O mito de que problemas cardiovasculares, como infartos, afetam apenas os homens já não existe mais. Quer dizer, isso nos registros científicos. Na sociedade, a idéia permanece e representa um risco para os corações femininos. O alerta é feito pelos médicos do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, que contam com o suporte de números fortes. A análise dos dados revelou que, em 2006, quase 60% das causas de morte em mulheres eram decorrentes de doenças cardiácas, sendo 24 mil vítimas de infarto. Vítimas, na verdade, da falta de diagnóstico e atendimento adequado.
A cardiologista Elizabeth Alexandre, que divulgou os números, lembrou que a existência dos mitos em relação às doenças impede o tratamento correto. "Elas não sentem os sintomas mais conhecidos e, como não acreditam que possam sofrer esses distúrbios, acabam tendo o diagnóstico tardio. Isso reduz as chances de recuperação e sobrevivência", esclareceu. No lugar da temida dor no peito, as mulheres, acrescentou, costumam sentir falta de ar, náuseas, dores abdominais e um mal estar geral. A incidência é tão alta que ultrapassa o número de mortes por câncer de mama e de útero, que chega a 15 mil por ano.
E caso a percepção da população não mude, os prognósticos só farão piorar. "Estima-se que 36 em cada 100 pessoas serão vítimas do infarto do miocárdio por volta de 2020", alertou a médica, que também ensina a combater essa previsão com o controle dos fatores de risco. Os principais são obesidade, sedentarismo, tabagismo, altas taxas de colesterol, hipertensão e diabetes. "As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em mulheres com mais de 35 anos e também estão fazendo vítimas entre os homens cada vez mais cedo", adverte, lembrando a importância de campanhas de esclarecimento sobre a doença.