Autores começam a descobrir as vantagens do livro digital

Acostumados aos livros impressos, os autores começam também a descobrir as vantagens dos meios eletrônicos. A mineira Ethel Kacowicz, que lançou recentemente a obra A escritora, além de levar seu trabalho para o mundo virtual pela editora KindleBookBr, fez toda sua campanha de divulgação e lançamento pelo Facebook. “E o resultado foi excelente”, garante. Segundo ela, poder lançar livros digitais é maravilhoso para o autor. “Os investimentos são menores. Na forma tradicional, o mercado editorial é que geralmente define o que o leitor vai ler. Com os e-books, fica mais viável o surgimento de novas obras, principalmente de autores pouco conhecidos”, considera.

A facilidade para publicar um trabalho é também destacada por ela. “O autor cria uma história e, muitas vezes, passa o ano inteiro enviando cópias para as editoras para, com muita sorte, conseguir um sim. Com o livro digital, esse problema diminui bastante, pois a possibilidade de publicação é muito maior em virtude dos custos. Não há como negar que, embora em fase inicial, o e-book vai bombar no mercado”, aposta.

Seu livro, que também está disponível na versão impressa nas livrarias, pode ser adquirido nos endereços virtuais das principais lojas, como a Amazon e a Gato Sabido. “Isso graças à editora, que faz todo o acompanhamento, revisão e formatação eletrônica da obra para, depois, distribuí-la às lojas. Trata-se de um sistema que veio facilitar imensamente a vida dos escritores”, garante.

A ressurreição da leitura
A KindleBookBr, sediada em Petrópolis (RJ), é pioneira no lançamento de obras digitais e, atualmente, uma das poucas a trabalhar especificamente nesse sentido. “Atuamos assim desde outubro de 2009, quando o e-reader Kindle chegou ao Brasil. O aparelho foi, para nós, um divisor de águas. Começamos, então, a publicar trabalhos em português na Amazon e, hoje, já contamos com um catálogo de 40 autores editados para e-book”, revela a editora Noga Sklar.

Interessante que, no ano passado, a editora iniciou um caminho inverso: a publicação das obras eletrônicas também pelo processo impresso. “Só que criamos o sistema sob demanda. Isso significa que o arquivo digitalizado vendido na livraria pode ser impresso para o comprador. Basta ele solicitar o serviço que a gráfica contratada faz o trabalho e o entrega em uma semana”, afirma.

Para Noga Sklar, o Brasil começa mesmo a viver a geração do e-book, que é um caminho sem volta. “Estamos agora  traduzindo nossos autores para o inglês para oferecer seus trabalhos, também nessa língua, na Amazon”, informa ela, destacando a importância das campanhas educativas para mostrar o que é e como funciona o e-book.

“Nós temos trabalhos de 40 autores já publicados e uma fila permanente de 10 outros esperando a vez. Isso demonstra como o meio digital já foi incorporado à realidade editorial brasileira. Poderíamos diminuir a fila mais rapidamente se quiséssemos oferecer um serviço de menor qualidade. Mas fazemos questão de tratar o autor com o respeito que ele merece. Discutimos tudo com ele e tratamos dos seus interesses com todo o carinho, como ocorre nos filmes americanos, onde o editor e o autor são quase uma pessoa só. Isso é importante, pois no Brasil essa figura e esse papel do editor estão desaparecendo”, ressalta Noga Sklar. Para ela, o e-book representa a ressurreição do livro brasileiro, pois, devido a esse meio digital, hoje se está lendo no país bem mais do que anos atrás.

(Colaborou Shirley Pacelli)