaque. Só na App Store, espaço onde são vendidos programas para produtos Apple, há mais de 900 deles, que vão desde tabela de calorias, exercícios de acupuntura, respiração, ioga, mantras e pilates, até controle de glicemia, entre outras funções. Em meio a tantos programas disputando a audiência nessa prateleira virtual, surge uma nova gama de aplicativos voltados para a reabilitação e bem-estar de pessoas que sofrem de alguma deficiência física, mental ou psíquica. Conhecidos como Comunicação Alternativa e Ampliada (Augmentative and Alternative Communication - AAC), os aplicativos utilizam a portabilidade e a tela sensível ao toque dos dispositivos móveis, como smartphones, iPods e tablets para auxiliar e melhorar a qualidade de vida dos pacientes e, consequentemente, de seus familiares.

Um desses aplicativos foi desenvolvido por Paúl Pauca, professor do Departamento da Ciência da Computação da Universidade Wake Forest, da Carolina do Norte, nos Estados Unidos e doutor em ciência da computação. O cientista vivia sua rotina diária de levar os filhos na escola, ir para o trabalho preparar aulas e orientar estudantes de mestrado, até que seu filho Victor, na época com 2 anos e meio, hoje com 5, foi diagnosticado com a síndrome de Pitt Hopkins, doença mental muito rara que dificulta a comunicação. Desde então, Paúl começou a luta para buscar uma maneira de melhorar a qualidade de vida do filho. "É um distúrbio genético raro e envolve o desaparecimento ou a mutação do gene TCF4 no cromossomo 18. Ouvi sobre isso pela primeira vez quando meu filho foi diagnosticado", conta.

(foto: Fotos: Verbal Victor/Reprodução)
(foto: Fotos: Verbal Victor/Reprodução)
Foi aí que teve a ideia de desenvolver um aplicativo, na época exclusivo para iPhone, que pudesse ajudar não apenas Victor, mas também outras famílias com parentes com deficiências cognitivas. O Verbal Victor - que precisou de "árduos cinco meses para ser desenvolvido e um bom tempo para ser testado", como lembra o cientista - está hoje disponível também em versão para iPad. "Existem vários aplicativos para distúrbios de comunicação desenvolvidos para iPhone e iPad. Porém, o Verbal Victor foi criado para crianças com habilidades comunicacionais iniciais e, por isso, talvez seja único. Agora estamos em fase de desenvolvimento para a plataforma Android", explica Paúl Pauca.

Com o uso do aplicativo, Victor passou a ter mais condições de comunicar suas necessidades. A descoberta levou o pai a pensar em ajudar outras pessoas com o problema. "Minha mulher e eu criamos um grupo de ajuda aos pacientes com síndrome de Pitt Hopkins quando o Victor foi diagnosticado. Éramos apenas três famílias na época e agora já são mais de 100, incluindo uma do Brasil. Recebemos ajuda de todas para divulgar a doença."

Para o pesquisador, a tecnologia móvel tem um grande potencial nesse campo e seu objetivo é explorá-la para desenvolver mais aplicativos voltados a auxiliar pessoas em uma diversidade de condições que vão do autismo à doença de Parkinson. "Dispositivos dedicados à comunicação e tecnologia assistencial são extremamente caros, custam milhares de dólares aos Estados Unidos e estão fora do alcance da grande maioria da população. Em outros países, como o Brasil, o acesso a esses equipamentos é provavelmente ainda pior. A tecnologia móvel, por outro lado, está prevalecendo sobre as outras em todo o mundo", completa ele.

O que é
O VerbalVictor permite que, por meio de figuras e frases pré-instaladas, o filho diga o que deseja. Na hora de instalar o software, é possível gravar frases com a própria voz. O aplicativo está disponível na App Store por US$ 6,99.

  • Tags
  • #

receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)