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Estado de Minas

Sexta-feira 13 desperta superstições, mas medo da data também pode ser uma doença


postado em 13/05/2011 14:31 / atualizado em 13/05/2011 14:41

O estudante universitário Luis Otávio Bastos não tem problemas com a sexta-feira 13. "Não acredito nessas besteiras, não", diz. Passar embaixo de escada, no entanto, ele não se arrisca. "Uma vez inventei de passar, quando ia na casa de uma namorada e, no mesmo dia, ela terminou comigo. Desde então, nunca mais!", garante. Desafiado a repetir o ritual nesta sexta-feira (13), a resposta é rápida. "Nada. Já estou com tanto azar. Passar embaixo de escada em dia 13 deve ser pior", desconfia. A jornalista Rafaela Aguiar faz aniversário neste dia 13 e, pelo que recorda o número sempre trouxe mais sorte que azar, mas justo no ano que a comemoração é numa sexta-feira, um dia antes, acabou vítima de catapora. "Nunca tive problema antes, mas só pode ser uma ′uruca` da data", brinca.


Parascavedecatriafobia. O nome assusta tanto ou mais do que a própria sexta-feira 13. Na verdade esse “palavrão” aí significa pânico de sextas-feiras 13. A data, que sempre gera polêmicas e brincadeiras, traz também medo, de verdade, para algumas pessoas. Mas depois de maio, podem ficar despreocupados que 2011 estará livre de outras datas do tipo, pelo menos até janeiro do ano que vem.


Apesar de não ser considerada uma fobia tão comum, ela existe sim. Algumas pessoas deixam de fazer seus afazeres só porque o dia 13 caiu numa sexta-feira. Em 2007, um levantamento indicou que nos Estados Unidos cerca de 20 milhões de pessoas sofriam de parascavedecatriafobia. A mesma pesquisa indicou que, nestes dias, os americanos costumam perder alguns milhões de dólares em negócios só porque as pessoas se recusam em andar fazer coisas rotineiras e até mesmo viajar, com medo de que alguma tragédia aconteça.

O medo da sexta-feira 13, na opinião da piscológa e professora Fafire e da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Reginete Cavalcanti, é algo que está mais voltado para o imaginário coletivo. E de acordo com ela, vai depender muito da cultura em que a pessoa está inserida. “Isso vem muito das crenças, algo muito de superstição. No imaginário coletivo, é uma fobia comum. De alguma forma, na sexta-feira 13, as pessoas ficam atentas a esse dia, mas não é algo que eu vejo como um prejuízo para a população”, comentou a Reginete Cavalcanti.


Esse medo passa a ser um problema quando interfere na rotina. Somente nesse caso, passa a ser considerada uma fobia. “A ansiedade e o medo são itens de sobrevivência. É manifestada através da cautela ao atravessar uma avenida, por exemplo. O problema surge quando esse medo começa a ficar exagerado, quando começa a limitar a pessoa. Aí, sim, passa a ser uma fobia”, explicou Reginete Cavalcanti. No entanto, ela afirma que a parascavedecatriafobia não é comum.

Doença ou pura superstição, o fato é que esta data passou a ser considerada como uma concentração de azar sobrenatural. Uma das origens está no próprio cristianismo, que condena todo tipo de superstição. Isso porque Jesus, com seus 12 discípulos, teria participado da Última Ceia justamente numa sexta-feira, morrendo na semana seguinte. Um mito escandinavo, por outro lado, diz que a deusa da beleza e do amor, Friga, foi considerada bruxa após a conversão dos nórdicos ao cristianismo e, por isso, acabou exilada. Como vingança, às sextas-feiras, se unia a 1 demônio e outras 11 bruxas para aterrorizar a população local.

Para a psiquiatra especializada em transtornos obsessivos compulsivos (TOC), Kátia Petribú, que já tratou pacientes que tinham medo da sexta-feira 13, afirma que, na maioria dos casos, a questão é pura superstição. Mudar sua rotina em torno da data, como reagendar viagens pode ser um quadro exarcerbado dessas crenças que fazem parte do imaginário popular, mas não necessariamente se caracterizam como doença. "Para ser uma fobia, um caso clínico, é preciso que o medo se apresente de forma a interferir na vida do paciente, que ele deixe de lado coisas importantíssimas, mesmo contra a razão. Mas quanto à sexta-feira 13, esse pode ser um sintoma de um campo maior, normalmente relacionado ao TOC, e não essa única fobia específica isolada", garante.


Certeza histórica

Nada melhor para incendiar o imaginário popular e alimentar o medo irracional que fatos históricos marcados por tragédias ou eventos traumáticos.

1307 – No dia 13 de outubro, o rei da França, “Filipe, o belo”, após disputa com a Ordem dos Templários, na qual desejava inutilmente entrar, ordenou a prisão de morte de inúmeros templários. O dia sangrento, claro, era uma sexta-feira.
1939 – No dia 13 de agosto, a Austrália sofreu o pior incêndio de suas florestas. Ao todo, 20 mil quilômetros foram devastados pelo fogo e 71 pessoas acabaram mortas. Precisa dizer qual fio o dia?
1972 – Em uma fatídica sexta-feira de setembro, o avião que levava a equipe uruguaia de rúgbi pela Cordilheira dos Andes caiu, tirando a vida de inúmeras pessoas, incluindo o rapper Tupac Shakur. Benny Goodman e o piloto da Nascar Tony Roper. O fato virou até filme, “Vivos”, de 1993. Precisa dizer que o dia, era 13?
1968 – O dia 13 de dezembro vai ficar marcado para todos os que conviveram com a ditadura militar. Foi numa sexta-feira, que o governo militar do Brasil decretou o AI-5, suspendendo direitos e garantias políticas da população.

Nem tudo são tragédias – Na Índia, o número 13 é encarado como canalizador de sorte, independentemente do dia da semana. Na China e o no México, há relações com o sagrado. Os chineses, inclusive, acham problemas com azar com o número 4, não com o 13.



Aqui no Recife, a sensação é mesmo de descontração. Tanto que a Festa Sem Loção tem como tema justamente a sexta-feira, 13. Com o slogan “Venha tocar o terror”, à meia-noite (da sexta para o sábado), quem não tem medo ou superstição vai ter um motivo a mais para se divertir no bar Francis Drinks, no bairro do Recife. Aproveitar é opcional, claro, assim como preferir ficar em casa, com medo.

 


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