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Estado de Minas

Currículo completo


postado em 27/11/2008 11:59 / atualizado em 08/01/2010 04:00

Marcos Vieira/EM/D. A Press
Lucas Cassiano: "O primeiro passo de quem quer ser hacker é não querer prejudicar ninguém"
-->É claro que para ser um hacker é preciso ter predisposição para a coisa. Além de gostar naturalmente de computação, quesitos como curiosidade e determinação (sem contar com o toque de genialidade) são fundamentais. No entanto, mesmo tendo uma vocação natural para o ramo, muitos jovens ainda têm de ser lapidados para virar uma preciosidade no mundo da segurança digital. Pois acredite, já há escolas e faculdades que ensinam conteúdos direcionados à formação de hackers.

Projeto nacional e inédito no mundo, o HackerTeen (www.hackerteen.com) é uma escola que oferece conteúdos educacionais sobre redes e segurança de computadores, ética hacker e empreendedorismo na internet formatados especialmente para adolescentes. “O intuito é pegar os jovens que têm interesse por tecnologia e direcionar todo o tempo que eles passam em frente ao computador, que é muito, para aprender conteúdos com valor no mercado. Trata-se de um currículo completo voltado a preparar os jovens para dominar um mercado saturado de invasões, fraudes e espionagens digitais”, explica o diretor de estratégia, Marcelo Marques.

O Hacker Teen, que nasceu em 2004, oferece cursos a distância e já formou mais de mil alunos. Alguns deles, inclusive, saíram direto para empresas do setor de tecnologia. É o caso de Gustavo Brasil, de apenas 16 anos, que há três meses trabalha na área de prevenção à fraude do site Mercado Livre. “Passei por etapas de processos que jamais imaginei. Foram avaliações demoradas e cansativas, mas valeu a pena”, garante ele, que terminou o curso este ano. “Ganhei senso de organização e responsabilidade. Também tive a oportunidade de conhecer mais sobre o conceito de Open Source e participar do concurso do Google, o GHOPC, no qual consegui cumprir tarefas e ganhar um prêmio”, lembra.

PRECONCEITO
Outra aluna, Ísis Machado Silva, acredita que as disciplinas vistas no curso são fundamentais para conscientizar os jovens que começam adquirir conhecimento em computação. “Acho essencial para não se tornar um cracker, que é aquele que invade empresas e se esconde na internet. Hacker que é hacker não se esconde, pois ele não invade nada, não viola senhas e não faz coisas erradas. Eles utilizam toda a sua inteligência para melhorar softwares de forma legal”, diz.

Lucas Cassiano, de 14, mora em Contagem. O seu xará, Lucas Coelho, tem a mesma idade e mora em Itabira. Quilômetros separam os dois estudantes mineiros. Mas é nos corredores virtuais da escola HackerTeen, curso a distância voltado para adolescentes, que eles se esbarram, enquanto se preparam para se tornarem legítimos hackers – com muito orgulho à carga positiva que a palavra traz. Quando não estão conectados às aulas eletrônicas livres de bagunça – em que só o professor fala, via chat de áudio –, os três precisam explicar para quase todo mundo que não são crackers.

“Eu mesma levei um susto quando ele me contou do curso que queria fazer”, confessa Ivonete Cassiano Silva, mãe do Lucas de Contagem. “Tinha muito preconceito com a palavra hacker. A gente ficou bem receoso no início, pensamos: gente, mas isso é uma coisa lícita? Será que isso é do bem mesmo?”. Hoje, ela já entendeu e, como toda mãe coruja que se preze, ajuda a propagar a noção de que seu filho aprende a usar ferramentas e conhecimentos avançados de tecnologia para fazer o bem.

“E isso é a primeira coisa que a gente aprende”, conta Lucas Cassiano, que tem, afiado, o discurso da ética hacker: “O primeiro passo de alguém que quer ser hacker de verdade é aprender a compartilhar, ensinar os outros esses mesmos conhecimentos e não querer prejudicar ninguém com isso”. Seu colega de Itabira, Lucas Coelho, emenda: “O curso protege do risco de o hacker se tornar cracker, com as aulas de ética, mostrando o que é certo e errado e até conceitos de moral. Eu achei que essa pudesse ser a matéria mais chata, mas ela me surpreendeu; é muito legal”.

Mas e a tentação de se render aos apelos de, por exemplo, invadir o Orkut de um colega que talvez até mereça? Mais uma vez, eles têm a resposta na ponta da língua. “É para isto que somos orientados: sabemos que temos ferramentas poderosas nas mãos, mas devem ser usadas para o bem”, acredita o Lucas de Itabira. O de Contagem concorda, no melhor estilo “o crime não compensa”: “Para que entrar por uma via perigosa, se há o risco de ser descoberto? No futuro, esse conhecimento pode ser de muito valor para conseguir um bom emprego. Não tem porque estragar isso. Para que seguir por um caminho ruim se eu tenho todo um caminho bom pela frente?”.

CAÇA AOS PONTOS VULNERÁVEIS

No exterior, também há cursos focados na formação de hackers. A Abertay University (www.abertay.ac.uk), da Escócia, é uma delas. A instituição oferece um curso de graduação em Ethical Hacking and Counter measures (Hacker ético e medidas de prevenção, em tradução livre) e acaba de lançar a pós-graduação Ethical hacking and computer security (Hacker ético e segurança de computadores). Na especialização, os alunos aprendem como testar os sistemas para encontrar pontos vulneráveis e criar formas de protegê-los.

De acordo com o diretor do departamento de computação, Lachlan MacKinnon, a universidade adota procedimentos rigorosos de seleção, checando, inclusive, se os candidatos têm antecedentes criminais. “Somos muito cuidadosos para assegurar que as pessoas que são admitidas estão fazendo isso pelas razões certas”, declarou.-->


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