Novo tratamento de disfunção erétil é discutido por especialistas

Um novo tratamento para a disfunção erétil foi um dos temas do 26º Congresso Europeu de Urologia, realizado em Viena, na Áustria, em março. Com base em dois estudos, uma nova cápsula alemã, cujo princípio ativo é o vardernafil, na dosagem de 10 miligramas, se destacou pela praticidade e eficiência. Ela é orodispersível, ou seja, capaz de dissolver em segundos na boca, dispensando a necessidade de água e facilitando a vida de pacientes que têm dificuldades em engolir comprimidos, além de proporcionar ao paciente um hálito de menta.

O princípio ativo atua diretamente no mecanismo fisiológico que leva à ereção, alcançada graças a um processo que inicia com a liberação de óxido nítrico no corpo cavernoso durante a estimulação sexual. O óxido nítrico ativa a enzima guanilato ciclase, levando a uma elevação nos níveis da guanosina cíclica monofosfatase (cGMP), provocando relaxamento muscular no corpo cavernoso e permitindo seu enchimento com sangue. A vardernafil aumenta o efeito do óxido nítrico por inibir a fosfodiesterase tipo 5 (PDE5), enzima responsável pela degradação do cGMP no corpo cavernoso.

Segundo o urologista e membro do comitê executivo da Sociedade Internacional de Medicina Sexual Luiz Otávio Torres, a causa da disfunção erétil pode ser orgânica e psicológica. “A orgânica é causada quando há alguma lesão nos nervos ou vascular no pênis. Ou ainda como reflexo das doenças relacionadas ao que chamamos de síndrome metabólica, como diabetes, colesterol alto, sedentarismo, obesidade, álcool, fumo, entre outras. Mas mesmo a disfunção orgânica leva a quadros psicológicos, pois o indivíduo fica estressado e preocupado com relação à sua performance”, ensina.

A doença não tem fator genético, muito embora esteja diretamente associada a outras patologias, que podem ser transmitidas de pai para filho. Tem, sim, relação com o envelhecimento do homem. O Massachussetts male aging study encontrou algum grau de disfunção erétil em 52% dos homens entre 40 e 70 anos e notou que a prevalência e seriedade da disfunção cresciam com a idade. A incidência em homens com idade entre 60 e 69 anos foi quatro vezes maior do que entre aqueles entre 40 e 49 – um dado que ganha importância com a divulgação de estatísticas demonstrando que 25% da população dos países em desenvolvimento terá mais de 65 em 2050, indicando um aumento da idade média da população.

INDEPENDÊNCIA

Os dois estudos, conduzidos pela Bayer Schering Pharma, foram realizados separadamente em vários países. Um envolveu 40 centros de pesquisa e o outro 35, que foram batizados respectivamente como Potent I e II. O objetivo era ter independência entre os levantamentos para que os resultados pudessem ser comparados. A pesquisa compreendeu um período inicial de quatro semanas sem medicação, seguido por um tratamento de 12 semanas. Indivíduos foram randomizados para vardernafil 10mg orodispersível ou placebo. Os pacientes não sabiam se estavam tomando medicamento ou placebo.

Nas pesquisas, foram selecionados pacientes com disfunção erétil há pelo menos seis meses. Em Potent I, foram incluídos 409 homens na pesquisa, dos quais 55% acima de 65 anos. Destes, 355 homens foram tratados, sendo 183 com vardernafil e 172 com placebo. No Potent II, foram 473 homens inscritos (51% acima de 65) e 331 tratados (169 com vardernafil e 162 com placebo). Na população tratada, todos os parâmetros de eficácia foram significativamente superiores ao placebo. Como o projeto do estudo dos dois estudos foi idêntico e os resultados muito semelhantes, ambas as populações foram agrupadas numa análise integrada. Ao todo, foram 686 pacientes (352 com vardernafil e 334 com placebo). Com taxa de penetração de 71,3% (base de 38,5%) e 62,7% de coito (base de 13,1%).