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Estado de Minas TÓQUIO 2020

Uma cerimônia modesta

Pela primeira vez na história, abertura de Olimpíada não terá estádio lotado e pompa. Japoneses devem realizar evento adequado à realidade da pandemia


22/07/2021 04:00

O estádio olímpico de tóquio tem capacidade para 68 mil pessoas, entretanto, receberá poucos convidados, patrocinadores, políticos e a imprensa(foto: Behrouz MEHRI/AFP)
O estádio olímpico de tóquio tem capacidade para 68 mil pessoas, entretanto, receberá poucos convidados, patrocinadores, políticos e a imprensa (foto: Behrouz MEHRI/AFP)


Esqueça a festa com estádio lotado, milhares de atletas amontoados e o espetáculo quase megalomaníaco de luzes. A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, marcada para as 8h de amanhã, será consideravelmente menor do que as anteriores. Em meio ao avanço da COVID-19 na capital japonesa e às críticas da opinião pública sobre realizar a Olimpíada durante a pandemia, a organização decidiu apostar num evento não tão grandioso. A proposta é mostrar o país-sede por meio de apresentações artísticas mais simples.

“Será uma cerimônia muito mais sóbria. Porém, com a bela estética japonesa. Muito japonesa, mas também em sincronia com o sentimento de hoje, a realidade”, disse à Reuters o produtor executivo do evento, Marco Balich, que também comandou a abertura dos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. “A pandemia obviamente tem suas consequências. Coreografias em massa não vão acontecer, por causa da COVID-19”, completou.

As consequências do vírus vão além da ausência de coreografias com dezenas de dançarinos. A mais evidente é a ausência de público, algo inédito na história olímpica da Era Moderna, iniciada em Atenas, em 1896. O recém-reformado Estádio Olímpico de Tóquio, que tem capacidade para 68 mil espectadores, receberá poucos convidados, patrocinadores, políticos e a imprensa.

As críticas de parte significativa da população japonesa e a aceleração da propagação do vírus fizeram com que representantes de várias empresas que patrocinam os Jogos desistissem de ir à cerimônia de abertura. O número de líderes políticos globais no evento também será bem menor. No Rio, cerca de 40 países mandaram representantes ao Maracanã. Em Tóquio, a expectativa é que a quantidade baixe pela metade.

Confirmaram presença o presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-dama dos EUA, Jill Biden. Segundo um oficial do Ministério do Exterior do Japão, políticos de diversos países cancelaram a visita a Tóquio por causa do recente aumento no número de variantes do coronavírus.

As preocupações políticas pela realização dos Jogos durante a pandemia devem reverberar até no discurso do imperador Naruhito. Segundo pessoas ligadas à casa imperial, ele deve evitar frases e termos considerados muito positivos, como “celebrar a Olimpíada”.

“UNIDOS PELA EMOÇÃO”

Os detalhes artísticos da abertura são mantidos sob sigilo. Tradicionalmente, o evento valoriza a história e a cultura do país-sede. A cerimônia formal terá a entrada do chefe de Estado japonês Shinzo Abe, a execução dos hinos do Japão e da Olimpíada, a marcha dos atletas, o lançamento simbólico das pombas, o juramento olímpico e, é claro, o momento de acender a pira.

Sabe-se também que o momento vivido pelo mundo será lembrado com frequência ao longo do evento. O comitê organizador revelou que o tema da cerimônia inicial será “Unidos pela emoção”. O mote maior do megaevento é “Seguindo em frente”, clara referência à pandemia. “Pessoas de todo o mundo passaram o último ano vivendo sob a ameaça da COVID-19, e os Jogos de Tóquio ocorrerão em meio a esta pandemia sem precedentes. Nós somos de diferentes idades e nacionalidades e temos diferentes histórias de vida, e agora estamos fisicamente separados. Esse é o motivo pelo qual queremos que todos experimentem a mesma empolgação, diversão e por vezes desapontamento por meio das performances dos atletas”, explicou a organização.

A tradicional marcha dos atletas ocorrerá com adaptações para reduzir o risco de propagação da doença. Pela primeira vez, cada delegação terá dois porta-bandeiras. O Brasil será representado por medalhistas olímpicos: o levantador Bruninho, do vôlei, e a judoca Ketleyn Quadros.

Trata-se de uma iniciativa do Comitê Olímpico Internacional (COI) pela igualdade de gênero no evento. Em 2021, Tóquio receberá a Olimpíada com maior balanço nesse sentido. Dos mais de 11 mil atletas classificados, cerca de 48% são mulheres. A expectativa é de que em 2024, nos Jogos de Paris, o número chegue a 50%.

De última hora, o evento teve de readequar parte de trilha sonora. Isso porque o artista Keigo Oyamada, conhecido como Cornelius, que apresentaria uma composição de quatro minutos, renunciou ao cargo na equipe criativa após ser acusado de praticar bullying com colegas de escola. Mais uma polêmica no evento que, de forma ou de outra, marca o início de uma edição sem precedentes de Jogos Olímpicos.

Fique de olho

Melhor do Dia
Cerimônia de abertura – amanhã, às 8h. O evento terá dois temas principais: “Seguindo em frente” (em menção à pandemia de COVID-19) e “Unidos pela emoção”.
Estádio Olímpico de Tóquio não terá a presença de público, padrão seguido em todas as competições.

Brasil em disputa

Ane Marcelle dos Santos e Marcus D'Almeida (tiro com arco) – hoje, a partir das 21h.
Será o rankeamento individual dos brasileiros.
O feminino começa às 21h de hoje, enquanto o masculino tem início marcado para a 1h de amanhã.
As maiores chances de Ane Marcelle e Marcus D’Almeida são nas duplas mistas, cuja disputa começa na sexta à noite.
Lucas Verthein (remo) – hoje, às 20h30.
Carioca já conseguiu resultados importantes para o remo brasileiro, mas deve ser coadjuvante em Tóquio. Inicia as eliminatórias hoje.

OLÍMPICAS

Brisbane’2032

A cidade de Brisbane, na Austrália, será a sede da Olimpíada de 2032. O anúncio foi feito ontem em assembleia geral do Conselho Executivo do Comitê Olímpico Internacional. Capital do estado de Queensland, a cidade já havia sido escolhida para ter exclusividade nas negociações com o comitê. A Austrália, assim, será sede olímpica pela terceira vez. A primeira foi em Melbourne, em 1956, e a segunda em Sydney, em 2000. A próxima Olimpíada será em Paris, em 2024, depois será a vez de Los Angeles, em 2028.

Guiné fora

A Guiné, país da África Ocidental, desistiu de participar dos Jogos do Japão por causa da pandemia de COVID-19. A informação foi divulgada pela agência de notícias AFP. O país africano decidiu preservar a saúde dos cinco atletas guineenses que disputariam em Tóquio por causa do ressurgimento de variantes do novo coronavírus. A AFP informou ainda que uma fonte próxima ao governo do país indicou que o motivo da desistência ocorreu também por problemas financeiros. A Guiné nunca conquistou medalha olímpica em 11 participações em Olimpíadas, e agora teria representantes no judô, natação, atletismo e luta livre.
 
 

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