ilustração de um cérebro infectado - meningite

A meningite atinge as membranas meninges, que envolvem o cérebro, o encéfalo e medula espinhal

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O número de óbitos relacionados a doenças infecciosas tem aumentado nos últimos anos, preocupando os especialistas da área. Só em São Paulo, mais de 170 pessoas faleceram este ano devido a casos de meningite, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (SSSP). Essa infecção, em conjunto com a encefalite, representam as emergências médicas mais frequentes que envolvem o sistema nervoso, e podem evoluir para quadros graves. Por isso, o coordenador da UTI Neurológica da Beneficência Portuguesa, de São Paulo, Salomón Soriano Ordinola Rojas, ressalta a importância de diagnosticar e tratar da doença na fase inicial: “A precocidade faz grande diferença, reduzindo o risco de complicações e possíveis sequelas". 

Essas inflamações no sistema nervoso são provocadas pela presença de vírus, bactérias e outros agentes infecciosos, como fungos e protozoários. A transmissão geralmente ocorre por meio do contato com gotículas e secreções de alguém infectado, conforme explica o médico da BP: “Caso tenha contato com alguém infectado, é importante procurar assistência médica para prescrição de medicação preventiva”, orienta. Ele também enfatiza que é importante procurar atendimento mesmo sem apresentar sintomas clássicos, como rigidez na nuca, pois os sinais costumam ser vagos e indeterminados.

A meningite atinge as membranas meninges, que envolvem o cérebro, o encéfalo e medula espinhal. As formas mais agressivas são as de origem bacteriana, que podem resultar em perda de audição e visão, convulsão e déficit intelectual, enquanto as meningites virais tendem a ser mais brandas. Já a encefalite afeta diretamente o cérebro, frequentemente desencadeada por vírus, mas também pode ser causada por picadas de carrapatos e insetos, além do consumo de alimentos ou bebidas contaminados. Há ainda a meningoencefalite, uma condição rara e geralmente fatal, que se caracteriza pela infecção simultânea do cérebro e das meninges.

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Como se proteger 

A forma mais eficaz para se proteger dessas doenças é a vacinação. O Programa Nacional de Imunização oferece prevenção contra agentes infecciosos como o vírus influenza B e as bactérias meningococo e pneumococo. Porém, a baixa adesão às campanhas de vacinação no Brasil tem resultado em um aumento no número de ocorrências. No Estado de São Paulo, por exemplo, foram confirmados 2.484 casos de todos os tipos de meningites no primeiro semestre de 2023, um aumento de 33% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Além de manter a vacinação em dia, Salomón aconselha lavar as mãos regularmente, usar máscara, evitar o compartilhamento de objetos pessoais e se distanciar de locais fechados com aglomeração de pessoas. Essas medidas preventivas ajudam a combater várias doenças, inclusive a meningite e a encefalite. Ambas as infecções apresentam sintomas semelhantes, como febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca, náusea, vômito, intolerância à luz, prostração, confusão mental, convulsões, sonolência e dificuldade respiratória, conforme lista o especialista.
O diagnóstico é por meio do exame de líquido cefalorraquidiano para identificar o agente infeccioso, e por meio da ressonância magnética para determinar qual a região afetada. O tratamento varia conforme a causa, sendo baseado em corticoides, antivirais, antibióticos e outros medicamentos administrados por via intravenosa durante um período médio de 7 a 14 dias para controle dos sintomas.