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Estado de Minas

Pesquisa revela o ranelato de estrôncio como nova arma contra a osteoporose


postado em 19/04/2011 11:24

Os portadores de osteoporose, doença que enfraquece os ossos, deixando-os porosos e suscetíveis a fraturas, acabam de receber uma boa notícia. Após uma pesquisa multinacional realizada com 268 mulheres na pós-menopausa, foi constatado que o ranelato de estrôncio é um ótimo aliado na recuperação óssea. Enquanto a substância estudada reequilibra duas células importantes para a saúde dos ossos, os outros medicamentos agem em apenas uma das células.

O ranelato de estrôncio é a primeira substância que atua nos osteoblastos, células responsáveis pela formação dos ossos, e nos osteoclastos, importantes na reabsorção óssea (remoção do osso antigo). As duas células trabalham em conjunto, mantendo a integridade do esqueleto humano. Presidente da Sociedade Brasileira de Osteoporose (SBO), o reumatologista Cristiano Zerbini explica que a comparação foi realizada com a separação das participantes em

dois grupos. A equipe que utilizou o ranelato teve 2,94% da superfície óssea mineralizada, ou seja, recuperada. O grupo que usou o alendronato, medicamento mais usado atualmente no tratamento do problema, teve um resultado de apenas 0,20%. “E, após um ano, percebemos que o efeito superior (do ranelato) na formação óssea cresceu para 4,6%”, conta.

Outra comprovação foi a de que o ranelato de estrôncio não perde as propriedades medicamentosas após 10 anos de tratamento. As substâncias atualmente utilizadas não podem ser ingeridas por prazos longos, pois aumentam o risco de fraturas — a medicação, portanto, começa a agir contra o paciente . “Esse fato é muito importante, uma vez que a osteoporose não tem cura e o tratamento é contínuo”, observa Zerbini. Segundo o reumatologista, outro benefício do remédio, em relação aos outros medicamentos, é a leveza da substância, que, além de poder ser ingerida à noite, ainda causa poucos danos ao estômago. Os outros medicamentos precisam ser ingeridos em jejum, ao acordar, e podem trazer efeitos danosos ao sistema digestivo.

No estudo, realizado em 75 centros de saúde, espalhados por 12 países, como Canadá, África do Sul e França, o Brasil teve uma participação de destaque, realizando uma grande parte da produção científica. “Esse é, até o momento, o maior estudo utilizando a biópsia óssea para analisar o mecanismo de ação de um medicamento para o tratamento da osteoporose”, acredita o presidente da SBO. Mesmo com os resultados, os especialistas continuarão analisando as amostras por meio de outros parâmetros, como a microtomografia e as comparações da eficácia a longo tempo.

Para Zerbini, o tratamento ganha pontos positivos adicionais por causar poucos efeitos colaterais. “Novos estudos estão sendo realizados para averiguar a utilização do ranelato de estrôncio em outras formas de osteoporose, como a que acomete homens e a induzida pelo uso de cortisona”, acrescenta.

Para a dona de casa Maria Ozória de Paiva, 71 anos, que sofre com osteoporose na coluna, a descoberta representa uma esperança. “Mesmo que a minha doença esteja em estágio inicial, permitindo o tratamento com os remédios existentes, é bom saber que há medicamentos eficazes para os estágios mais graves”, comemora. Ela relata que faz reposição com cálcio e toma remédios para enfrentar as dores, principalmente quando extrapola nas tarefas domésticas. Sabendo dos benefícios do novo medicamento, Maria planeja, na próxima consulta médica, perguntar ao profissional se já pode começar a usá-lo. “Quem sabe até estabiliza o meu quadro, né?”, torce.

O tratamento

De acordo com a reumatologista e professora da Universidade de São Paulo (USP) Rosa Maria Pereira, a eficácia na formação e na qualidade óssea são as principais vantagens do ranelato de estrôncio. “Essa ação prova que o ranelato de estrôncio é o único tratamento eficaz contra fraturas ao longo de 10 anos”, acredita. Para ela, o medicamento pode se tornar a primeira escolha de tratamento da osteoporose para mulheres na pós-menopausa. Outro benefício, segundo Rosa, é que o medicamento já foi aprovado para ser usado no Brasil.

Malvina Xaves Fonseca, 67 anos, comemora os resultados do tratamento e o compara a “um milagre”. Ela, que tem osteoporose no quadril e osteopenia (desgaste do osso que pode levar à osteoporose) na coluna desde 1994, diz que estava cansada de fazer experiências com os medicamentos. “Minha endocrinologista sempre mudava os remédios por causa dos efeitos colaterais”, conta. Pouco mais de um ano depois de começar a tomar o ranelato de estrôncio, Malvina fez a ressonância de rotina e foi agradavelmente surpreendida: o desgaste do osso no quadril regrediu para uma osteopenia. “Sempre senti dores e saber que esse medicamento tem esse poder de regeneração é uma nova esperança”, comemora.

As mulheres são particularmente suscetíveis a perda óssea após a menopausa. O risco estimado de fratura em mulheres brancas com mais de 50 anos é de 45%. A taxa de incidência anual de fraturas pela doença em mulheres é maior do que as de ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais e tumores de mama. Estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas sofram com a osteoporose no Brasil — e cerca de 2,5 milhões no mundo morrem todos os anos, vítimas das complicações da doença.


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