exame de sangue

exame de sangue

LUIS ROBAYO

Um simples exame de sangue poderá, no futuro, diagnosticar precocemente a doença de Parkinson e ajudar a rastrear os tratamentos mais eficazes para cada paciente. Até hoje, nenhum teste bioquímico consegue determinar, de forma conclusiva, a presença da doença, definida com base em sintomas clínicos e na avaliação, post mortem, de características cerebrais.

Leia também: Entenda a diferença entre tremor essencial e doença de Parkinson

 

Em um artigo publicado na revista The Lancet Neurology, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, descrevem uma técnica que identifica o mal neurodegenerativo em pessoas em risco e com sintomas não motores ainda no início da patologia. O estudo, com 1.123 participantes, mostra que o método, chamado amplificação de sementes de alfa-sinucleína (Syn-SAA), é altamente preciso para o diagnóstico.

Leia também: Estilo de vida e diagnóstico precoce são chaves para lidar com o Parkinson

A técnica identifica o acúmulo de depósitos anormais de proteínas ligadas à enfermidade, detectando, com acurácia, a complicação. Segundo os autores, o resultado sugere que a abordagem pode ser usada para diagnosticar indivíduos em risco antes do surgimento dos sintomas. A presença de agregados da proteína alfa-sinucleína mal dobrada no cérebro é a marca patológica do Parkinson e pode ser vista em dissecações de cérebros de pessoas que morreram com o problema.

"A identificação de um biomarcador eficaz para a patologia da doença de Parkinson pode ter implicações profundas na forma como tratamos a doença, possibilitando diagnosticar pessoas mais cedo, identificar os melhores tratamentos para diferentes subconjuntos de pacientes e acelerar os ensaios clínicos", disse, em nota, ao coautor principal, Andrew Siderowf. "Além disso, nossos resultados indicam que a alfa-sinucleína mal dobrada é detectável antes que o dano dopaminérgico no cérebro esteja prestes a ser observado por imagem, sugerindo a disseminação dessas proteínas antes que ocorra dano neuronal substancial", acrescenta Luis Concha, também coautor do estudo.

Em um comentário publicado na The Lancet, as professoras Daniela Berg e Christine Klein, do Hospital Universitário Schleswig-Holstein, na Alemanha, destacaram a importância da descoberta de que a Syn-SAA pode detectar sinais precoces de doenças. "Os autores mostraram que pessoas com doença de Parkinson e portadores de mutações não manifestas tinham agregação anormal de alfa-sinucleína antes de qualquer outra alteração clínica ou biomarcadora detectável, uma descoberta que estabelece as bases para um diagnóstico biológico da doença." Para elas, trata-se de "um divisor de águas no diagnóstico, pesquisa e tratamentos da doença de Parkinson".