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Estado de Minas

Não passei dessa fase

Fãs de games nostálgicos se mantém fiéis a seus heróis favoritos, em múltiplas plataformas


postado em 30/10/2008 11:37 / atualizado em 08/01/2010 04:08

Marcos Vieira/EM/D. A Press
Daniele e Gustavo baixaram da internet e se divertem com os jogos que fizeram a festa na infância
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No apartamento do ilustrador Alexandre Starling, no Centro de Belo Horizonte, a decoração da sala tem duas peças que chamam a atenção. Lado a lado, sobre a estante da televisão, convivem harmoniosamente um Nintendo 8 bits, aquele clássico de 1985, e um Nintendo Wii, uma das últimas fronteiras em tecnologia de games, com o revolucionário controle remoto que capta os movimentos dos braços dos jogadores. Os dois consoles estão lá porque Alexandre, com seus 31 anos, não abre mão de nenhum deles: “O que eu acho mais gostoso em um jogo não é a qualidade gráfica, mas a diversão que ele proporciona. Não precisa ser o mais novo para ser divertido”, sentencia.

Alexandre está na crista da onda de uma das principais tendências da diversão eletrônica. Com os dois consoles em casa, ele transita entre os extremos da história da Nintendo. Ora se rende ao Super Mario 3, coletando moedinhas à moda antiga, apertando as setinhas do controle do 8 bits, ora vai às alturas com o Super Mario Galaxy, game do Wii que ajuda até a queimar calorias. O curioso é o herói imortal: o mesmo encanador, que chutava tartarugas nos anos 80, atravessou os anos, passou por uma virada de século e continua na ativa, para o terror das recauchutadas personagens. Em 2D ou em 3D, a pobre Princesa Toadstool continua em apuros.

Na verdade, eles não chegaram a cair no esquecimento. Mais populares que muito ídolo da cultura pop que desfruta seus 15 minutos de fama, figuras como Mario e Sonic continuam campeãs de venda, em versões lançadas para os mais novos consoles. A jogabilidade pode sofrer alterações para adaptar os joguinhos de aventura e de plataforma aos movimentos e visões em três dimensões, mas a essência continua lá, incólume. Até as trilhas sonoras são repaginadas, mantendo os acordes que marcaram época de quem passava horas diante da tevê, tentando “zerar” os jogos.

Maria Tereza Correia/EM/D. A Press
Alexandre garante a emoção com o controle de dois Nintendos, o antigo 8 bits e o supermoderno Wii
O casal de namorados Daniele Rodrigues e Gustavo Ruas, ambos com 29 anos, se lembra bem dessas canções. Apesar de já terem vendido há muito os consoles que propiciaram a diversão infantil, descobriram na internet um reduto ideal para a nostalgia correr solta. E jogam juntos, constantemente. “Baixamos os emuladores e jogamos no computador praticamente todos os jogos que relembram a infância mesmo. Eu adoro!”, se empolga a moça, fã de Mario e Pacman.

Casual e na moda Gustavo conta que tem, no computador, 700 jogos de MasterSystem, 800 de Super Nintendo e mais de 1 mil títulos de Atari. “Hoje, todos os cartuchos que eu tinha caberiam em um disquete”, graceja ele. Além da máxima “recordar é viver”, a diversão com os games clássicos, na opinião do casal, é mais inocente que aquela propiciada pelos jogos atuais. “Essa coisa em primeira pessoa não me agrada”, opina Daniele. “Alguns dos jogos de hoje em dia são muito violentos. Nos antigos, é tudo mais simples, dos gráficos à jogabilidade”, concorda o namorado.

Outra mudança crucial no comportamento dos jogadores: o descompromisso. Para quem trabalha e tem contas a pagar, o game não pode ser mais a mesma obsessão de quando a responsabilidade máxima era a prova de álgebra. “Já ‘zerei’ tanto quando era criança, que não tenho mais essa preocupação. A idéia é descontrair mesmo: a gente brinca, é divertido e pronto”, esbanja Daniele. Essa relação despojada dos jogadores com o jogo é outra forte tendência que impulsiona o sucesso dos jogos casuais na internet.

O avanço da banda larga e o aumento do período em que os usuários permanecem jogando conectados são os principais fatores que justificam o crescimento dos jogos casuais, de acordo com a Atrativa, empresa do setor. Na Europa, a projeção é que esse mercado atinja a cifra de US$ 2,2 bilhões, este ano. Por aqui, ainda estamos em R$ 1 bilhão. A maior parte dos games casuais de internet bebe na fonte dos clássicos, com jogos simples, focados no público adulto que já passou da fase de se preocupar em passar de fase.-->


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