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Estado de Minas

11% das crianças brasileiras são obesas

Pesquisa feita em nove estados do país indica que a alimentação na idade pré-escolar tem falhas graves. Faltam fibras e cálcio e há exagero no uso do sal. Obesidade também preocupa


postado em 02/11/2008 09:18 / atualizado em 08/01/2010 04:06

Carlos Vieira/CB/D.A Press
Gabriel, Gabriela e Maria Júlia, no curso de pequenos chefs, aprendem a importância dos alimentos
-->Brasília – Sobra sódio e faltam fibras, cálcio e vitaminas no prato das crianças com idade pré-escolar. O cardápio até que é adequado, mas os pequenos desprezam alimentos importantes para o desenvolvimento do organismo. O resultado é que meninos e meninas de 2 a 6 anos apresentam carências nutricionais de gente grande. E o mais preocupante: 11% estão obesos, apesar da pouca idade. Os dados são do estudo Nutri-Brasil Infância, realizado pelo instituto de pesquisas de uma indústria de alimentos, em parceria com pesquisadores de 12 instituições, incluindo a Universidade de Brasília (UnB).

Os nutricionistas avaliaram as refeições de 3.111 crianças de escolas públicas e privadas de nove estados: Minas, Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Amazonas, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Nas creches, além da avaliação do cardápio, a quantidade de alimento servido a cada um dos estudantes era pesada antes e depois da refeição — assim, foi possível constatar os restos deixados no prato. Também foi feito o registro do que eles ingeriam em casa. Os dados mostraram que, embora dentro dos padrões da Organização Mundial de Saúde, a alimentação dos pré-escolares brasileiros apresenta carências graves.

O coordenador nacional da pesquisa, pediatra e nutrólogo Mauro Fisberg, conta que a estatística mais assustadora é a referente ao peso das crianças. “Constatamos um excesso em 27% delas, sendo que 11% já estão obesas e as demais têm sobrepeso.” Ele atribui a obesidade infantil a dois fatores, além da influência genética. “Nas últimas décadas, houve um aumento gigantesco do sedentarismo. Essa era uma faixa etária muito ativa, mas, talvez por causa da violência, está mais trancafiada em casa ou na escola. Outro problema é a modificação da alimentação, com mais ingestão de alimentos ricos em gorduras e açúcares.”

A nutricionista e chef de cozinha Amanda Xavier conta que o consumo de açúcar começa na fase do desmame. Nas escolas, frutas, legumes, verduras e hortaliças são oferecidos aos alunos. “Mas o alimento não é aceito. As crianças recusam o que é saudável”, constata a professora da UnB Kênia Baiocchi.

Crescimento

Outro problema apontado pelos especialistas é que nem sempre os ingredientes são servidos da forma mais adequada. “A fruta, por exemplo, é mais oferecida na forma de suco. Com isso, perde as fibras”, diz Kênia. A conseqüência é que mais de 90% das crianças de 4 a 6 anos ingerem fibras abaixo do valor recomendado pela Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde.

27% Das crianças avaliadas no estudo Nutri-Brasil Infância estavam acima do peso, sendo que 11% são obesas

Um dado do estudo que preocupou a nutricionista Kênia foi o baixo consumo de cálcio, essencial para o crescimento e cuja absorção é maior na infância. Cinqüenta e sete por cento das crianças de 4 a 6 anos ingerem o nutriente em quantidade abaixo do recomendado. Entre as de 2 a 3,9 anos, o percentual cai para 11,27%. Já a ingestão de sódio está maior do que o recomendado. Quase 100% das crianças ingerem o nutriente em excesso. As escolas, segundo a nutricionista, deveriam ensinar às crianças a importância da alimentação saudável.

Irmão da nutricionista Amanda, Gabriel, de 11 anos, aprendeu isso no curso para pequenos chefs de cozinha. “Antes eu não gostava. Agora, o que mais gosto de comer é salada de alface e tomate”, conta. As amigas Gabriela Lopes Rodrigues e Maria Júlia Ribeiro da Costa, ambas de 8 anos, também querem aprender a cozinhar. Diferentemente dos coleguinhas da mesma idade, elas pedem que as mães incluam suco e barrinha de cereal nas lancheiras.





"Nas últimas décadas,
houve um aumento gigantesco
 do sedentarismo. Outro problema
é a ingestão de alimentos ricos
em gorduras e açúcares"

 Mauro Fisberg,
pediatra e nutrólogo


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